Magnético

36. Você sempre poderá contar comigo.

Quarenta dias se passaram e cada vez mais eu conseguia sentir meu bebê dentro de mim. Era emocionante e, ao mesmo tempo, maluco. Há pouco tempo eu ainda me achava tão imatura e agora eu estava carregando uma nova vida em mim. Eu não me sentia completamente preparada para ser mãe, mas havia algo que me fazia acreditar que eu daria conta do recado. Talvez fosse o amor que eu já nutria pela criaturinha que ainda estava em formação.

Eu estava na frente de um espelho gigante do quarto do hotel que estávamos hospedados em Los Angeles. Era o grande dia da premiação do Grammy e, desde as oito horas da manhã, eu estava com bobs em todo o meu cabelo, parecendo um cosplay da Dona Florinda.

Através do vestido surrado que eu usava, já era possível notar minha barriga saliente. Eu era um pouco magra, então não estava grande para uma gestação de 14 semanas. O que importava era que meu bebê estava bem e saudável, embora um pouquinho agitado.

─Bru. - Tracy abraçou-me por trás, dando um rápido beijo na minha nuca. - Tenho que ir agora. Sabe como Mary é.

Mary era a personal stylist de Tracy. Ela era uma pessoa encantadora, mas quando se tratava do seu trabalho, ela se tornava um pouco, digamos assim, excêntrica...

─É bom você ir mesmo. - Eu disse a ele. - Não quero que você apareça no tapete vermelho com o rosto coberto de pó de arroz.

─Um beijo pra você. - Ele disse, depositando um beijo na minha testa e então dirigiu-se à minha barriga. - E outro pra você.

─Nós te amamos.

Sorrindo, ele saiu apressado no mesmo momento que Bea entrou no quarto.

─Você não vai acreditar! Nate ainda não foi buscar os vestidos! Eu liguei pra ele três vezes! TRÊS VEZES! Por que ele não consegue fazer o que pedimos no tempo certo?

A verdade é que minha relação com Bea estava um pouco esquisita desde que eu a havia flagrado aos beijos com Nate. Não que eu a julgasse ou algo do tipo, mas me magoava um pouco que ela não tivesse conversado comigo sobre sei lá o que estivesse acontecendo em sua vida. Certamente sua relação com Alec não estava em sua melhor fase e nós sempre compartilhávamos tudo. Eu me sentia um pouco traída por ela não confiar em mim.

─Ele vai chegar daqui a pouco. - Assegurei. - Relaxe um pouco. Você tem trabalhado demais.

─Não vou relaxar enquanto você e Tracy não tiverem passado por aquele tapete vermelho. Ou melhor, até Tracy trazer aquela estatueta para casa!

─Ele nem está tão apreensivo assim...

─Tracy não se importa com essas coisas, mas um Grammy é um baita de um reconhecimento. É a prova de que nosso trabalho está rendendo frutos.

─E eu pensando que essa prova fosse o dinheiro que entra em nossas contas todo mês...

─Engraçadinha... - ela brincou. - Isso também, claro, mas um reconhecimento da crítica também é importante. Não tanto quanto o apreço do público, é óbvio, mas é importante.

Ela jogou-se sobre a cama, exausta. Ela realmente tinha trabalhado bastante nesses últimos dias, mas aquela era a primeira vez que eu e ela estávamos a sós, sem Tracy, Aiden ou Nate para atrapalhar nossa conversa. Se havia um bom momento para questioná-la sobre Nate, era aquele.

─Bea. Tem algo que preciso conversar com você.

─Claro, pode falar.