17. SEM CHÃO

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Charlotte WalshFazenda Greene

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Charlotte Walsh
Fazenda Greene

Continuei a li parada com os olhos no chão, encarando o corpo de Sophia e seu crânio dilacerado...

Senti quando Daryl se aproximou e ergui meus olhos para ele. Parecia querer me tocar, mas eu sabia que ele não o faria ali na frente de todos. Carol havia partido a pouco, eu ouvira seu choro se afastando.

— Ela vai precisar de apoio. — Limpei as malditas lágrimas que escorriam. — Você pode...?

Daryl assentiu, mas ainda ficou ali por algum tempo até que Shane se aproximou pelo outro lado e ele saiu pisando duro, obviamente para não dar na cara do meu irmão.

Shane se abaixou e pegou minha arma, estendo-a para mim e tentando tocar meu ombro enquanto perguntava se eu estava bem.

— Fica longe de mim. — Respondi entredentes, enquanto arrancava a minha automática da mão dele.

— Charlotte, eu...

— Não! Não diz nada. Não quero ouvir você se fazendo de coitado agora. Não quero ouvir a sua voz. Só... Fica longe de mim, é sério. — Ergui a mão e dei vários passos para trás.

Percebi que algumas pessoas me encaravam, mas eu apenas dei meia volta e me afastei.

Percebi que Beth corria em direção aos corpos, chorando compulsivamente. Até eu, que não gostava muito dela, fiquei com dó.

Me afastei do acampamento, saindo para a estrada de terra que ficava na frente da fazenda e caminhando por um tempo, sem rumo ou objetivo.

Sabia que deveria estar com a Carol, estar ao lado dela, mas a verdade é que eu não fazia ideia do que ia dizer, não fazia ideia de como a gente ia superar isso...

Eu andava rápido, como se estivesse fugindo daquilo, quase correndo, mas por fim parei. Eu já estava há alguns quilômetros da fazenda e sabia que tinha que voltar. Eu tinha que ajudar a cuidar daquela situação, tinha que dar apoio a Carol, tinha que impedir o Shane de fazer mais besteiras. Eu não podia simplesmente fugir, não podia...

Respirei fundo, mas não fui capaz de dar outro passo, eu sabia que tinha, mas não me movi.

Apenas me sentei no chão, bem ali no meio da estrada de terra e chorei. Chorei tudo que eu não tinha chorado desde que aquela merda tinha começado. A lista de coisas pelas quais eu chorava era tão longa que eu sabia que Sophia fora só a gota d'água...

Eu estava sem chão, a esperança se esvaindo de mim em lágrimas pesadas, a dor se apossando do meu corpo e tudo deixando de fazer sentido.

Não sei por quanto tempo chorei, mas eventualmente as lágrimas secaram e, quando finalmente voltei a fazenda, um tipo de velório já estava montado.

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