Capítulo 3

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Chegamos na festa um pouco atrasadas. O club está parecendo uma festa de fraternidade que via em filmes. Alguns barris de bebidas estão espalhadas por todos cantos e algumas pessoas estão tão bêbadas que mal se aguentam em pé. Eu meio que torcia para não ser assim e pensando bem, meio que me arrependi de ter vindo, mas ainda não tinha visto Miles, talvez meu humor mudasse.

- Hoje vai ser demais!

- Com certeza! - minto tentando parecer o mais sincera possível, dou até um sorrisinho.

Começamos a andar em direção a entrada até que vejo Miles, mesmo pelos jogos de luzes e a fumaça eu consigo o reconhecer, aqueles olhos azuis com alguns espectros violentas podia se ver a quilômetros. Ele dá um abraço em Caitlin e uma batidinhas nas minhas costas, sem o menor interesse, me deixando desapontada. Depois de todas as formalidades decidimos entrar e consequentemente sou bombardeada pelo barulho estridente das caixas de som.

***

- Carly, olha aquele gatinho. Ele tá só de olho em você.

Dou uma pequena olhada na mesma direção que ela está olhando e vejo o menino. Até que ele bonitinho, cabelos pretos caídos na testa e magro, mas com boa aparência, o sorriso que ele lançou na nossa direção é encantador, porém só tenho olhos para Miles, ele parece que saiu de um filme, musculoso, com belos olhos azuis, e cabelos loiros meio desgrenhado formando uma pequeno topete. Foi por esse motivo que vim para esse lugar, não faço o tipo de pessoa que vai pra festa, sou mais de ficar no conforto da minha casa assistindo seriado.

- Caitlin vou no banheiro - digo gritando tentando superar toda a barulheira.

- Quer que eu vá com você?

- Não precisa! - grito novamente, olho para o rapaz e vejo aonde realmente ele está de olho - Acho que aquele menino não está afim de mim, e sim de você, vai lá onde ele - dou um empurrãozinho e ela começa andar na direção dele, com aquele sorriso fatal que só ela sabia fazer .

Enfrento a multidão que está pulando loucamente no ritmo da música eletrônica posta pelo DJ em sua mesa no palco e chego na porta do banheiro sem nem saber como estou inteira. Entro, e olho meu celular. Não estava apertada só queria sair daquele ambiente barulhento e incômodo, mesmo aqui não sendo totalmente silencioso era melhor do que está no meio de todas aquelas pessoas desconhecidas. Noto que já são umas 1:00 e fico espantada por está na rua tão tarde. Retiro meus olhos na direção da tela do celular e volto-me ao espelho, arrumo alguns fios que bagunçaram e estavam espetados para cima.

De imediato escuto uma porta do box abrir me fazendo sobressaltar assustada. É Miles.

- Oh, me desculpe achei que era o banheiro feminino. - digo encarando seus olhos através do espelho e percebo que ele sustenta meu olhar. Isso é um bom sinal. Devo continuar?

- Na verdade os banheiros são unisex. - ele dá um sorrisinho de lado e fixa os seus olhos em mim. Me viro e o encaro.

Miles fica me olhando dos pés à cabeça e começa a vim na minha direção com passos lentos e um sorriso encantados nos lábios. Dou alguns passos pra trás e vou de encontro com a pia. Fico temerosa com sua aproximação repentina. Ele sempre me ignorou, mas agora é como se estivesse um holofote em mim.

- Você é bem bonita Carly. - fala ele com a voz rouca, já bem próximo - Realmente muito bonita.

Ele passa a mão pela minha bochecha delicadamente. A sensação do seu toque é deliciosa e repentinamente vejo-o se inclinar e sinto seus lábios nos meus. Passo minhas mãos em volta do seu pescoço e acaricio sua nuca. As suas mãos vão para a minha cintura e descem até minha coxa. Sinto um aperto e percebo que ele está me levantando, posicionando-me em cima da pia. Coloco as minhas pernas ao redor da cintura dele, como se estivesse no filme de romance que assisti semana passada. Tudo que aprendi de romance foi com aqueles filmes, espero que aquelas dicas não me falhem agora.

O beijo aos poucos se torna mais selvagem, sua língua explora todos os espaços existentes em minha boca de uma maneira não incomoda. É tão prazeirosa essa sensação que me perco na maciez de seus lábios. Percebo que suas mãos estavam começando a descer, partindo da minha cintura até a coxa. No instante que suas mãos começam a entrar dentro do meu vestido, me afasto.

- O que você está fazendo?

- Achei que era isso que você queria!

- Achou errado - falo tentando me desvincular do seu corpo, porém ele me segura.

- Você acha que eu sou idiota, eu sei seu joguinho, eu vejo o jeito que você olha pra mim, para de si fazer de difícil - Miles começa a me beijar à força e aperto os olhos por perceber que relutar é quase inútil.

Quero que ele se afaste de mim, quero essa língua nojenta longe da minha boca e de todo meu corpo. Aos poucos sinto uma sensação estranha, ao mesmo tempo familiar, percorrendo meu corpo. Eu só tenho essa sensação quando fazia magia, mas eu não havia recitado nada. Percebo que não há mais pressão em cima de mim, abro os olhos e vejo Miles sendo jogado pela parede com tanta força que acaba desmaiando.

Olho perplexa, não sabia que conseguia fazer magia sem recitar palavras. Respiro fundo e enxugo algumas lágrimas que escaparam. Antes que ele possa acordar, saio desse banheiro e corro em direção à saída o mais rápido que posso. Não quero ficar mais ali nem por um segundo, passo pela multidão novamente e quando finalmente chego na calçada, vejo um caminhão de bombeiros passando bem rápido, indo em rumo ao bairro que eu moro. Chamo um táxi que está passando na rua e vou para casa depressa. "Droga nem tive chance de me despedir da Caitlin, espero que ela entenda o porque deu ir embora". Sinto um aperto no coração que não sei explicar e como consequência as lágrimas voltam, começo a pensar no que poderia ter acontecido se eu não tivesse magia. Aquilo é a realidade de várias garotas.

Encosto minha cabeça na janela do táxi e continuo chorando, ele não me pergunta o motivo e é melhor assim.

Sombras da Noite (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora