Capítulo Vinte e Quatro - O Crepúsculo da Tríade
Gina estava apavorada. Tinha acabado de acordar e constatar que agora não passava de uma refém nas mãos do inimigo. Sabia que dentro de pouco tempo Harry provavelmente estaria ali, sabia que ele devia saber onde estava. Ele nunca blefaria com a vida dela e isso era o que mais temia. Não queria que ele se arriscasse sozinho, que morresse por ela.
Estava em uma cela escura, as paredes eram feitas de pedra, lisas e cobertas por um limo esverdeado. O cheiro de podre lhe embrulhava o estômago mas ela não tinha mais o que vomitar, não comia há bem mais de vinte e quatro horas. Estava com muita sede, medo e dores pelo corpo todo.
De repente percebeu que não estava sozinha. Mesmo no escuro identificou aqueles olhos frios, vermelhos, oblíquos como os de uma serpente. Tremeu, sentindo o sangue gelar nas veias. Tom Riddle estava ali, bem diante dela:
- Virgínia! - falou em um tom monótono. - É realmente uma pena vê-la nessas condições, tão lastimáveis. Você podia ter se juntado a mim antes, seria bem mais fácil. Ainda está em tempo...
- Nunca! - respondeu com a voz trêmula. - Eu nunca passaria para o seu lado, sua cobra traiçoeira - continuou com os punhos cerrados. Ele sorriu e prosseguiu com a voz sibilante, em tom debochado.
- Eu imaginei Virgínia! Sua lealdade pertence ao pirralho estúpido Harry Potter... - terminou, fazendo uma voz infantil.
- Como você ousa abrir essa sua boca imunda para dizer o nome dele? - disse, tentando firmar a voz. - Você não é digno de pronunciar esse nome.
- Valente hein? Dessa forma será ainda mais divertido... Ao menos para mim pequena - olhou penetrantemente nos olhos da menina, que se encheram d'água.
- Eu não tenho medo de você - mentiu. - Você pode fazer o que quiser comigo. Me matar até mesmo... - mas foi interrompida.
- Não! Você não teme por você minha criança! Teme por ele... - os olhos vermelhos se encheram de satisfação. - E quem falou em matar? Há formas mais prolongadas de entretenimento minha cara. Eu posso fazer com que a "brincadeira" dure muito, muito tempo. Fique à vontade para gritar. Ninguém poderá ouvir os seus gritos... - falava de forma divertida. - Você imploraria pelo final... - sorriu. - Seria muito ilustrativo para meus Comensais. E um bom treinamento para o que vamos fazer com o seu precioso Harry Potter.
- Não - disse com a voz trêmula. - Você nunca vai pegar o Harry. Ele... Ele... - ela mal era capaz de formular completamente as frases. Ele deu uma gargalhada aguda e sinistra e se aproximou, olhando-a nos olhos.
- Minha querida, o mais irônico é que ele faria qualquer estupidez para tê- la de volta - disse, segurando-a pelo queixo, machucando-a com as unhas. - Até mesmo aparecer aqui sozinho o pequeno idiota viria para recuperar você. Você é preciosa para ele Virgínia... - sabia que Voldemort tinha razão. Ela mesma iria onde quer que fosse se Harry estivesse com problemas.
"Não. Dumbledore não permitiria que ele fizesse isso. Nem Sirius", pensou, tentando se acalmar. Mas sabia que regras, ordens e proibições nunca foram capazes de impedir Harry Potter de se envolver em qualquer tipo de apuros.
- É claro que nós podemos poupá-la se estiver disposta a colaborar... - ele olhou agudamente para ela.
- Nunca! - respondeu, crispando os lábios.
- Eu esperava por isso. Mas podemos te obrigar de outra forma...
Ela começou a pensar nas maneiras que teria de obrigá-la. Sabia que Harry podia suportar a Maldição Imperius com alguma facilidade. Já tinha explicado a ela como fazia. Em teoria bastava ter uma grande força de vontade e se concentrar. Ela começou a se concentrar num único pensamento: Não deixar Você-Sabe-Quem chegar a Harry através dela. Mas Tom pareceu ler seus pensamentos.
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Harry Potter e o Crepúsculo da Tríade
AdventureContinuação de Harry Potter e o Ressurgimento da Fênix. Após passar um ano muito difícil, repleto de dificuldades, sofrimento e perdas, Harry, agora com dezessete anos e praticamente um bruxo formado, vai encarar seu último ano em Hogwarts como um h...