Eu estava no meu quarto, conferindo um catálogo de cortinas para bebês na internet. Ainda não sabíamos o sexo do bebê, eu tampouco sabia qual seria o quarto dele, mas Bea e eu já estávamos pesquisando alguns apartamentos em Chicago. Perto o suficiente para que eu conseguisse cumprir minhas obrigações após o período de resguardo, mas longe o suficiente para que eu pudesse criar meu bebê num ambiente tranquilo e familiar.
Enquanto eu me apaixonava por uma cortina de astronauta que havia encontrado, ouvi vozes conversando em alto som no corredor.
─Mãe, ela está descansando...
─Ora, tenho certeza que ela terá um tempo para conversar com sua sogra.
De repente, a porta se abriu e a mãe de Tracy entrou.
─Oi, minha querida! – ela aproximou-se para me abraçar e, atrás dela, Tracy sussurrava um pedido de desculpas.
─Oi, Sr.ª Trey.
─Ora, já te pedi para me chamar de Aretha. – e então ela virou-se para Tracy. – estou muito chateada porque esse aí, a quem dei a vida e amamentei por anos, o que você verá em breve que não é tão fácil, decidiu ter um filho e me avisar de última hora!
Tracy suspirou.
─Eu te avisei um dia depois que descobrimos, mãe.
Ok, aquilo não era verdade. Havíamos descoberto em Los Angeles, mas ele esperou que fossemos à consulta na obstetra, ver se estava tudo bem e, só então, ligou para a mãe e avisou que eu estava grávida. Aretha reservou o primeiro voo disponível para Chicago e lá estava ela.
─Eu sabia que você estava dormindo com ela. – disse e então voltou-se para mim. – sem ofensas, querida. Digo, estou feliz que vou ser avó, finalmente! Tudo bem que eu esperava isso em circunstâncias diferentes e que me preocupa que o pai da criança seja você, mas tenho certeza que tudo vai dar certo.
Ela falava rapidamente e sem pausas, o que deixava bem claro que ela estava muito nervosa e que, só talvez, não tivesse tanta certeza assim que tudo ia dar certo.
─Mãe, a senhora está um pouco nervosa. Se acalme.
─Quantos anos você tem mesmo, querida? – perguntou a mim.
─Dezenove.
─Dezenove! Meu Deus. Ok, não é tão jovem. Tracy é apenas sete anos mais velho. A diferença é pequena, certo?
─A diferença não é nenhum problema, mãe. – Tracy disse. – O pai era bem mais velho que você.
─Isso é verdade. – ela disse a mim. – O pai de Tracy tinha 30 anos quando o conheci. Eu tinha dezessete quando engravidei do Aiden. Ainda era mais nova que você. Eu fiquei tão assustada... você deve estar muito assustada, não é? Pobrezinha...
─Não se preocupe com isso, Srª... Aretha. Eu estou bem. Tracy e eu estamos. Claro que vamos ter nossas dificuldades, mas o que importa é que estamos bem.
Ela sorriu, compadecida, e tocou-me o rosto com carinho.
─Você é tão bonita... Uma coisa que tenho certeza é que essa criança vai ser bonita. Fiquei com medo quando Aiden estava noivo daquela garota. Lembra dela, Tracy? Thalya, Tamara...
─Tatyana. – Corrigiu Tracy.
─Isso. Era uma garota rude e nem um pouco bonita...
─Mãe! – Tracy repreendeu.
Não consegui conter uma risada.
─Foi um alívio quando os dois terminaram. – ela continuou. – Posso lidar com um neto com cara de repolho, mas uma nora daquelas... graças à Deus, Aiden tomou juízo.
─Falaram meu nome por aqui? – Aiden apareceu à porta, a testa franzida.
─Estávamos falando sobre Tatyana. – Aretha respondeu, ao que Aiden automaticamente respondeu com uma expressão de desdém.
─Interessante... escute, mãe, eu pedi pra Sarah preparar alguma coisa pra você comer. Annie me ligou e disse que você não está comendo nada...
─Aquela menina é uma linguaruda!
─Ela está preocupada com você. – Defendeu Aiden. – Vamos. Você pode conversar com Bruna mais tarde. Ela não vai a lugar nenhum.
─Tudo bem. – rendeu-se.
Aretha levantou-se e veio me dar um abraço. Quando se afastou me segurou pelos ombros e disse:
─Vamos fazer compras juntas amanhã.
Eu não sabia se aquilo era um convite ou uma intimação, mas eu não ousava recusar nenhuma das hipóteses.
─Claro. – sorri.
Aiden passou o braço pelos seus ombros e os dois deixaram o quarto juntos. Tracy trancou a porta e puxou-me para si.
─Você precisa aprender a trancar esse quarto. – sussurrou. – A não ser que queira ser surpreendida pela minha mãe mais vezes.
─Vou me lembrar disso a partir de agora.
Sorrindo, ele pressionou os lábios contra os meus. Depois beijou-me de verdade, lenta e romanticamente. Só parou quando notou o que estava congelado no monitor do computador.
─Cortina de astronauta, huh?
─Se tivermos uma menina, quero que ela se sinta livre para ser o que quiser. Inclusive uma astronauta.
─É uma ótima ideia. – ele admitiu. – eu estava pensando em algo como pequenas guitarras e chocalhos, mas astronautas está bom pra mim.
─Haverá espaço para os dois.
Fiquei na ponta dos pés para beijá-lo mais uma vez.
─Falando nisso – ele disse, afastando-se. – tenho algo para te mostrar, mas não pode ser aqui.
Fiquei curiosa de imediato.
─O que é?
─É segredo. – respondeu. – quer ir comigo?
Como havia em mim uma curiosidade sem tamanho, não havia uma resposta mais óbvia para aquela pergunta:
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Magnético
ChickLitDois anos após o fim conturbado de um relacionamento, Bruna recebe uma proposta de sua irmã mais velha para ir trabalhar com ela na assessoria de um rapper famoso nos Estados Unidos. Seria uma decisão perigosa desistir da faculdade de Direito e deix...