13 Capítulo

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olá como estamos?, espero que estejam entendendo porque é meio complicado de entender mesmo mas vcs vão compreender logo logo. Boa leitura :)
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- Ei... - Ela apanha o cobertor de minha cama e agacha-se perto de mim, e sem perder tempo envolve o pano fino em meus ombros mais
finos ainda.
- Você está bem?
Tento sorrir. Decido evitar sua pergunta.
- Obrigada pelo cobertor.
Ela se senta a meu lado e apoia-se na parede. Seus ombros estão tão
perto muito perto nunca perto o bastante. O calor de seu corpo faz mais por mim do que o cobertor jamais fará. Algo em minhas articulações dói de desejo ardente, uma necessidade desesperada que nunca fui capaz de satisfazer. Meus olhos estão implorando por algo a que não me posso permitir.
Toque-me.
Ela olha para o caderninho dobrado em minha mão, para a caneta
quebrada que aperto em meu punho. Fecho o caderno e enrolo-o bastante. Enfio-o dentro de uma rachadura na parede. Estudo a caneta na
palma de minha mão. Sei que ela está me encarando.
- Você está escrevendo um livro?
- Não. - Não, não estou escrevendo um livro.
- Talvez devesse.
Viro-me para encontrar com seus olhos e imediatamente me
arrependo. Há alguns centímetros entre nós e não posso me mexer
porque meu corpo só faz congelar. Cada músculo cada movimento
comprime-se, cada vértebra de minha coluna é um bloco de gelo segurando a respiração e meus olhos estão arregalados, perdidos,
surpreendidos pela intensidade de seu olhar. Não consigo desviar o olhar.
Não sei como escapar.
Ah.
Deus.
Seus olhos.
Estive mentindo para mim mesma, determinada a negar o impossível.
―Eu a conheço.
A garota que não se lembra de mim que eu costumava conhecer.
- Eles vão destruir a língua inglesa - diz ela, sua voz cuidadosa, tranquila.
Luto para recobrar o fôlego.
- Eles querem recriar tudo - continua ela. - Eles querem
redesenhar tudo. Eles querem destruir qualquer coisa que possa ter sido a razão de nossos problemas. Eles pensam que precisamos de urna língua nova e universal. - Ela baixa a voz. Baixa os olhos. - Eles querem
destruir tudo. Cada língua da história.
- Não. - Minha respiração fica presa. Borrões obscurecem minha
visão.
- Eu sei.
- Não. - Isso eu não sabia.
Ela levanta os olhos.
- É bom que você esteja pondo as coisas no papel. Um dia o que
você está fazendo será ilegal.
Comecei a tremer. De repente meu corpo está lutando contra um
redemoinho de emoções, meu cérebro atormentado pelo mundo que
estou perdendo e magoado por esta garota que não se lembra de mim. A
caneta cai no chão e eu estou segurando o cobertor tão firme que temo que ele rasgue. O frio racha minha pele, o horror coagula minhas veias.
Nunca pensei que ficasse tão ruim. Nunca pensei que O Restabelecimento levasse as coisas tão longe. Eles estão incinerando a cultura, a beleza da diversidade. Nós, novos cidadãos de nosso mundo seremos reduzidos a nada senão números, facilmente substituíveis, facilmente removíveis, facilmente destruídos por desobediência.
Perdemos nossa humanidade.
Enrolo o cobertor em meus ombros até ser embalada nos tremores
que não param de aterrorizar meu corpo. Estou horrorizada com minha
falta de autocontrole. Não consigo ficar quieta.
De repente sua mão está em minhas costas.
Seu toque está chamuscando minha pele pelas camadas do tecido e
eu aspiro tão rápido que meus pulmões sofrem um colapso. Estou em meio a correntes de confusão que se chocam, tão desesperada por estar
perto tão desesperada tão desesperada tão desesperada por estar longe.
Não sei como me afastar dela. Não quero me afastar dela.
Não quero que ela tenha medo de mim.
- Ei. - Sua voz é suave. Seus braços são mais fortes que os meus. Ela puxa minha figura enfaixada para perto de seu peito e eu estilhaço. Dois três quatro mil estilhaços de sentimento perfuram-me o coração, derretem-se em gotas de mel quente
que suavizam as cicatrizes de minha alma. O cobertor é a única barreira
entre nós, e ela me puxa para mais perto, mais firme, mais forte, até que
escuto as batidas a sussurrar-lhe profundas dentro do peito, e o aço de
seus braços ao redor de meu corpo desfaz todos os nós de tensão em
meus membros. Seu calor derrete os pingentes de gelo que me sustentam
de dentro para fora e eu descongelo, descongelo, descongelo, meus olhos
tremulando rápido até que caem fechados, até que lágrimas silenciosas
estejam jorrando-me rosto abaixo e eu tenha decidido que a única coisa
que quero é congelar seu corpo segurando o meu.
- Está tudo bem - sussurra ela. - Você ficará bem.
A verdade é uma amante maldosa e ciumenta que nunca dorme - é
o que não digo para ela. Nunca ficarei bem.
Isso faz cada filamento rompido de meu ser afastar-se dela. Faço isso
porque tenho de fazer. Porque isso e para o seu próprio bem. Alguém
está fincando garfos nas minhas costas enquanto me afasto. O cobertor
agarra-se ao meu pé e eu quase caio antes de Camila estender a mão para
mim novamente.
- Lauren...
- Você não pode t-tocar em mim. - Minha dificuldade de tomar
fôlego, meus dedos tremem tão rapidamente que os cerro em um punho.
- Você não pode tocar em mim. Você não pode. - Meus olhos
estão voltados para a porta.
Ela está de pé.

Estilhaça-me (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora