Capítulo 18

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Ainda não confiava em Tate, mas estava sem escolha, não podia ser pega e perder tudo que eu descobri.

- Prometo! - falo derrotada

Ouço passos se aproximando e ligeiramente coloco minha mão na boca de Tate para ele não falar nada e o puxo para dentro da salinha que tinha visto a pouco tempo. Quando meus olhos se acostumam com a escuridão, descubro que é aqui que colocam as ferramentas de limpeza. Escuto alguns passos passando pelo corredor que acabávamos de sair. A salinha que estávamos era úmida, pequena e muito escura. E para minha surpresa, sinto algo molhar a mão que pusera na boca de Tate. Em segundos descubro que é sua língua.

- Que nojento?! - reclamo em forma de cochicho para não ser ouvida e limpo minha mão babada na blusa dele.

- Você colocou a mão em minha boca, esse é o jeito eu eu tenho de tira-la - sussurra de volta.

Ficamos em silencio por um tempo.
O local está extremamente escuro, quase palpável. Aos poucos - e de forma crescente - sinto uma sensação estranha surgir e percorrer meu corpo. Esse lugar parecia uma caixa apertada e automaticamente minha respiração começa a ficar curta.

- Carly. Você está passando bem? - sua voz está muito próxima de mim.

Estou tendo um ataque de pânico. Meu corpo está ficando fraco por consequência da falta de oxigênio percorrendo meu corpo.

- Carly, acalme-se - pede ele nervoso e põe suas duas mãos em meus ombros .

Escuto passos vindo lá fora novamente e, consequentemente, meu coração acelera ainda mais. Tenho a impressão que a sala está se encolhendo cada vez mais e encolheria até eu morrer asfixiada. Entro em desespero, "acabaria entregando nos dois e vai estar tudo acabado" penso com lágrimas se formando em meus olhos.

Então, quando eu menos espero, sinto as mãos de Tate se fixarem em minha nuca e seus lábios vem em minha direção até ir de encontro com os meus. Fico surpresa com o toque da sua boca na minha e não consigo responder de imediato. Entretanto, gradativamente, sua boca se familiariza com a minha e viajo pelo carnaval de emoções que ele me faz sentir. Esse beijo me trazia a sensação de esquecer de tudo ao meu redor, não existia investigação, incêndio, morte e toda a merda que aconteceu na minha vida. Eu estou focada nele e em como sua língua passeia por minha boca enquanto suas mãos acariciam minha nuca.

Ao longo de toda minha adolescência, já fiquei com vários garotos, mas nenhum deles tinha essa química, sintonia e desejo que ele tem. Tate me preenchia existencialmente e emocionalmente, me permitindo sentir como se nosso beijo fosse algo maior que minha própria existência.

Posso ouvir que os passos de salto estão se afastando e, como o esperado, Tate desgruda nossos lábios suavemente e se afasta bem devagar. Percebo que a sala agora parecia voltar ao tamanho normal e que minha respiração está regular e sem riscos de ter um ataque de pânico novamente. Nesse exato momento queria encarar o rosto dele e decifrar, através dos seus olhos, o que ele está pensando.

"Será se ele sentiu o que eu senti?"

Enquanto me questiono, sinto a mão direita dele segurar a minha delicadamente e seu polegar faz massagem na palma da minha mão. Sorrio na escuridão com sua atitude. O perigo já tinha passado, mas nenhum de nos parecia querer sair daquele lugar, nenhum de nos falou nada só ouvíamos nossas respirações em uníssono.

"Queria beija-lo novamente" Penso.

Quero ter a mesma sensação de esquecer tudo e todos, nem que seja por um instante.

E, para minha sorte, Tate ler meu pensamentos.

Sinto suas mãos cercando minha cintura e me puxam até nossas bocas se tocaram novamente, só que dessa vez um beijo onde eu o retribuía imediatamente. E toda aquela sensação voltou de maneira prazeirosa e excitante. Minha mão se aninha em seus cabelos enrolados e percebo o gosto levemente doce dos seus lábios. Seguro sua nuca e pressiono sua boca na minha, como se fosse possível ficar mais perto do que estávamos.

Esse beijo está sendo intenso. Noto que sua boca anseia pela minha tanto quanto eu e nossos corpos parecem responder ao contato um do outro, como se estivéssemos no mesmo ritmo, na mesma velocidade e intensidade, estávamos em uma espécie de dança, onde nos não podíamos nos separar, como se um milímetro de distância entre nos, pudesse nos autodestruir. A sala que antes estava fria, parecia estar sendo incendiada pelo calor emitido de nossos corpos.

Quando me falta ar, afasto nossos lábios lentamente. Tate cola sua testa na minha e escuto - e sinto - sua respiração ofegante vindo de encontro ao meu rosto. Seu nariz roça no meu de maneira delicada e seu hálito quente faz cócegas em minhas bochechas. Leva alguns segundos até que Tate se afasta de mim bruscamente me pegando de surpresa. Ele fica de costas para mim e põe as mãos sobre as prateleiras cheias de produtos de limpeza.

- Tate... - falo preocupada.

Então, sem explicação alguma, ele abre a porta e sai. Me deixando sozinha e ainda anestesiada com seu beijo.

"Babaca" fico irritadiça e respiro fundo.

Saio daquele lugar apressada com medo de Mariana voltar, mas na minha mente só tinha espaço para Tate e seus lábios aquela sua atitude estranha.

Quando ponho o pé no primeiro degrau, ouço:

- O que está fazendo aqui uma hora dessas Carly? - disse Mariana, lançando-me um olhar de desaprovação.

- Estava bebendo água! - menti

- Onde está o copo?

- Na cozinha. Eu o lavei quando terminei de beber.

Ela olhou para mim, como se estivesse me analisando.

- Pode ir - disse por fim

Sorrio para ela e subo as escadas apressadamente. Entro no quarto e jogo-me na cama. Essa noite sonhei com Tate, com aqueles belos olhos, aquelas belas covinhas e aquele beijo incrível. Estou ansiosa para encontrar com ele amanhã.

***

Olá pessoas!
Bom venho informar que em breve, nos próximos capítulos saberemos um pouco do passado do Tate, vai chocar alguns, mas quem é fã de Sherlock Homes e adora desvendar mistérios já devem ter uma noção de que seja, então é isso pessoal, espero que estejam gostando da historia!!!

Sombras da Noite (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora