Capítulo 33

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ola!!! trouxe um capítulo ponte para vcs :)

Aproximo-me lentamente. Sigo seus olhos. Olho por sobre a barreira. Todos os soldados e soldadas do edifício estão a menos de quatro metros e meio abaixo de onde estamos. Distingo quase 50 filas, cada uma perfeitamente reta, perfeitamente espaçada, tantos soldados em pé, em fila indiana, que perco a conta. Gostaria de saber se Camila está no meio deles. Se ela pode me ver. Gostaria de saber o que Camila pensa de mim agora. Os soldados estão posicionados em um espaço quadrangular idêntico ao que Warner e eu ocupamos, mas eles são uma só massa organizada de preto: calças pretas, camisas pretas, botas de cano alto pretas; nem uma só arma à vista. Cada um está de pé com a mão esquerda pressionando ao coração. Congelados em sua posição. De repente estou perfeitamente consciente da minha vestimenta prática. De repente o vento está insensível demais, frio demais, aflitivo demais conforme penetra através da multidão. Estremeço e isso nada tem haver com a temperatura. Procuro por Warner, mas ele já tomou seu lugar no Iimite do pátio; é óbvio que ele já fez isso muitas vezes antes.
Ele puxa de seu bolso um pequeno quadrado de metal perfurado e prensa-o contra lábios; quando ele fala, sua voz percorre a multidão como se tivesse do amplificada. -Setor 45. Uma palavra. Um número. Todo o grupo se move: mãos esquerdas liberadas, caídas de lado; mãos direitas plantadas no lugar do peito. Eles são uma máquina oleada, funcionando em colaboração perfeita uns com os outros. Se eu não estivesse tão apreensiva, penso que estaria impressionada.
- Temos dois assuntos a tratar esta manhã. - A voz de Warner penetra na atmosfera: nítida, clara, insuportavelmente confiante. - O primeiro está em pé ao meu lado. Encolho. Milhares de olhos erguem-se bruscamente na minha direção.
- Lauren, por favor, venha até aqui. - Dois dedos dobram-se em duas posições para chamar-me para a frente. Avanço devagar para colocar-me à vista de todos. Warner desliza seu braço em volta de mim. Encolho-me de medo. Meu coração bate descontrolado. Estou amedrontada demais para afastar-me dele. Sua arma está próxima demais do meu corpo. Os soldados parecem aturdidos por Warner estar disposto a me tocar. - Carlos, poderia dar um passo adiante, por favor? Meus dedos estão correndo uma maratona por minha coxa. Não consigo ficar parada. Não consigo acalmar as palpitações que desestabilizam meu sistema nervoso. Carlos sai da fila; localizo-o imediatamente.
Ele está bem.
Deus amado.
Ele está bem.
- Carlos teve o prazer de conhecer Lauren noite passada - continua ele. A tensão entre os homens é quase tangível. Ninguém, ao que parece, sabe onde este discurso vai dar. E ninguém, pelo que parece, desconhece a história de Carlos. Minha história. - Espero que todos vocês a recebam com a mesma gentileza - acrescenta Warner, seus lábios rindo-se sem som. - Ela ficará conosco por algum tempo, e será um trunfo muito valioso para nossos esforços. O Restabelecimento dá- lhe as boas-vindas. Eu dou-lhe as boas-vindas. Vocês devem dar-lhe as boas-vindas. Os soldados baixam suas mãos de uma só vez, todos exatamente ao mesmo tempo. Eles se movem em conjunto, cinco passos para trás, cinco passos para a frente, cinco passos fixos na posição. Eles levantam o braço esquerdo ao alto e fecham os dedos em um punho. E caem de joelhos. Corro até o beiral, desesperada por olhar mais de perto tal rotina estranhamente coreografada. Nunca vi algo assim.

Estilhaça-me (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora