Capítulo 32

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Estou flutuando na luz do Sol. Warner está segurando uma porta aberta que leva diretamente para o lado de fora e eu estou tão despreparada para a experiência que mal posso enxergar direito. Ele segura meu cotovelo para firmar meus passos e eu olho para ele.
— Estamos indo para o lado de fora. Digo isso porque tenho de dizê-lo em voz alta. Porque o mundo do lado de fora é um convite que me é oferecido muito raramente. Porque não consigo descobrir se Warner está tentando ser legal novamente. Dele, meus olhos se dirigem para o que parece ser um pátio de concreto e novamente voltam para ele.
— O que estamos fazendo do lado de fora?
— Temos de cuidar de alguns negócios. — Ele me puxa rumo ao centro deste novo universo e eu estou me libertando dele, estendendo a mão para tocar o céu à espera de que ele se lembre de mim. As nuvens são cinzentas como sempre foram, mas são poucas e despretensiosas. O Sol está alto, descansando contra um pano de fundo que sustenta seus raios e redireciona seu calor em nossa direção. Fico na ponta dos pés e tento tocá-lo. O vento me envolve nos braços e sorri ante minha pele. O ar fresco e macio como a seda trança uma brisa suave por meus cabelos. Este pátio quadrangular poderia ser meu salão de bailes. Quero dançar com os elementos. Warner agarra minha mão. Dou meia-volta.
Ele está sorrindo.
— Isso — diz ele, fazendo um gesto para o mundo frio e cinzento debaixo de nossos pés — isso te faz feliz? Olho em volta. Percebo que o pátio não é exatamente uma cobertura mas algum lugar entre dois edifícios. Avanço lentamente em direção à margem e posso ver a terra morta e as árvores nuas e aglomerados prédios dispersos estendendo-se por quilômetros.
— O ar frio tem aroma tão puro — digo a ele. — Fresco. Novo em folha. É o aroma mais formidável do mundo. Seus olhos se mostram satisfeitos, perturbados, interessados e confusos, tudo de uma vez. Ele balança a cabeça. Revista seu casaco e alcança um bolso interno. Ele tira uma arma com um punho dourado que cintila à luz do sol. Puxo um fôlego profundo. Ele inspeciona a arma de um modo que não compreendo, supostamente para verificar se ela está ou não pronta para o disparo. Ele a escorrega a mão; seu dedo posicionado diretamente sobre o gatilho. Ele se vira e finalmente lê a expressão em meu rosto. Ele quase ri.
—Não se preocupe. Não é para você. — Por que você tem uma arma? — Engulo, em seco, segurando meus braços firmemente contra o peito. — O que estamos fazendo aqui? Warner escorrega a arma de volta ao bolso e caminha até a extremidade oposta da margem. Ele faz sinal para que eu o acompanhe.

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eu sei q nao era isso que esperavam mas tudo tem um porque, certo?.

Estilhaça-me (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora