29. MÁGOA E PERDÃO

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Charlotte WalshAtlanta

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Charlotte Walsh
Atlanta

Observei Carl e o bebê em seus braços por um momento, antes de finalmente dar os passos restantes. Ora ou outra eu teria que encarar aquela criança, então era melhor fazer logo, arrancar rápido feito um curativo colado na ferida...

Carl ergueu a cabeça e me encarou, parei onde estava, esperando a reação dele. Por fim, o menino sorriu e chegou um pouco para o lado, me dando um lugar para sentar.

— Você andou tomando suplementos pra crescer assim? Nada ilegal, eu espero. — Brinquei assumindo o lugar ao lado dele no chão.

— É bom te ver. — Carl respondeu ajeitando a irmã nos braços.

— É bom te ver também... Está tentando entrar em alguma banda de Rock Country? — Debochei me referindo ao chapéu e ao cabelo comprido.

Ele não respondeu, embora tenha sorrido minimamente, parecia meditar sobre algo.

Ficamos em silêncio alguns minutos, comigo evitando olhar para a coisinha pequena deitada no colo de Carl, tudo que eu podia ver era o cabelinho muito ralo de um castanho bem clarinho.

— Você está certa sobre o que disse para o meu pai, não foi justo e nem certo o que ele fez. — Afirmou na lata, olhando nos meus olhos, me passando uma força que eu nem sabia que ele tinha.

— Não... Ele fez o certo. — Retruquei séria, encarando Alex se acomodando em um canto, perto do ruivo chamado Abraham. — Ele fez o melhor que podia pra proteger você, a sua mãe e o bebê que ia nascer. Ele estava tentando proteger a própria vida. Dentre todas as escolhas que ele podia ter feito naquela noite, a única que realmente garantiria a segurança de vocês, a única que não tinha falhas, foi a qual ele escolheu, porque Shane não ia parar Carl, ele estava fora do controle.

— Mas você acabou de dizer para o meu pai que...

— Eu sei... — O interrompi, entendendo perfeitamente a confusão dele, afinal eu estava sendo contraditória. — Seu pai fez o que era certo, mas isso me machucou, me assombra até hoje, dois lados da mesma moeda. É uma merda, eu sei, mas é a vida. Eu fui pega no fogo cruzado e você não pode culpar seu pai por proteger vocês ao invés de mim, ele fez o que ele tinha que fazer.

Nos encaramos por um momento e Carl assentiu. Por mais que eu estivesse magoada eu não podia projetar isso no garoto. Rick era um ótimo pai e isso era indiscutível, sempre seria. E eu sabia com convicção desse fato porque afinal eu tive um pai de merda...

— Eu estou fazendo o que você disse. — Ele comentou e eu o encarei sem entender. — Sendo um bom irmão mais velho... — Explicou e me lembrei de uma conversa que tivemos no carro, bem no começo de tudo.

— Eu tinha certeza que você seria. — Assenti com um sorriso fraco.

— Quer segurar? — Ele levantou a garotinha e eu fiquei sem saber o que responder. — Ela se chama Judith.

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