32. DOR, EMPATIA E ALGO MAIS

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Charlotte WalshProximidades de Washington

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Charlotte Walsh
Proximidades de Washington

Três semanas desde que saímos de Atlanta.

Vinte e um dias, desde que eu e Alex nos juntamos ao grupo de Rick.

Quase um mês vendo aquelas pessoas definharem dia após dia...

Enquanto ainda havia a esperança de encontrar algo na comunidade em Virginia, eles se mantinham tentando, aguentando com o máximo que podiam. Mas depois que essa esperança se esvaiu, depois que Rick voltou sem nada, a não ser o cadáver de Tyresse, eles foram esmorecendo pouco a pouco.

Cada um tinha seu motivo. Cada um tinha se isolado na própria dor de alguma forma, mesmo que tentasse parecer forte.

E a última semana acabara com o pouco que sobrara de qualquer coisa dentro deles. A comida foi se esgotando, as rondas sempre acabavam em nada. Estávamos há dois sem comer, eu quase três, pois guardei minha última refeição para dar a Judith depois. Não havia mais quase nada de água.

Eu já tinha percebido que não tínhamos rumo. Mas não ter rumo com aquele grupo, não era como ficar sem rumo com Alex... Estávamos literalmente no meio do nada. E ninguém parecia ter forças pra qualquer coisa.

Rick continuava. Tentava se manter firme. Mas eu podia ver o quanto estava quebrado, não ter um lugar para manter os filhos em segurança acabava com ele, ver as pessoas pelas quais ele era responsável morrerem, colocava um peso grande demais em suas costas.

Aquelas pessoas não sabiam viver sem um porto seguro, sabiam sobrevier, isso sem dúvida, mas não seria o bastante. Eles precisavam de esperança, e não encontrariam isso na estrada.

Alex estava certo, como sempre: eles precisavam de nós, porque não eram como a gente.

Abraham e Rosita eram os que podiam estar melhores com aquilo, mas, pelo que eu tinha entendido, tinham perdido a missão que os movera até ali, estavam sem rumo, sem objetivo e isso os colocava no mesmo patamar dos outros.

Talvez eu e Alex já tivéramos muito tempo pra nos acostumar a viver um dia de cada vez, sem planos e sem pretensões, sem esperar demais do futuro ou se preocupar com ele. Sobrevivendo como se fosse o primeiro dia, vivendo como se fosse o último.

Obviamente aquele grupo tirava a primeira parte de letra, eles eram fortes, tinha estratégia. Eram sobreviventes. Mas eles não entendiam a segunda parte: nenhum deles vivia, apenas se afogava dia a dia.

Sobreviver apenas, se tornaria um fardo pesado demais pra eles, se não vivessem, se não encontrassem pelo menos uma faísca de vida de vez em quando... Eles definhariam, e cedo ou tarde desistiriam. Porque só sobrevivemos por termos pelo que viver.

Rick pediu para que Maggie, Sasha e Daryl dessem uma volta pelos arredores em busca de água ou qualquer coisa comestível. Eles eram os três mais abalados e eu entendia que Rick os queria ocupar de alguma forma.

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