Capítulo 27

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Desperto, com algo macio debaixo de minha cabeça, em segundos de confusão mental descubro que é meu travesseiro. Noto que estou em meu quarto, sozinha. Sento-me na cama e uma sensação reconfortante se instala no meu coração. Viro de lado e encaro despertador sobre a mesinha de cabeceira e vejo "12:10".

"Puta merda, atrasada pro almoço", jogo os lençóis no chão e corro rapidamente pro banheiro e me arrumo o mais rápido que podia. Sequer imaginei que era capaz de tamanha rapidez

Desço as escadas de madeira bem rápido, com medo qual seria a reação de Abigail com meu atraso, podia sentir o ódio dela se alastrando por essas paredes antigas e quadros mais antigos ainda. Paro antes de chegar a mesa do almoço e todos olham para mim. Abigail - como sempre na ponta - me fuzila com aquele seu olhar mortal.

- Eu já lhe disse... - começou Abigail - Sem atrasos.

- Eu sei, peço desculpas, mas...

- Sem "mas" - Abigail interrompeu-me - Vejo que já está na hora de você ser monitora, será um bom castigo pelo seu atraso.

Apenas assinto com a cabeça e ando devagar até a única cadeira vazia, ao lado de Tate. Ele me lança um sorriso divertido de canto de rosto. Queria soca-lo por não ter me acordado. Mas fico em silêncios e como as comidas que estavam à mesa. Quando todos já estavam saindo indo em rumo a sala, decido ir para de baixo da árvore, na sombra.

Deito no gramado e espero meu corpo se aliviar. O vento bate no meu rosto delicadamente como um beijo, o beijo de Tate. A calmaria começa a se instalar em meu corpo e suspiro aliviada e rapidamente viajo pelos meus pensamentos, sobre Tate.

- Pensando em mim? - Ouço a voz de Tate ao meu lado, deitado na grama, me dando um tremendo susto.

Reviro os olhos.

- Obvio que não! - menti

Ele me olha de um jeito brincalhão e vira todo seu corpo na minha direção. Faço o mesmo, ficando de frente para ele e simplesmente não falávamos nada, só nos olhávamos intensamente, como se estivéssemos olhando a alma um do outro. Mesmo sem se tocar sentia uma eletricidade familiar percorrer meu corpo.

- O que tanto atormenta a cabecinha da minha garota? - pergunta ele.

- Sua garota! - debocho e rio tampando os rostos com as mãos morrendo de vergonha.

Ele rir também.

Alguns segundos depois, paramos de rir e olho para o céu, vendo as nuvens se movendo lentamente.

"Como eu queria ser uma nuvem, sem problemas, sem pressa, sem dor. Apenas seguir seu rumo, sem questionar nada."

- Milhares de coisas - respondo a ele - Elas parecem que ficam gritando em minha mente, que mal posso escutar meus próprios pensamentos, tenho ódio disso, ainda tenho diversas duvidas.

"Ainda não estou convencida que foi meu avô que matou meu país., havia muitos lacunas nessa história"

Tate me observa atentamente.

- Abigail vai te ajudar a obter respostas ou está com alguma dúvidas em relação a isso? Ela te disse mais alguma coisa que você esqueceu de me falar ontem?

- Ela me falou pouco, mas disse o essencial, mostrou-me papeladas, cheias de fotos de rostos de suspeitos. Reconheci um, ela disse que quando tiver mais pistas me manterá informada. Mas ainda assim, não gosto dessa ideia de ficar de lado.

- Como você reconheceu o cara? Achei que você não estivesse lá quando ocorreu.

- E-Eu realmente não estava. É que como já te disse, uma vez eu tive um sonho sobre a morte deles, mas não era muito bem um sonho, parecia mais uma memória, uma lembrança e eu tenho certeza que meu "sonho" foi real. - disse atrapalhadamente, tropeçando nas minhas próprias palavras - Sei que é confuso, mas acredite mim, eu senti, sei do que estou falando.

- Eu acredito em você! - disse pondo a mão em meu rosto, fazendo eu me virar e encarar seus olhos.

Um arrepio surge na minha nuca.

Sinto que o nervosismo começa a se esvair novamente e a calma começa a se fazer presente. O toque de Tate era uma coisa sobrenatural.

Por instinto fui aproximando meu rosto do dele lentamente e ele fez o mesmo. Nossos rostos estavam tão perto que podia sentir sua respiração quentinha. Ele abre os lábios devagarinho a espera do encontro dos meus com o dele, mas há algo estranho, algo me incomoda, sinto como se estivesse sendo observada.

Noto, pela minha visão periférica, que tinha alguém atrás de Tate.

Era Laurel, estava em pé e nos encarava.

Quando ela percebe que eu a vi, Laurel se vira e sai andando com passos fortes.

Afasto-me de Tate, que me olha confuso.

- Aonde você vai? - pergunta ele.

- Já volto, só preciso falar com Laurel.

Me levanto e vou atrás dela que já está dentro de casa. Então tive que correr para alcançar ela. Percebo que não tive a chance de lhe contar sobre Tate, sinto que tenho explicar isso a ela.

- Laurel, Espere! - pedi

Mas ela não parava, parece que está me evitando, fugindo de mim. Ela já está quase entrando em seu quarto, quando finalmente alcancei ela, puxo seu braço e a faço olhar para mim.

- O que você tem? Porque você não parou quando te chamei?

Ela não olha para mim, está com a cabeça baixa, mas mesmo assim percebo lagrimas percorrendo seu rosto.

- Por que você está chorando? - silêncio - Por favor me conte, sou sua amiga, estou aqui pro que der e vier.

Ela finalmente olhou pra mim e pude ver seus olhos inchados e vermelhos. Laurel fala comigo, pedindo algo, que hoje era quase impossível de se realizar.

- Por favor fica longe de Tate!

Olho  incrédula para ela e respondo.

- Por que?

- Por favor, só fique longe dele, vai ser melhor para você.

- Desculpa Laurel, mas não posso fazer o que você está me pedindo sem um motivo real.

Ela me olha impaciente e com lágrimas nos cantos dos olhos, cheios de suplicas. Então, uma faísca vem em minha mente.

- Você teve uma visão não é mesmo? - pelo jeito que ela me olha quando digo isso, tenho minha confirmação. - O que você viu Laurel, é do meu futuro que estamos falando.

Ela me olha nos olhos e mais lagrimas começam a rolar.

- Se você ficar com Tate - ela fez uma pausa, me deixando ainda mais nervosa - Se ficar com ele, você vai morrer, ele vai ser tua ruína.

Fico em total estado de choque, ela entra no seu quarto e ouço o barulho da chave. Enquanto isso, fico parada no corredor ainda ouvindo a voz de Laurel.

"Se você ficar com ele, você vai morrer, ele vai ser tua ruína"

Sombras da Noite (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora