Magnético

23. Alec.

            Como saímos cedo do estúdio, avisei a Bea que já estava voltando para o apartamento. Rapidamente ela me respondeu, pedindo-me para pegar um táxi para o tal restaurante Quartino. Ela queria muito que eu conhecesse Alec e, francamente, já estava mais do que na hora de eu conhecer o noivo da minha irmã.

Desci na esquina da avenida, enquanto o táxi ainda esperava o sinal verde do semáforo. Entreguei uma nota de vinte dólares e agradeci ao taxista, antes me esquivar entre os carros parados até chegar a calçada. Através das paredes de vidro do restaurante, avistei Bea sentada numa mesa em frente a um homem forte e engravatado. Ao me ver, um sorriso surgiu em seu rosto.

─Antes tarde do que nunca. – cumprimentei ao chegar à mesa.

Alec levantou-se para me abraçar.

─É um prazer finalmente conhece-la.

Fiquei um pouco sem jeito porque Alec era infinitamente mais bonito pessoalmente do que pelas fotos que Bea me enviara. Era como se eu estivesse frente a frente com um daqueles executivos poderosos de Wall Street.

─Já estava na hora. – brinquei.

Me sentei ao lado de Bea e Alec chamou o garçom para mim. Pedi apenas uma salada italiana e água com gás.

─Quer dizer que você é uma garota fitness? – perguntou Alec após observar meu pedido. – Já vi que nisso você e sua irmã não são parecidas. Não me lembro de um encontro com essa mulher em que ela não pediu uma porção de fritas e um copo gigante de Coca-Cola.

─Decidiu fazer chacota de mim pra minha própria irmã? – Bea disse, fingindo-se ofendida.

─Isso não é diferente de mim. – interrompi. – Só hoje que estou sem apetite.

─Um milagre mesmo. – observou Bea. – Aposto que isso tem a ver com Tracy.

Lancei um olhar fuzilante para ela, mas era tarde demais. Alec já tinha entendido tudo.

─Quer dizer que vocês têm um lance? – ele notou que aquela conversa era um pouco desconfortável. – Não que eu tenha nada a ver com isso.

─É complicado. – expliquei.

Alec levantou as mãos.

─Entendi. Nada sobre esse assunto.

Bea olhou para mim sobre sua taça com um olhar do tipo você vai me contar tudo mais tarde. E eu, de fato, iria. Beatrice era a única pessoa que eu tinha para conversar sobre Tracy e, por mais maluca que pudesse ser às vezes, ela me entendia.

Nossos pedidos chegaram e eu não fiz cerimônia. Comi a salada rapidamente e só então percebi que eu estava, sim, com fome. Como eu supunha que Alec quem iria pagar a conta, não quis abusar e pedir nada além do que eles já haviam planejado.

─Então, Bruna – Alec disse, quando eu já terminava de comer. – Bea me contou sobre a faculdade de Direito. Você planeja retomar?

─Não sei. – respondi, sinceramente. – tudo depende de como minha vida vai se desenrolar daqui pra frente. Decidi não fazer planos, sabe?

─É uma ideia interessante. – admitiu. – Vai que o lance com Tracy fique mais sério...

Bea olhou para ele.

─Pensei que tínhamos combinado falar nada sobre esse assunto.

─Ah, tudo bem. – falei. – Não tenho nenhuma expectativa quanto ao Tracy. No momento, estou focando mais em mim mesmo.

Alec pareceu bem satisfeito com a resposta.

─Parece justo.

Ficamos conversando e bebericando algumas bebidas por cerca de uma hora, até o celular de Alec começar a apitar como um sinal de incêndio. Ele, rapidamente, desligou o telefone.

─Tem esse relatório que preciso entregar e meu chefe não vai me deixar em paz enquanto eu não o fizer. – Justificou. – Podemos marcar outra saída?

Era difícil marcar qualquer compromisso quando se trabalhava para o Tracy porque eu não tinha controle sobre o que iria fazer nos dias seguintes. Pra onde Bea me enviasse, eu tinha que ir.

─Podemos ir combinando.

─Ótimo. – e então ele voltou-se para Bruna. – você vai dormir comigo hoje?

─Mas não vai te atrapalhar?

─O e-mail é coisa rápida.

Mesmo parecendo incerta, Bea acabou concordando.

─Tudo bem então.

Depois de Alec insistir muito em me levar até o apartamento, acabei convencendo-o de que poderia pegar um táxi tranquilamente, e assim eu fiz.