Capítulo 26

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olaaa lauren finalmente toca alguem nesse cap :)
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Warner olha para baixo no salão. Localiza um soldado. Acena para ele. - Carlos?
Carlos é rápido para seu tamanho e em um segundo ele está do meu lado. - Senhor. - Ele curva um pouco a cabeça, ainda que seja claramente mais velho que Warner. - Ele não pode ter mais que 27 anos; atarracado, vigoroso, abarrotado de massa. Ele me olha de lado. Seus olhos castanhos são mais quentes do que esperava que fossem. - Preciso que acompanhe a senhorita Jauregui de volta para o térreo. Mas esteja prevenido: ela não é nada cooperativa e tentará fugir de seu controle. - Ele sorri bem lentamente. - Não importa o que ela diga ou faça, soldado, você não pode soltá-la. Fui claro? Os olhos de Carlos se arregalam; ele pisca, suas narinas se dilatam, seus dedos se flexionam contra o corpo. Respira acelerado. Acena a cabeça. Carlos não é idiota. Começo a correr. Estou escapando pelo corredor e passo correndo por uma série de estupefatos soldados que estão assustados demais para me deter. Não sei o que estou fazendo. Por que penso que posso correr? Para onde penso que poderia ir? Se me esforço para alcançar o elevador, é só porque acho que isso me dará tempo. Não sei mais o que fazer. Os comandos de Warner estão repercutindo nas paredes e explodindo em meus tímpanos. Ele não precisa me perseguir. Ele está mandando outros fazerem o trabalho por ele. Os soldados estão fazendo fila diante de mim. Ao meu lado. Atrás de mim. Não consigo respirar. Estou girando em círculos de minha própria estupidez, em pânico, aflita, petrificada pelo pensamento do que vou fazer a Carlos contra minha vontade. Do que ele fará a mim contra sua vontade. Do que acontecerá a nós dois apesar de nossas melhores intenções. - Peguem-na - diz Warner brandamente. O silêncio toma conta de cada canto deste edifício. Sua voz é o único som na sala. Carlos avança. Meus olhos estão marejados e fecho-os. Abro-os para espiar. Avisto de olhos entreabertos a multidão e localizo um rosto familiar. Camila está me encarando, amedrontada. A vergonha cobriu cada centímetro de meu corpo. Carlos oferece-me sua mão. Meus ossos começam a envergar, estalando em sincronia com as batidas de meu coração. Desmorono no chão, embrulhando-me como um crepe fino. Meus braços estão dolorosamente desnudos nesta camiseta maltrapilha. - Não... - Ergo uma mão hesitante, implorando com meus olhos, olhando fixamente para o rosto deste inocente homem. - Por favor, não... - Minha voz se dissolve. - Você não quer tocar em mim... - Nunca disse que queria. - A voz de Carlos é profunda e resoluta, cheia de remorso. Carlos, que não tem luvas, não tem proteção, não tem preparo, não tem defesa possível. - Era uma ordem clara, soldado - grita Barks, uma arma apontada para suas costas. Carlos agarra meus braços Não não não Meu peito arfa. Meu sangue agita-se nas veias, correndo pelo meu corpo como um rio caudaloso, ondas de calor enrolam-se em meus ossos. Posso escutar sua angústia, posso sentir a força emanando de seu corpo, posso escutar seu coração batendo em meu ouvido e minha cabeça girando com a descarga de adrenalina que fortalece meu ser. Sinto-me viva. Queria que isso me machucasse. Queria que isso me mutilasse. Queria que isso me anulasse. Queria odiar a potente força que me envolve o esqueleto. Mas não. Minha pele está pulsando com a vida de alguém e eu não odeio isso. Odeio a mim mesma por desfrutar disso. Desfruto da sensação que é estar sendo preenchida com mais vida e esperança e poder humano do que eu sabia ser capaz.
Sua dor me concede um prazer que jamais pedi. E ele não está me soltando. Mas ele não está me soltando porque ele não consegue. Porque eu tenho de ser a única a quebrar a conexão. Porque a agonia o incapacita. Porque ele caiu na minha armadilha. Porque eu sou uma planta carnívora. E sou letal. Caio de costas e chuto seu peito, querendo-o longe de mim, querendo livrar-me de seu peso sobre mim. Seu corpo mole desmorona contra o meu. Repentinamente estou aos berros e esforçando-me para enxergar além do lençol de lágrimas que obscurece minha visão; estou soluçando, histérica, aterrada pelo olhar frio no rosto deste homem, seus lábios paralisados arquejando. Liberto-me e cambaleio para trás. O oceano de soldados e soldadas divide-se atrás de mim. Em todos os rostos estão entalhados o assombro e o mais puro e autêntico medo. Carlos está estirado no chão e ninguém ousa se aproximar. - Alguém o ajude! - grito. - Alguém o ajude! Ele precisa de um médico... ele precisa ser levado.., ele precisa... ele... ah, Deus... o que eu fiz... - Lauren... - Não me toque... não ouse me tocar... As luvas de Warner estão de volta ao lugar e ele está tentando me recompor, ele está tentando realinhar meus cabelos, ele está tentando enxugar minhas lágrimas e eu quero assassiná-lo. - Ajudem-no! - caindo de joelhos, meus olhos colados na figura deitada ao chão. Os outros soldados e soldadas finalmente se aproximam com lentidão, cautelosos como se ele pudesse ser contagioso. - Por favor.., vocês têm de ajudá-lo! Por favor... - Cabello, Stone, Soledad... Cuidem disso - berra Warner antes de erguer-me em seus braços. Ainda estou esperneando quando tudo fica preto.

Estilhaça-me (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora