Capítulo 1 - A Mudança.

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Alice, minha querida, já arrumou suas coisas? - diz minha mãe entrando em meu quarto

Estou terminando... nós precisamos mesmo nos mudar para o Rio, mãe? - Pergunto transparecendo minha tristeza e esperança de podermos ficar.

Sim, querida, temos que ir para o Rio... - ela se aproxima de mim, começa a fazer um cafuné em meu cabelo e senta ao meu lado. - Sei que você não quer ir, mas seus avós precisam de nós por perto, e talvez você goste de se mudar, lá é um lugar lindo, com muitas praias, muitos pontos turísticos. - diz com seu sorriso animador e se levanta para sair do meu quarto.

Espero ela sair e começo a refletir em tudo o que me disse, e chego a conclusão de que não irei mesmo gostar de morar lá. Bom, meu nome é Alice Miller, tenho 17 anos, e fui nascida e criada em São Paulo, moro em Água Rasa e sei tudo sobre esse lugar, e o amo com todas as minhas forças, mas infelizmente minha avó descobriu ter problemas cardíacos e meu avô não consegue cuidar dela sozinho, então meus pais decidiram ir para o Rio ajudar meus avós. 

Me levanto e vou até o espelho, e penteio meu cabelo. Não tenho muito o que falar sobre minha aparência, eu sou branca, tenho cabelos loiros e olhos claros, um azul meio esverdeado, não tenho muito peito, bunda e nem muita coxa, mas tenho um corpo razoável, eu diria. Me viro e olho em minha volta, vou sentir muita falta disso tudo, mesmo meu quarto não sendo como eu queria, eu o adoro, foi aqui que dormi todas as noites desde que eu nasci, vai ser muito difícil deixar tudo isso para trás. Me viro novamente para a minha cama e decido voltar a arrumar a mala. 


Alice, você tem visitas. - Minha mãe grita e acredito que todo o quarteirão tenha ouvido. Saio do meu quarto e desço as escadas, encontro Maria e Roberto em ao pé da escada me esperando. Não tive muitos amigos por aqui, mas eles dois foram o suficiente para mim em toda a minha vida. 

Vou sentir muita falta sua, bobona. - diz Maria assim que me aproximo o suficiente para entrarmos em um abraço, sua voz sai chorosa e isso é de partir meu coração. 

Nada disso, sem chorar, estarei sempre com você independente de onde eu esteja. - digo sorrindo tentando faze-la não chorar. Ela faz que sim com a cabeça e eu me viro para abraçar Roberto.

Não se esqueça de nós hein, dona Alice. - Diz rindo em meu ouvido. 

A Maria eu não esqueço, mas você irei fazer questão de esquecer, perturbado. - Falo implicando com ele como de costume. 

Ai, magoou. - ele faz uma carinha triste forçada e logo depois começa a rir novamente. - Sei que nunca irá me esquecer, sou insubstituível em sua vida. -  Começamos a rir do quão convencido que ele é. Ouço a campainha tocar e vejo minha mãe ir até a porta.

O caminhão de mudanças chegou. - Ela grita novamente para que meu pai ouça no outro cômodo. Olho para Maria e Roberto e o choro se torna inevitável, nos abraçamos em trio e ficamos assim por um bom tempo. 

Vamos sentir sua falta, Alice. - Maria diz assim que saímos do abraço e caminhamos em direção a porta.

Vocês não fazem ideia de como eu vou sentir saudades de vocês, a cada dia, a cada instante, vocês são únicos para mim. - Falo e sorrio tentando disfarçar o choro. 

Nós também. - Roberto fala e ficamos ali, mais um tempo juntos tentando consolar um ao outro, logo depois nos despedimos e eles se vão, os observo ir em direção as suas casas e sinto uma mão em meu ombro. 

Temos que ir, meu amor. - Meu pai fala assim que me viro para ele com seu jeito calmo de ser, acho que é isso que o torna um médico incrível.  Ele é pediatra em um dos hospitais mais conhecidos e valorizados de São Paulo, ele estava prestes a abrir seu próprio consultório quando tudo aconteceu, e talvez ele faça isso no Rio de Janeiro, o que diminui minhas expectativas de voltar para São Paulo em breve. 

Agora só precisamos trancar tudo e ir. - Minha mãe fala enquanto se aproxima. 

Posso dar uma última volta por aqui? - Pergunto olhando para ambos. 

Claro, vai lá. - Meu pai diz sorrindo. 

Mas não demore, temos que sair logo. - Dona Márcia responde, popularmente conhecida como minha mãe. Apenas faço que sim com a cabeça e me dirijo aos cômodos da minha casa incrível, sem acreditar que irei deixar tudo isso para trás, após um tour completo pela casa, entro no carro junto  a meus pais e me preparo para longas horas de viagem. 






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