04. DuPaul's Bar

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            Chegamos ao tal lugar, DePaul, e já se passava das dez horas da noite. Não era tão tarde e, além do mais, eu não devia mais satisfações a ninguém. E o melhor de tudo: eu não precisa me preocupar em voltar cedo para casa por ter que trabalhar pela manhã no dia seguinte porque eu estava saindo com meu chefe – que também era o chefe da minha irmã, a melhor companhia que eu poderia ter para uma saída como aquela. Era minha primeira noite nos Estados Unidos, afinal de contas.

Esperamos os três marmanjos e a garota ruiva saírem do carro luxuoso e só então Bea e eu descemos para acompanha-los. Dois seguranças grandalhões cumprimentaram Tracy e os garotos como se fossem antigos conhecidos. Bea sorriu flertando com eles, enquanto eu apenas sorria e lhe acompanhava.

Bastou que entrássemos no clube para que todos os olhares se voltassem para Tracy. Eu me perguntei como alguém tão famoso como ele desafiava sair sem seguranças para uma boate movimentada com aquelas, mas bastava olhar para o tamanho dele e de Aiden pra saber o porquê. Os caras eram enormes. Uns trinta centímetros a mais que Beatrice e eu.

Tracy apontou para uma mesa no final do clube e nós o acompanhamos sempre cercados por olhares estupefatos. Era possível ouvir os suspiros das garotas só em ver Tracy passar, embora ele não se importasse tanto. Sorria para uma e outra, mas era Nate quem realmente se aproveitava da situação.

─Escuta, Nate – Eu disse enquanto me sentava à mesa – como é que você vai conquistar Bea desse jeito? Olhando assim pra todas essas garotas?

─Você sabe como são as coisas, irmãzinha – Nate falou. – O papai Nate não fica esperando para sempre. Eu amo essa mamãezinha, mas ela entende como as coisas funcionam.

Bea levou a mão ao coração, dramaticamente fingindo estar triste.

─Você acabou de quebrar meu coração, papaizinho.

Aiden achava a situação engraçada.

─Não entendo por que Beatrice não dá uma chance à Nate.

Ela franziu as sobrancelhas.

─Toda vez que eu chego naquele quarto vocês três estão cercados por garotas. Precisa de outro por que?

─Eu largo todas elas, gata. – Nate disse, puxando sua mão. – É só você me dar uma chance.

Bea bufou.

─É só eu te dar uma chance pra você me largar no meio da noite e ir atrás de alguma vadia.

Eu sorria, balançando a cabeça, me divertindo com a situação. Aiden apontou com o queixo para mim.

─E você, irmãzinha. Também dá uma de difícil?

Notei que Tracy me observava, impassível.

─Qual o problema de vocês com nomes? – Perguntei à Aiden. – Papaizinho, irmãzinha... vocês tem problemas familiares ou algo do tipo?

Aiden sorriu.

─Desculpe. Bruna. É assim? É difícil de pronunciar.

─Você pode chama-la de Bru. – Bea disse.

─Você não respondeu a pergunta. – Foi Tracy quem disse isso.

Olhei para ele, curiosa em saber o interesse dele por minha resposta. A ruiva se mexeu em seu lugar e eu logo notei que ela estava incomodada com minha presença. Será que estava se sentindo ameaçada?

Dei de ombros.

─Depende do cara.

─Se fosse o Nate? – Bea perguntou.

Dei uma rápida olhada em Nate.

─Ele é bonitinho.

Nate pareceu ofendido.

─Bonitinho? Irmãzinha, olha esses músculos. Acha que eu passo três horas por dia malhando pra ser bonitinho?

Nate não era muito forte; ao menos não como Tracy e Aiden. Era mais franzino e também mais baixo.

─Isso é o máximo que você vai receber de mim. – Eu disse a ele.

Aiden chamou a garçonete e pediu por uma rodada de uísque pra todo mundo. Eu odiava uísque com todo meu coração. A não ser que fosse uma festa bem paradona e eu precisasse de algo pra me animar – ou se eu estivesse em frente ao meu chefe e não quisesse contrariá-lo. Pensei em pedir um gim com tônica, mas achei mais viável ficar em silêncio.

Quando a garçonete chegou trazendo a bandeja com as seis doses de uísque, Nate logo avançou em direção às bebidas.

─Eu primeiro. – Ele disse e pegou logo duas dose de uma só vez, bebendo uma atrás da outra.

─Porra, Nate. – Aiden resmungou. – Moça. Traz mais um uísque, por favor?

─Pode ser outra coisa? – Perguntei, finalmente.

Tracy olhou para mim.

─O que você quer?

─Gim com tônica.

─Duas. – Tracy disse.

A bargirl concordou com a cabeça e deu as costas. Não demorou muito para que ela voltasse com as bebidas.

─Obrigada. – Eu disse à ela.

Nate, já tendo virado as duas doses de uísque, animou-se quando uma música de Tracy começou a tocar na boate.

─Ei! É a música do Trey!

─Aposto que fizeram de propósito. – Beatrice disse. – Viram você por aqui e colocaram a música.

─Acha que minha música não é boa o suficiente para tocar numa boate? – Tracy perguntou, bastante sério.

Bea não disse nada, aparentemente intimidade pelo olhar de Tracy, mas logo sentiu-se aliviada quando ele sorriu.

─Relaxa. – Ele falou. – O dono desse lugar é o maior babaca. Roger Rildson. Já ouviu falar?

─O da Rildson's Business? – Perguntou Bea.

Tracy assentiu.

─O próprio. O sacana já está passando por seis processos por irregularidades nas compras das propriedades. Não duvido que esse lugar esteja incluído.

─Qual é, Tracy boy. – Falou Nate. – Saímos pra curtir e você fica com esse papo de processo e tudo mais?

Então ele olhou para Bea, estendendo-lhe a mão.

─A senhorita me concede essa dança?

─Obrigada, Nate. Vou ter que dispensar essa.

─Qual é, Bea. – Eu disse. – Saímos pra curtir e você fica dando uma de difícil.

Ela me lançou um olhar mortal, mas respirou fundo antes de dizer à Nate:

─Tudo bem.

Os dois saíram juntos para a pista de dança e o restante de nós ficamos ali. Tomei mais um gole do meu gim e reparei que Tracy sussurrou alguma coisa no ouvido da ruiva aparentemente muda. Ela soltou um sorrisinho e os dois saíram juntos, em direção à pista de dança.

Aiden olhou para mim.

─Se eu te chamar pra dançar, você vai dar uma de difícil como sua irmã?

Sorri e bebi o restante da minha bebida num único gole.

─Vamos lá.

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