Capítulo 40 - Perdoando o adeus.

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Respiro fundo e tento me acalmar, meu avô precisa que eu seja forte agora e é isso que eu irei ser, continuo respirando fundo e me afasto do abraço de meu avô, seco suas lágrimas e o puxo devagar para a sala de espera, andamos lentamente, pois ainda estamos em estado de choque, enquanto andamos, penso no que eu errei para não notar que ela estava prestes a ter uma parada cardíaca, repenso em tudo o que fiz desde quando cheguei ao hospital e não vejo nenhum sinal que indicasse o que aconteceu, sento com meu avó em uma das cadeiras e o mesmo se manteve em silêncio todo esse tempo, confesso que não sei o que fazer, no lugar dele eu também só choraria, tento pensar em inúmeras frases ou palavras de consolo, mas nenhuma parece que vai conforta-lo nesse momento, então apenas fico ali, segurando sua mão forte e esperando notícias de minha vó, alguns minutos depois, meus pais chegam e se sentam conosco, conto a eles tudo o que aconteceu e percebo que por mais que minha mãe tente, ela não consegue disfarçar a decepção que sente em saber que não fui capaz de notar que minha vó não estava bem, respiro mais fundo para tentar segurar as lágrimas porque sinto culpa, culpa por não ter notado nada mesmo estando ao lado dela o dia inteiro, meu avô aperta minha mão e isso faz com que eu olhe para ele.

Não foi culpa sua. - Ele fala rouco sem olhar para mim, sinto uma enorme vontade de chorar sem parar e me jogar em seus braços para que ele me conforte, mas não é isso que faço, dou o melhor sorriso que podia dar diante daquelas circunstâncias e tento pensar que não foi culpa minha, aguardamos por mais alguns minutos e nesse tempo eu só consigo reviver o meu dia na cabeça tentando perceber o meu erro, até que a enfermeira caminha até nossa direção com um olhar distante e vazio, nesse momento sinto que o meu mundo está prestes a cair a alguns segundos.

Vocês são a família da paciente Ana Miller? - Pergunta a enfermeira olhando diretamente para mim.

Sim, somos, como ela está? - Minha mãe pergunta desesperada, porém contida.

Nós lamentamos muito, fizemos tudo que podíamos, mas o coração dela não resistiu, infelizmente, ela se foi. - A enfermeira diz com calma e tristeza, sinto meu mundo desabar e de repente não escuto mais nada ao meu redor, olho para os lados e vejo meus pais chorando, meu avô solta minha mão e começa a chorar também, isso não pode estar acontecendo, não pode ser real, minha vó está bem, ela está viva e daqui a alguns dias sairá deste hospital feliz e sorridente como ela sempre foi, sinto alguém me tocar e vejo meu pai olhando para mim e me puxando para seu abraço, ele está chorando e nunca o vi chorar assim, então minha ficha cai e percebo que minha vó não está bem, ela não está viva e daqui a alguns dias ela não sairá deste hospital feliz e sorridente, e então começo a chorar, choro desesperadamente e me jogo nos braços de meu pai, fecho meus olhos e revivo tudo o que eu e vovó passamos juntas, as tardes chuvosas que fazíamos cookies de chocolates, nas noites em que dormia em sua casa e ela contava histórias para eu dormir, das manhãs em que assistíamos programas de culinária juntas para decidir o que iríamos fazer para o almoço, todas as vezes que ela me mimou, me amou, me abraçou, cuidou de mim, tudo isso passava em minha mente me fazendo reviver tudo e sentir uma dor enorme no peito em saber que isso jamais iria acontecer novamente, sinto minhas mãos tremerem e meu pai me abraçar mais forte, abro meus olhos e vejo as pessoas ao meu redor, uns chorando, outros sorrindo, outros orando baixinho para que Deus faça um milagre na pessoa em que amam, saio do abraço de meu pai e olho para meu avô que chora com seus olhos fechados, provavelmente está revivendo seus dias com minha vó em seu pensamento.

Me perdoe, eu falhei, eu devia ter notado que ela não estava bem e que iria ter uma parada cardíaca, me perdoe. - Sussurro no ouvido de meu avô que abre os olhos e se vira para mim.

Não se culpe, minha neta, a vida é assim, numa hora está tudo bem, na outra não está mais, não podemos mudar o destino, se é assim que tem que ser, assim será, tenho certeza que sua avó já sabia que essa era sua hora, ela já havia se despedido de mim mais cedo, tenho certeza que ela não está decepcionada com você, assim como eu também não estou, você deixou para trás seus amigos e o lugar onde sempre morou para estar com ela, ela te amava muito e sentia um grande orgulho de você e eu tenho certeza que de onde ela está agora, ela olha para você com um orgulho enorme em a ter como neta assim como eu também tenho. - Meu avô fala olhando em meus olhos, não consigo controlar e as lágrimas rolam em meus olhos, abraço meu avô que também me abraça, ficamos assim pelo resto da manhã, abraçados e profundamente inconsoláveis, meu pais ligam para o hospital em que trabalham para justificar o motivo de saírem cedo e os dois recebem alguns dias de folga, minha mãe liga para o colégio e justifica minha falta de hoje e diz que não vou o resto dessa semana nem a outra, sinto meu telefone vibrar e vejo que é uma mensagem de Miguel, a essa hora, eles já devem ter saído do colégio.

Espero que fique tudo bem com sua avó, se precisar de mim, é só me chamar. 

Ele ainda não sabia do falecimento de minha avó, ainda não havia avisado a ninguém sobre isso, respiro fundo e controlo mais uma vez as lágrimas que cismam a descer.

Queria que ela ficasse bem, minha avó se foi, teve uma parada cardiorrespiratória e os médicos fizeram de tudo, mas não conseguiram fazer o coração dela voltar a bater. 

Mando a mensagem para ele e antes mesmo de poder guardar meu telefone uma mensagem dele chega no mesmo.

Sinto muito por isso, Lice, imagino o quanto esteja sofrendo agora, meus mais sinceros pêsames a você e a sua família, se quiser minha companhia, estou disponível para você a qualquer momento. 

Leio sua mensagem e consigo imaginar o Miguel dizendo essas palavras, dou um sorriso curto quando leio.

Obrigada, hoje vou ficar com minha família, mas obrigada mesmo assim!

Respondo Miguel e guardo meu telefone no bolso, hoje preciso ficar com minha família, eu amaria ter Miguel comigo, mas minha família também precisa de mim.

Alice, vamos para casa. - Minha mãe me chama e me levanto, meu avô vai morar com a gente a partir de hoje, então ele irá para a nossa casa, fico abraçada com ele no banco de trás enquanto vamos para casa em silêncio.

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Alguns meses depois...

Muita coisa aconteceu desde que minha avó se foi, meu avô veio morar conosco e eu tenho me afastado mais de minhas amigas e também de Miguel, ainda me sinto culpada por tudo o que aconteceu com minha vó, comecei a ir ao psicólogo para tentar voltar a ser quem eu era, pois preciso seguir em frente. Meus pais estão começando a pensar em voltar para São Paulo e levar meu avô conosco, conseguimos vender a casa quem que meus avós moravam e meu avô decidiu voltar a trabalhar mesmo estando aposentado, ele está pensando em abrir uma loja de ótica, mas está esperando a decisão de meus pais se vão ou não voltar para São Paulo, meu aniversário de 18 anos está chegando e as provas do meio do ano também, minha vida está uma confusão, mas não me sinto disposta a mudar nada, o luto ainda caminha comigo e não sei como conseguir tomar as rédeas da minha vida novamente. Deito em minha cama e fico olhando para o teto, ultimamente é o que mais tenho feito, respiro fundo mais algumas vezes e me levanto, ando até o banheiro e tomo um banho gelado, deixo a água cair em meu corpo e fico assim por longos minutos, termino meu banho após 30min e me visto, decido fazer uma caminhada pelo condomínio, sento em um banco da pracinha, fico ali respirando ar puro até que ouço uma voz familiar.

Alice, está tudo bem? - Ouço Heitor falar atrás de mim, me viro para ele e não acredito no que vejo.

Oiii gente!!

Resolvi fazer mais esse capítulo pra vocês!! Eu não lembro de ter posto algum nome na avó da Alice, mas se eu já tiver posto, me avisem nos comentários!!!

Um big beijo para vocês, até o próximo capítulo <3

XOXO <3

Uma Garota Apaixonada Em Apuros.Onde histórias criam vida. Descubra agora