04. ACAMPANDO COM ESTRANHOS

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Charlotte WalshArredores de Atlanta

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Charlotte Walsh
Arredores de Atlanta

Nosso "luxuoso" acampamento foi montado em uma colina próxima a uma pedreira e um grande lago, a noroeste de Atlanta.

Esperávamos que a altitude elevada e a grande irregularidade do terreno dificultassem a chegada dos doentes até nós. Mas eu não acreditava muito nessa teoria, afinal uma coisa que continua viva depois de ter um pedaço enorme de madeira atravessado pela barriga, podia muito bem dar um jeito de subir um morrinho... Claro que ninguém ouviria "a menina de quinze anos" — Palavras do Shane, é claro, que gostava de ignorar o que dizia minha certidão de nascimento. — Então ficaríamos por ali mesmo.

Na verdade, os únicos preparados pra acampar eram os irmãos da caminhonete, que eu havia descoberto serem os Dixons. De resto éramos um grupinho mequetrefe com algumas barracas e sacos de dormir. Os carros foram estacionados no terreno e as pessoas que não tinham os dois itens anteriores dormiam nos veículos mesmo.

Apenas algumas horas naquele lugar, e eu já estava de saco bem cheio dele....

A madrugada tinha chegado junto com o vento gelado típico do horário. A maior parte das pessoas já estava dormindo. Shane tinha montado nossas duas únicas barracas, Lori e Carl ficaram com uma e ele e eu dividiríamos a outra. Acho que nem preciso dizer que preferi o carro mesmo, certo?

O velho Dale, dono do único trailer, se oferecera pra ficar de vigia primeiro. Ele e o japonês Glenn, que na verdade era coreano, estavam em cima do veículo com um binóculo, uma cadeira de praia e uma espingarda de caça. Ótima proteção. Só que não.

Eu estava inquieta, primeiro porque estava entediada, segundo porque queria muito mesmo ir ao banheiro. Respirei fundo. Maldita bexiga, eu estava em um acampamento estranho, no meio da madrugada, com mortos voltando a vida andando por aí querendo comer minha carne e com o tornozelo quebrado, não era hora da minha bexiga se rebelar contra mim...

Olhei ao redor. Realmente aquilo não era algo que podia esperar. Procurei debaixo do banco, onde eu sabia que Shane guardava uma arma reserva, mas ela não estava lá. Encontrei uma pequena faça de caça no porta-luvas. Se eu ia sair pelo meio do mato a noite não ia ser desarmada.

Nas últimas semanas descobrimos que os doentes só viravam aquelas coisas depois de mortos e que pra morrerem de vez tínhamos que lhes acertar a cabeça, nada mais adiantava.

Alguns tinham dúvidas se depois da transformação ainda sobrava algo da pessoa antiga, mas eu tinha visto bem de perto que não. Aquelas coisas não passavam de bichos, puro instinto. Eram lentos, mas um passo em falso e eles não poupariam a vida de ninguém.

Acabei vencida pela minha bexiga e desci do carro. Sem fazer ideia de onde iria, me afastei alguns metros, uma árvore discreta seria suficiente. Isso era degradante.

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