33. Olá, sogrinha.

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Eu estava no meu quarto, conferindo um catálogo de cortinas para bebês na internet. Ainda não sabíamos o sexo do bebê, eu tampouco sabia qual seria o quarto dele, mas Bea e eu já estávamos pesquisando alguns apartamentos em Chicago. Perto o suficiente para que eu conseguisse cumprir minhas obrigações após o período de resguardo, mas longe o suficiente para que eu pudesse criar meu bebê num ambiente tranquilo e familiar.

Enquanto eu me apaixonava por uma cortina de astronauta que havia encontrado, ouvi vozes conversando em alto som no corredor.

─Mãe, ela está descansando...

─Ora, tenho certeza que ela terá um tempo para conversar com sua sogra.

De repente, a porta se abriu e a mãe de Tracy entrou.

─Oi, minha querida! – ela aproximou-se para me abraçar e, atrás dela, Tracy sussurrava um pedido de desculpas.

─Oi, Sr.ª Trey.

─Ora, já te pedi para me chamar de Aretha. – e então ela virou-se para Tracy. – estou muito chateada porque esse aí, a quem dei a vida e amamentei por anos, o que você verá em breve que não é tão fácil, decidiu ter um filho e me avisar de última hora!

Tracy suspirou.

─Eu te avisei um dia depois que descobrimos, mãe.

Ok, aquilo não era verdade. Havíamos descoberto em Los Angeles, mas ele esperou que fossemos à consulta na obstetra, ver se estava tudo bem e, só então, ligou para a mãe e avisou que eu estava grávida. Aretha reservou o primeiro voo disponível para Chicago e lá estava ela.

─Eu sabia que você estava dormindo com ela. – disse e então voltou-se para mim. – sem ofensas, querida. Digo, estou feliz que vou ser avó, finalmente! Tudo bem que eu esperava isso em circunstâncias diferentes e que me preocupa que o pai da criança seja você, mas tenho certeza que tudo vai dar certo.

Ela falava rapidamente e sem pausas, o que deixava bem claro que ela estava muito nervosa e que, só talvez, não tivesse tanta certeza assim que tudo ia dar certo.

─Mãe, a senhora está um pouco nervosa. Se acalme.

─Quantos anos você tem mesmo, querida? – perguntou a mim.

─Dezenove.

─Dezenove! Meu Deus. Ok, não é tão jovem. Tracy é apenas sete anos mais velho. A diferença é pequena, certo?

─A diferença não é nenhum problema, mãe. – Tracy disse. – O pai era bem mais velho que você.

─Isso é verdade. – ela disse a mim. – O pai de Tracy tinha 30 anos quando o conheci. Eu tinha dezessete quando engravidei do Aiden. Ainda era mais nova que você. Eu fiquei tão assustada... você deve estar muito assustada, não é? Pobrezinha...

─Não se preocupe com isso, Srª... Aretha. Eu estou bem. Tracy e eu estamos. Claro que vamos ter nossas dificuldades, mas o que importa é que estamos bem.

Ela sorriu, compadecida, e tocou-me o rosto com carinho.

─Você é tão bonita... Uma coisa que tenho certeza é que essa criança vai ser bonita. Fiquei com medo quando Aiden estava noivo daquela garota. Lembra dela, Tracy? Thalya, Tamara...

─Tatyana. – Corrigiu Tracy.

─Isso. Era uma garota rude e nem um pouco bonita...

─Mãe! – Tracy repreendeu.

Não consegui conter uma risada.

─Foi um alívio quando os dois terminaram. – ela continuou. – Posso lidar com um neto com cara de repolho, mas uma nora daquelas... graças à Deus, Aiden tomou juízo.

─Falaram meu nome por aqui? – Aiden apareceu à porta, a testa franzida.

─Estávamos falando sobre Tatyana. – Aretha respondeu, ao que Aiden automaticamente respondeu com uma expressão de desdém.

─Interessante... escute, mãe, eu pedi pra Sarah preparar alguma coisa pra você comer. Annie me ligou e disse que você não está comendo nada...

─Aquela menina é uma linguaruda!

─Ela está preocupada com você. – Defendeu Aiden. – Vamos. Você pode conversar com Bruna mais tarde. Ela não vai a lugar nenhum.

─Tudo bem. – rendeu-se.

Aretha levantou-se e veio me dar um abraço. Quando se afastou me segurou pelos ombros e disse:

─Vamos fazer compras juntas amanhã.

Eu não sabia se aquilo era um convite ou uma intimação, mas eu não ousava recusar nenhuma das hipóteses.

─Claro. – sorri.

Aiden passou o braço pelos seus ombros e os dois deixaram o quarto juntos. Tracy trancou a porta e puxou-me para si.

─Você precisa aprender a trancar esse quarto. – sussurrou. – A não ser que queira ser surpreendida pela minha mãe mais vezes.

─Vou me lembrar disso a partir de agora.

Sorrindo, ele pressionou os lábios contra os meus. Depois beijou-me de verdade, lenta e romanticamente. Só parou quando notou o que estava congelado no monitor do computador.

─Cortina de astronauta, huh?

─Se tivermos uma menina, quero que ela se sinta livre para ser o que quiser. Inclusive uma astronauta.

─É uma ótima ideia. – ele admitiu. – eu estava pensando em algo como pequenas guitarras e chocalhos, mas astronautas está bom pra mim.

─Haverá espaço para os dois.

Fiquei na ponta dos pés para beijá-lo mais uma vez.

─Falando nisso – ele disse, afastando-se. – tenho algo para te mostrar, mas não pode ser aqui.

Fiquei curiosa de imediato.

─O que é?

─É segredo. – respondeu. – quer ir comigo?

Como havia em mim uma curiosidade sem tamanho, não havia uma resposta mais óbvia para aquela pergunta:


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