Os Devidos Esclarecimentos

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  Capítulo Dois - Os Devidos Esclarecimentos

Estavam todos muito felizes e animados com o retorno de Sirius mas também extremamente curiosos. Insistiram tanto para que o padrinho de Harry contasse o que tinha acontecido que ele acabou, muito a contragosto, concordando em explicar tudo.

- Está bem. Eu preferia contar essa história depois, quando estivesse mais descansado, mas vocês não param de fazer perguntas sobre isso. Ficam me olhando com esses olhinhos suplicantes. Não me deixam outra escolha - acrescentou, resignado.

A filha ressonava em seu colo enquanto Allana permanecia recostada em seu ombro. Harry, Gina, Rony e Hermione se aglomeravam no chão, em volta dele, enquanto Arabella, que já tinha ouvido a história inteira no interrogatório do Ministro, preparava um lanche para todos.

- Tudo bem. Eu vou explicar como "ressuscitei" - disse, rindo. Allana deu um cutucão nele. - Mas não esperem ouvir coisas agradáveis - os meninos estavam ansiosos.

- Anda logo Sirius. Pára de enrolar - disse Harry enquanto Gina se espichava no chão, deitada em seu colo.

- É. Estamos curiosos aqui - completou Rony enquanto Mione fazia cafuné nele.

- Bem, a primeira coisa que vocês devem saber é que eu não teria me livrado sem a ajuda de alguém que vocês nem imaginam. Mas é melhor contar desde o começo - suspirou. - Eu e Allana estávamos encurralados na passagem secreta - fechou os olhos e se viu no túnel do Salgueiro Lutador, cercado pelos Dementadores. Respirou fundo. Ainda era difícil lembrar de tudo aquilo. Era inevitável reviver as cenas.

"- VAI, LANA! EU VOU ATRASÁ-LOS - ela segurou sua mão, desesperada, mas escorregou.

- SIRIUS, NÃO! - gritou desesperada. - NÃO ME DEIXE AQUI! - ele voltou correndo. Lançava o feitiço "Expecto patronum" seguidas vezes mas eram muitos dementadores e já estava começando a sucumbir. Estava cada vez mais difícil lembrar dos momentos felizes, de Allana e o bebê, da sua libertação. Estava vendo a imagem de Tiago e Lílian mortos cada vez mais nítida na sua mente.

- Eu nunca vou te deixar Lana. Eu amo vocês! - disse, tentando passar alguma segurança para ela. Mas sabia que não sairia mais dali. Ele beijou a cabeça dela e alisou a barriga, sentindo a bebê se mexer por um breve momento. - Saia daqui meu amor. Eu estarei logo atrás de você - disse, tentando parecer convincente, e ela sacudiu a cabeça.

Allana se esgueirou pela passagem e saiu para os terrenos de Hogwarts. Do lado de fora o céu vermelho do pôr do sol da primavera tingia os jardins da escola e o lago de múltiplos tons de carmim. Ela se afastou um pouco, esperando que ele saísse. Mas Sirius sabia que não poderia fazer isso, apenas gritou.

- LANA, ME PERDOE! - ela tentou correr de volta à passagem, sabia o que ele faria. Sirius apontou a varinha para a saída e gritou. – Concrectus Sellare! - a passagem desabou com um estrondo e foi totalmente selada, como que por concreto.

Ele abriu os olhos, voltando à realidade.

- Então eu fechei a passagem. Não podia deixar que os dementadores invadissem os terrenos de Hogwarts e tinha que proteger Allana e o bebê - passou a mão pelos cabelos e deu um olhar significativo para a mulher e Lílian.

- Essa parte nós já sabíamos - disse Harry. - Dumbledore nos contou - completou, enroscando os dedos nos cabelos de Gina; Sirius sacudiu a cabeça.

- Então vou passar para a parte que vocês não sabem - prosseguiu, tentando lembrar de todos os detalhes. - Depois que a passagem se fechou eu senti um grande alívio. Tinha salvado a vida da minha mulher e filho. Então me transformei no cão e driblei facilmente os dementadores. Já estava me sentindo bem sucedido quando fui atingido por um feitiço. Só acordei horas depois, no cativeiro improvisado em um celeiro pelos Comensais - Rony estava impressionado. - Aí tive meu primeiro confronto, frente a frente, com Voldemort - os meninos nem perceberam que disse o nome, de tão atentos à história. - Foi a parte mais difícil. Eu esgotei toda a minha força de vontade para resistir à Maldição Imperius - Harry apertou a mão de Gina, ela sabia que ele já tinha passado pela mesma situação e ainda era um menino na época. - Fui exaustivamente torturado pelo Lord das Trevas. Tinha várias costelas quebradas, hematomas e dores pelo corpo inteiro. Mas a pior sensação de todas era a impotência. A certeza de que não poderia fraquejar e mandar as pessoas que mais amava para a morte. Eu sabia que não resistiria por muito tempo. E essa era a minha única esperança. Morrer antes que entregasse a minha família para o maldito. Era tudo que eu mais desejava: morrer. Mas sabia que Voldemort não permitiria que isso acontecesse. Não até que tivesse colocado Harry e suas mãos. Eu já tinha perdido as esperanças. Seria submetido de novo ao Veritasserum e não haveria amor ou força de vontade suficientes que me impedissem de responder o que ele queria saber e quebrasse o feitiço Fidelius. Seria a minha ruína. E a de todos vocês - completou. - Então o seboso do Snape veio falar comigo. Eu tinha quase certeza que faria isso. Achava que trairia Dumbledore. Voldemort havia mandado que preparasse a poção da verdade para mim - Harry e Rony fizeram uma careta de desgosto.

Harry Potter e o Crepúsculo da TríadeOnde histórias criam vida. Descubra agora