Capítulo 35

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Ninguém se move. O horror permanente está esculpido no rosto de Fletcher quando desmorona no chão. Estou tão impressionada pela impossibilidade disso sido que não consigo concluir se estou sonhando ou não, não consigo determinar se estou morrendo ou não, não consigo entender se é uma boa ideia desmaiar ou não. Os membros de Fletcher estão dobrados em ângulos estranhos sobre o frio chão de concreto. O sangue está formando uma lagoa em volta dele e ainda ninguém se move. Ninguém diz uma só palavra. Ninguém denuncia um só olhar de medo. Continuo tocando meus lábios para ver se meus gritos escaparam. Warner enfia sua arma de volta no bolso do casaco.
- Setor 45, estão dispensados. Todos os soldados caem de joelho. Warner desliza o amplificador de metal de volta para dentro de seu traje e tem de me arrancar do local onde estou colada. Estou tropeçando em meus próprios pés, meus membros fracos, doendo até o osso. Sinto- me nauseada, delirante, incapaz de segurar-me em posição vertical. Continuo tentando falar, mas as palavras estão pregando minha língua. Warner está tentando me fazer passar pela porta.
- Você deve mesmo comer mais - diz ele para mim. Estou pasmada, com olhos e boca escancarados, visto que sinto buracos por toda parte, perfurados no terreno de meu corpo.Olho para baixo e não consigo entender por que não há sangue em meu vestido, por que esta dor em meu coração toca-me de modo tão real.
- Você o matou - consigo murmurar. - Você simplesmente o matou... - Você é muito astuta. Por que você o matou por que você o mataria como pode fazer algo assim... - Mantenha os olhos abertos, Lauren. Agora não é hora de adormecer. Agarro sua camisa. Faço-o parar antes que ele entre. Uma rajada de vento bate-me no rosto e de repente estou no controle de meus sentidos. Empurro-o com força, fazendo suas costas baterem contra a parede. - Você me enoja. - Olho severamente dentro de seus olhos frios. - Você me enoja... Ele me gira, prende-me contra a porta em que acabei de segurá-lo. Ele pega meu rosto com as mãos em concha, mãos enluvadas, retendo meus olhos na posição. As mesmas mãos que ele acabou de usar para matar um homem. Estou imobilizada. Paralisada.

Levemente apavorada. Seu polegar pinta minha bochecha.
- A vida é um lugar frio - sussurra ele. - Às vezes você tem que saber atirar primeiro. Warner acompanha-me até meu quarto.
- Você deveria dormir - diz ele para mim. É a primeira vez que ele falou desde que deixamos o terraço.
- Vou mandar comida para o seu quarto, mas só se eu tiver certeza de que você não está perturbada. - Onde está Camila? Ela está segura? Está saudável? Você vai machuca-la? Warner hesita antes de retomar a tranquilidade.
- Por que você se importa? -Eu importo com Camila Cabello desde a terceira série. - Ela não devia estar me vigiando? Porque ela não está aqui? Isso quer dizer que você vai matá-la também? - Estou me sentindo estúpida. Estou sentindo valente porque estou me sentindo estúpida. Minhas palavras em sem paraquedas de minha boca. - Só mato pessoas se preciso. - Generoso. - Mais do que a maioria. Rio um riso triste, compartilhando-o apenas comigo mesma.
- Pode tirar o resto do dia para você. Nosso verdadeiro trabalho começará amanhã. Camila trará você para mim. - Ele retém meus olhos. Suprime um sorriso.
- Nesse meio-tempo, tente não matar ninguém.
-Você e eu - digo-lhe, a raiva fluindo-me pelas veias - você e eu não somos iguais... - Realmente não acredito nisso. - Você pensa que pode comparar minha... minha doença... com a sua insanidade.
-Doença? - Ele se lança à frente, bruscamente exaltado, e eu me esforço para manter-me firme no chão.
- Você acha que tem uma doença? - grita ele. - Você tem um dom! Você tem uma habilidade extraordinária que você não se preocupa em entender. Seu potencial... - Não tenho potencial!
- Você está errada. - Ele está olhando furiosamente para mim. Não há outra maneira de descrever isso. Quase poderia dizer que neste momento ele odeia. Odeia-me por eu odiar-me a mim mesma.
-Bem, você é o assassino - digo-lhe. - Então deve estar certo. Seu sorriso está atado com dinamite.
- Vá dormir.
- Vá pro inferno. Ele movimenta a mandíbula. Caminha até a porta. - Estou trabalhando nisso.

Estilhaça-me (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora