31. APRENDENDO A ACEITAR UM AMIGO

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Daryl DixonAlgum lugar da Virginia

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Daryl Dixon
Algum lugar da Virginia

Eu mal conseguia respirar. Era como se o ódio tivesse entupido todas as minhas vias respiratórias. Não bastava aqueles dois ficarem de romancezinho pra todo lado, eles ainda tinham que estar atrás de mim?

Inventei a porcaria da ronda atrás de suprimentos, só pra não ter que aturar os dois. Principalmente depois que os vi de mãos dadas na pousada, Charlotte encostada no ombro dele... O meu sangue ainda fervia com a lembrança.

Era uma raiva quase irracional. E doía.

Doía porque eu, mesmo pensando que ela estivesse morta, parei minha vida por ela, como se ainda esperasse por um regresso que, internamente, sabia que não aconteceria. Pois eu entendi que nunca seria capaz de dar a outro alguém o que eu dei a ela.

Eu queria que o gosto do beijo dela perdurasse na minha boca, não queria manchar isso com o gosto de mais ninguém.

Enquanto ela, por sua vez, seguiu em frente, mudou a vida toda, deixando uma impressão amarga de que simplesmente partiu sem olhar para trás, de que mesmo que pudesse não teria voltado.

E isso mostrava o quão certas eram aquelas palavras que, um dia, ela me disse na fazenda... "Nós nunca daríamos certo em qualquer outra realidade".

Ao mesmo tempo em que isso me matava por dentro, eu podia entender perfeitamente, afinal, por que motivo ela escolheria a mim? Eu era praticamente um ogro comparado ao amiguinho dela.

Talvez aquela fosse a minha maior raiva: um dia ter pensado que aquilo realmente podia dar certo...

Os dois riam de alguma coisa a minha direita, com Alex andando de costas, de frente pra ela, algo que, eu já tinha reparado, ele fazia muito.

Charlotte sorria, os olhos caramelo brilhando e a face mais leve, como se uma aura de felicidade a envolvesse quando ela estava perto do outro. E doeu novamente. Doeu que eu nunca a tivesse visto assim comigo.

Desde que eu a conhecera, Charlotte estivera triste, como se estivesse se afogando pouco a pouco em agonia... E eu sempre pensei que tudo isso era coisa do fim do mundo. Mas havia ficado claro naquele momento que, mesmo com os mortos tomando a terra, Alex ainda podia fazê-la feliz, ainda podia fazê-la rir como em um dia comum.

E isso mostrava o quanto os dois eram certos um para o outro, não só nessa realidade destruída em que vivíamos, mas em qualquer uma.

Respirei fundo e resolvi esquecer aquilo, seguindo alguns passos na frente. Tudo que eu queria era não ter que assistir a felicidade deles de camarote, porque isso doía como o inferno. Preferia que ela tivesse me apunhalado com a maldita faca que me devolvera na noite anterior.

Não fazia ideia, se ela sabia o quanto dar aquela faca pra ela tinha significado, talvez não soubesse, afinal não era um anel ou uma joia, era só uma maldita faca velha. Algo que ela tinha trocado facilmente pela tatuagem que exibia no braço.

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