01. VIDA SIMPLÓRIA

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Charlotte WalshAbril de 2010Cynthiana - Georgia

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Charlotte Walsh
Abril de 2010
Cynthiana - Georgia

A voz da Katy Perry me acordou. Tateei o celular pela cama, tentando me lembrar por que diabos coloquei Firework como toque do meu despertador... Eu tinha amado a música, mas naquele instante eu a odiava com todas as forças.

A luz do aparelho me cegou por um momento enquanto eu lia o lembrete do alarme: "Hora de levantar sua vida futura depende disso".

Respirei fundo tentando me conformar, eu tinha que ir à escola, tinha que tirar ótimas notas para entrar em uma boa faculdade, e, então, conseguir minha sonhada liberdade.

A esperança de uma vida livre e cheia de aventuras me colocou de pé. Enquanto me arrumava digitei uma mensagem para Johnny: "Nos vemos no colégio. Te amo." Pensei melhor, apaguei o "amo" coloquei "adoro" . Ficou piegas, deixei apenas um emoji de coração. Era o suficiente.

Desci as escadas e liguei a cafeteira enquanto colocava um pouco de cereal em uma tigela. Não demorou muito meu irmão "senhor mal-humorado pela manhã" apareceu na cozinha e se serviu de café.

— Bom dia pra você também. — Ironizei.

— Bom. — Ele se limitou a dizer, enquanto bebia um grande gole de café. — Não demore, Charlie, não quero chegar atrasado ao trabalho.

Caminhou até a sala e pegou a jaqueta do uniforme de policial. Shane era do Departamento de Polícia de Cynthiana. Eu vivia com ele desde que pequena. Ele era meu calvário. Como todo bom irmão mais velho...

— É Charlotte, você sabe que eu odeio Charlie e também sabe que não precisa me dar carona, o Johnny pode vir me buscar enquanto meu carro não saí da oficina. — Devolvi, um tanto mais mal educada do que pretendia.

— Qual parte da conversa de ontem você não entendeu bem? Eu não gosto do seu amigo Johnny, eu não quero ele aqui na porta de casa e eu, definitivamente, não quero você andando de carro com ele. — Se tinha uma coisa que Shane Walsh sabia era ser categórico, mas eu já tinha acostumado.

— Ele não é meu amigo, é meu namorado. — Retruquei.

— Não enquanto você viver na minha casa. — Ele aumentou o tom de voz pra que eu ouvisse, enquanto eu subia as escadas para escovar os dentes.

— Você não é meu pai sabia? — Resmunguei depois de descer, passando por ele na soleira da entrada.

— Exatamente por isso. Eu já fui um Johnny. Esse tipo de garoto só quer uma coisa. — Devolveu enquanto trancava a porta.

— Você já "foi" como Johnny? A quem quer enganar? Você ainda é. E talvez eu não me importe com o que ele quer, porque eu quero a mesma coisa. — Falei superior.

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