Estilhaça-me (camren)

Capítulo 36

tem camren nesse cap <3
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A escuridão está me sufocando. Meus sonhos são sangrentos e estão sangrando por toda minha mente e eu não posso dormir mais. Os únicos sonhos que costumavam me dar paz se foram e eu não sei como obtê-los de volta. Não sei como encontrar o pássaro branco. Não sei se ele algum dia vai voar. Tudo que sei é que agora, quando fecho os olhos, não vejo nada senão devastação. Fletcher está levando um tiro várias e várias vezes e Carlos está morrendo em meus braços e Warner está disparando na cabeça de Camila e o vento está uivando do lado de fora da minha janela, mas ele é berrante e estranho, e eu não tenho coragem de ordenar que ele pare. Estou congelando dentro das roupas. A cama abaixo das minhas costas está repleta de pedaços de nuvens e neve caída há pouco; ela é tão macia, tão confortável. Ela me faz lembrar muito de dormir no quarto de Warner e não suporto isso. Estou com medo de enfiar-me debaixo destas cobertas. Não consigo deixar de pensar se Camila está bem, se algum dia ela voltará, Warner continuará machucando-a sempre que eu desobedecer. Realmente devia me preocupar tanto. A mensagem de Camila em meu caderno pode ser apenas uma parte do plano de Warner para me enlouquecer. Engatinho no chão duro e confiro o pedaço de papel amassado que há dois dias aperto no punho. Ele é a única esperança que me restou e eu nem mesmo sei se é real. Estou ficando sem opções.
- O que você está fazendo aqui? Seguro um grito e cambaleio para os lados, quase batendo em Camila no ponto em que ela está deitada no chão perto de mim. Nem sequer a vi.
- Lauren? - Ela não se move um centímetro. Seu olhar está fixo em mim: calmo, imperturbável. Gostaria de chorar em seus olhos. Não sei por que lhe conto a verdade.
- Não conseguia dormir lá em cima. - Ela não me pergunta a razão. Ela se levanta e solta um gemido e eu me lembro de como ela está ferida. Pergunto-me que tipo de dor ela sente. Não faço perguntas enquanto ela apanha um travesseiro e o cobertor de minha cama. Ela coloca o travesseiro no chão.
- Deite-se - é tudo o que ela diz para mim. Calmamente, é como ela diz isso para mim. Todos os dias, durante todo o dia, eternamente, quero que ela diga isso para mim. É apenas uma palavra e eu não sei por que estou corando. Deito-me apesar das sirenes girando em meu sangue e descanso a cabeça no travesseiro. Ela coloca o cobertor sobre meu corpo. Deixo-a fazer isso. Observo enquanto seus braços curvam-se e flexionam-se à sombra da noite, o resplendor da Lua espreitando através da janela, iluminando sua figura com seu brilho. Ela se deita no chão, deixando apenas alguns centímetros de espaço entre nós. Ela não exige cobertor. Ela não usa travesseiro. Ela ainda dorme sem camisa e acabo de descobrir que não sei como respirar. Acabo de perceber que nunca irei soltar o ar na sua presença.
- Você não precisa mais gritar - sussurra ela. O ar escapa-me por todos os poros do corpo. Enrolo meus dedos em torno da possibilidade de Camila em minha mão e durmo o mais profundo que já dormi na vida.