52. Um brinde ao amor(?)

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─Atenção, todos! É hora de jogar o buquê!

Eu estava bebericando uma taça de champanhe – sem álcool – enquanto conversava com Tracy. Ao ouvir o anúncio do cerimonialista, todos os olhares voltaram-se para mim.

─É a sua hora. – Tracy tomou a taça da minha mão e apontou para a escadaria de onde o buquê seria jogado. – Faça a alegria de alguma garota! Ou garoto.... Vai saber!

Sorri para ele e caminhei até a escadaria. Um aglomerado de garotas e mulheres juntou-se atrás de mim e, é claro, até Bea e Iara estavam no meio. Até mesmo Annie queria pegar o buquê!

─Todas prontas, garotas? – Perguntei à elas. Virei-me de costas e comecei a contagem regressiva. – Um, dois, três...

Joguei o buquê e, rapidamente, virei-me para ver quem o pegaria. Imagina a minha expressão de surpresa ao vê-lo cair diretamente nas mãos de Bea. Não consegui acreditar.

─Parece que alguém aqui será a próxima a casar. – O cerimonialista disse no microfone. – E parece que o negócio continuará entre família!

As meninas desaglomeraram, dando-me oportunidade para me aproximar de Bea. Ela encarava o buquê como se fosse a cabeça de algum animal que estivesse sangrando em suas mãos. Apesar de toda aquela postura, eu duvidava que ela mantivesse tamanha repulsa ao pensar em casamento. Pelo contrário, acho até que era algo que desejava.

─Acho que muito em breve serei eu a madrinha de um certo casamento...

Bea fingiu que não ouviu meu comentário.

─Já não está na hora de partir o bolo?

─Não venha mudar o rumo da conversa, mocinha.

─Sério, Bruna? Tem certeza de que conversar comigo sobre isso no dia do seu casamento?

─Atenção! Todos me ouvindo?

Bea fechou os olhos com força porque sabia muito bem de quem era aquela voz no microfone. Nate. Rapidamente me lembrei da noite da coletiva de imprensa onde Nate, muito bêbado, pegou o microfone para oferecer um champanhe em nome do amor para Bea. Algo indicava que o momento estava prestes a se repetir...

Bea parecia não acreditar.

─Não, por favor, não...

─Oi, boa noite a todos, obrigada pela atenção. – Dizia Nate, pelo microfone. – Antes de tudo, quero dizer que não se preocupem porque dessa vez não estou bêbado. Por enquanto.

Bea virou-se para vê-lo falar e aquilo o desconcertou um pouco. Fiquei parada ao seu lado, apenas assistindo o que quer que Nate estivesse planejando.

─Apesar disso, eu gostaria de, mais uma vez, oferecer um brinde a você, Beatrice.

Todos os olhares do salão se voltaram para Bea e eu senti sua mão tentando encontrar a minha. Suas bochechas estavam super vermelhas e, pelo que eu conhecia da minha irmã, eu sabia que se ela estivesse próxima à um buraco naquele momento, ela com certeza esconderia a cabeça nele.

─E dessa vez não estou oferecendo por que acho você a maior gata, mas sim porque eu tive o prazer de te conhecer e perceber que a sua maior beleza, por mais difícil que pareça ser, não é a exterior.

Eu estava C-H-O-C-A-D-A! Aquele realmente era o Nate que eu conhecia? Que todos conhecíamos? O Nate que não conseguia passar um minuto sem falar alguma piadinha? O que havia acontecido com ele?

Ao meu lado, Bea continuava estática. Apesar disso, ela não parecia transtornada. De alguma maneira bem estranha, ela parecia... feliz.

─E eu fiquei pensando comigo mesmo "cara, o que é que você tá fazendo? A mina é uma gata e você dando bobeira". E a questão é que eu cansei de dar bobeira. Cansei de dar bobeira com você, Bea. Quero mais do que isso.

Um som lindo começou a ecoar dos violinos e Nate devolveu o microfone ao cerimonialista. De repente, ele desceu das escadas e começou a andar. Em nossa direção. Ou melhor, em direção à Bea. E, então, o que menos esperávamos aconteceu: Nate se ajoelhou em frente à ela.

Bea ficou completamente sem reação. Nem eu, que a conhecia desde que entendo por gente, sabia o que se passava em sua mente. Nate tirou um lindo anel brilhante de seu paletó e ofereceu-o para Bea, que continuava completamente sem reação.

─Beatrice dos Santos Castello. Casa comigo?

Muitas expressões de surpresa se espalharam por todo o salão. Olhei para Tracy, mas ele apenas sorriu, dando de ombros. Iara, ao seu lado, se acabava de rir, o que era a reação completamente oposta à de Bea, que olhava, paralisada, para o anel. Nate olhava para ele, apreensivo, esperando por qualquer resposta que fosse, mas parecia que Bea estava travando uma luta em seu interior. Aceitar ou não?

Comecei a me perguntar se seria aquilo o que Bruna queria pro seu futuro. Casar com Nate, com certeza, não era um dos seus planos quando ela deixou o Brasil para trás. E, agora, BUM! Um pedido de casamento. Até eu estava apreensiva para saber sua resposta.

─Bea? – Nate chamou-a mais uma vez. Ela pareceu acordar de seu torpor. Ainda assim, Nate parecia esperançoso. – O que me diz?

Ela olhou para o anel por mais alguns segundos até que finalmente voltou a si – mas não completamente.

─Desculpe-me, Nate, eu... – quando as palavras fugiram de sua boca, ela deu as costas e caminhou a passos rápidos para fora do salão.

Olhei para Nate, desolado, mas percebi que Tracy fez sinal para que a música voltasse a tocar. A música retornou e as pessoas voltaram a conversar e dançar, fingindo que nada daquilo tinha acabado de acontecer.

Segui Bea e encontrei-a no jardim externo do salão. Ela estava sentada em um banquinho do jardim, arrancando as pétalas dos lírios de seu buquê. Cheguei de mansinho e sentei ao seu lado, sem dizer nada, a princípio.

─Não posso me casar, Bru. – Ela disse, após alguns segundos em silêncio. – Não agora. Minha vida finalmente está se ajeitando e eu... eu preciso que ela continue assim. Nate sabe disso! Sabe o quanto prezo por isso. Ele é tão inconsequente...

─Ele só está apaixonado, mana. Apaixonados são inconsequentes.

─Eu também estou! Eu o amo, mas gosto de como as coisas estão. Nós só estamos juntos a alguns meses e sei que isso foi suficiente para você e Tracy, mas não é para mim. Entende? Eu preciso mais do que isso.

Eu estava prestes a dizer que a entendia, mas Nate surgiu no jardim.

─Vou deixar vocês a sós.

Dito isso, me afastei. Tracy me esperava no lado interno do salão.

─Como ela está?

─Está bem. – Respondi. – Eles vão se acertar. Mas agora, se não for muito incômodo para Vossa Senhoria, gostaria de me conceder uma dança?

Ele curvou-se, cumprimentando-me como um verdadeiro cavalheiro da era vitoriana.

─Isso e o que mais quiser, senhorita.


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