27. UM REENCONTRO DOLOROSO

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Daryl DixonAtlanta

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Daryl Dixon
Atlanta

Um raio cortou o céu. Escureceria em alguns minutos e eu percebi que Rick e Michonne ainda não haviam voltado, e eu estava sentado no mesmo lugar desde que eles haviam saído.

Tudo que eu conseguia sentir naquele instante era o quanto eu era inútil. Deixei minha cabeça bater na parede enquanto enumerava todas as minhas falhas.

Fechei os olhos e pude ver Beth morrendo novamente, o corpo dela caído no chão e todo o sangue. Minha culpa. Eu não tinha que ter feito nada mais além de protegê-la, mantê-la viva e trazê-la de volta para a irmã. E eu falhei. Fiz tudo errado.

Percebi Carol sentando ao meu lado e cutucando o meu joelho com uma garrafa de água.

— Não vi você beber ou comer nada hoje. — Comentou com aquele jeito cuidadoso que ela tinha.

— Eu estou legal. — Resmunguei, sem vontade nenhuma de conversar.

— Não está. Isso abalou você... E eu tenho uma teoria do porquê. — Ela ficou calada um momento, esperando que eu falasse, mas eu continuei em silêncio. — A opinião geral é que você gostava da Beth... Mas não é nisso que eu acredito.

— Claro que eu gostava. Ela era família.

— Não é esse tipo de gostar... — Carol deixou a frase no ar.

— Ela era só uma criança. Era como a minha irmã. É o mesmo que eu sinto pela Maggie ou pelo Carl, ou mesmo pela Bravinha...

— Eu sei. — Ela me interrompeu. — Mas não era só isso. Você viu nela traços de uma outra garota que você costumava ver como uma criança. E queria proteger a Beth como queria proteger a...

— Mas eu falhei. — Não permiti que Carol terminasse a frase. Porque dizer aquele nome em voz alta ainda era como mexer em uma ferida aberta.

Uma maldita ferida que não cicatrizava, mesmo depois de tanto tempo. Mesmo que os gritos terríveis dela sendo devorada nos meus pesadelos não me acordassem mais a noite. Mesmo que eu não sentisse mais os lábios dela contra os meus. Mesmo que o perfume dela tivesse se esvaído por entre o fedor de morte. A imagem dela permanecia tão viva na minha mente, que era como se eu pudesse tocá-la.

Se eu fechasse os olhos eu ainda podia ver os dela, as doces íris caramelo e tudo que eu podia ver através delas. Porque tudo que ela era e sentia estava ali naqueles olhos. Era como navegar em um mar de emoções. E mesmo depois de tanto tempo, eu sabia que era por ter me afogado naquele mar cor de caramelo, que eu havia voltado a sentir de novo. Aqueles olhos me despertaram para a vida. E eu nunca seria capaz de esquecê-los.

Mas eu tinha falhado com ela, assim como tinha falhado com Beth. As duas estavam mortas... Eu nunca mais veria aqueles olhos caramelo de novo, assim como Maggie nunca mais abraçaria a irmã.

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