Capítulo 31

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Apalpo o pedaço de papel enfiado em meu bolso.
Respiro.
Os olhos de Warner estão em minha janela.
- É hora de ir diz ele. - Aonde vamos? Ele não responde. Atravessamos a porta. Olho ao redor. O corredor está abandonado; vazio. - Onde está todo mundo?
- Gosto mesmo desse vestido - diz Warner enquanto desliza um braço em volta da minha cintura. Desvencilho-me de modo abrupto, mas ele me puxa, guiando-me em direção ao elevador.
- O caimento é espetacular. Ajuda a me distrair de todas as suas perguntas.
- Pobre de sua mãe . Warner quase tropeça nos próprios pés. Seus olhos estão surpresos, alarmados. Ele para a apenas alguns centímetros de nosso objetivo. Vira- se. - O que quer dizer? Meu estômago embrulha. O olhar em seu rosto: a tensão desarmada, o medo hesitante, a súbita apreensão em suas feições. Eu estava tentando fazer uma piada - é o que não lhe digo. Lamento sua pobre mãe, é o que ia lhe dizer, por ela ter de lidar com um filho tão miserável e patético. Mas não digo nada disso. Ele agarra minhas mãos, concentra-se em meus olhos. Urgência pulsa em suas têmporas. - O que quer dizer? - insiste. - N-nada - gaguejo. Minha voz parte-se ao meio. - Eu não quis... era só uma piada... Warner solta minhas mãos como se elas o tivessem queimado. Ele desvia o olhar. Apressa-se rumo ao elevador e não espera por mim. Pergunto-me o que ele não está me dizendo. Apenas quando descemos vários andares e estamos seguindo por um desconhecido corredor rumo a uma saída desconhecida, ele finalmente olha para mim. Ele me oferece quatro palavras. - Bem-vinda ao seu futuro.

Estilhaça-me (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora