26. COISAS QUE O TEMPO FEZ

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MichonneAtlanta

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Michonne
Atlanta

A tarde estava no fim, aquele momento entre o pôr do sol e o anoitecer de fato, e talvez isso contribuísse ainda mais para o clima doloroso que se infiltrara entre nós.

Havia uma parte boa e uma terrivelmente ruim em termos um padre no grupo. A boa era que, pela primeira vez, tínhamos um enterro digno, para alguém que, com certeza, merecia aquele tipo de homenagem. E a ruim era que aquilo parecia tornar tudo ainda mais triste.

Porque de tudo que havíamos perdido nas últimas semanas, a morte de Beth havia derrubado e atingido todos nós. Talvez porque ela fosse a única do grupo que ainda mantinha uma ponta de inocência.

E a forma como tinha morrido era de fato muito trágica. Ver o corpo dela sair de dentro daquele hospital, nos braços de Daryl, destruiu o pouco que ainda restava de nós.

Maggie estava devastada. Talvez pela forma como acontecera, afinal ela tinha se conformado que Beth sumira, mas havia esperanças que ela estivesse viva. E depois quando ela voltou para nos encontrar naquela igreja, a esperança cresceu ainda mais, apenas pra que a realidade a atingisse como um tiro, quando o corpo da irmã surgiu carregado.

Conseguimos uma van, e resolvemos passar a noite em um lugar que nos pareceu seguro.

Rick parecia uma fortaleza naquele momento, de pé, dando ordens, se negando a desistir, zelando pela segurança de todos, até pela dos novatos Noah, Abraham, Rosita, Eugene, Tara e, é claro, o padre Gabriel.

Ele não desistia, seguia em frente mesmo e apesar de tudo, e talvez essa fosse a coisa que eu mais admirasse nele...

Aquela família me trouxera de volta, porque sim, eu havia desistido. Aprendi muito com eles, e tinha aprendido a amá-los como amaria meu próprio sangue. Os seguiria até o inferno, se fosse preciso.

Carl estava sentado no chão com a irmã, os olhos perdidos em um ponto qualquer. Ele não parecia triste, só inerte, mergulhado nos próprios pensamentos. Comecei a caminhar até ele, mas Rick me chamou e eu dei meia volta.

Ele queria levar Noah pra casa, uma comunidade na Virginia com cerca de vinte pessoas, muros e alguma segurança. Ele queria fazer pelo garoto, por Beth, e eu sabia, por nós também. Rick era o tipo de homem que almejava segurança para todos; a estabilidade de um lar. Algo que tínhamos na prisão, mas que nos foi arrancado de maneira brusca.

— O que você decidir, eu estou com você. — Declarei firme e ele sorriu de leve. Um sorriso muito característico de Rick Grimes, algo que irradiava meu peito por dentro, como se fizesse a vida correr pelas minhas veias de novo.

— Precisaremos de alguns suprimentos, outro carro e gasolina. Mas nem todos estão bem pra sair em rondas. E a cidade é muito arriscada. — Os olhos dele seguiram para Daryl sentado no chão, uma flecha entre os dedos, afundado em uma tristeza que só de olhar dava angústia.

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