Dizer que dormi na noite passada era tamanha mentira.
Creio que virei de um lado para outro, pelo menos, umas vinte vezes. Simplesmente não conseguia encontrar uma posição confortável para dormir.Pela manhã, acordei com orelhas profundas. Não que eu me importasse muito com beleza, mas era perceptível. E outra coisa que era perceptível também, era a falta de cuidado com a minha aparência.
Com tanta obrigação e treinamentos que faz tempo que deixei de me cuidar. Nem sei mais o que é fazer unhas e escovar os cabelos. Pois é. Certos sacrifícios devemos fazer quando se tem vidas em sua responsabilidade.
Dimitri já tinha se levantado. Estava voltando do banheiro enrolado em uma toalha da cintura para baixo.
- Bela forma de dizer bom dia. Uma verdadeira tentação. - disse apontando para o seu corpo.
Ele sorriu de lado e se aproximou de mim. Apanhou o meu rosto com as suas mãos abilidosas e inclinou o meu rosto para perto do seu, me beijando.
- E agora? - Dimitri ergueu uma sobrancelha. - Está melhor o bom dia?
Voltei a lhe beijar.- Mmm. - murmurei. - Muito melhor.
- Então. - disse ele me puxando junto a cama. - Acho que temos mais alguns minutinhos antes do café.
(...)
- Quê? Agora essas mulheres tem de vim aqui quase todos os dias? - cuspi as palavras.
Dimitri que estava alheio mexendo na pulseira de prata em meu braço levantou os olhos para vê do que eu estava reclamando. E a sua feição vacilou um pouco. Como sempre acontecia quando se tratava delas.
- Isso deve ser coisa de Olena. - respondeu simplesmente voltando sua atenção para a pulseira.
Não pude conter a minha raiva e levantei-me do sofá indo em direção à cozinha.
Carolina e Carol sorriam de algo que Olena estava lhes contando.
- Bom dia. - murmurei apanhando uma xícara.
- Oh Rose. - Olena sorriu. - Sente-se com a gente. Estamos relembrando o passado.
Enquanto enchia minha xícara com o café amargo, olhei em direção às duas garotas e sorri.
- Adoraria ouvir o que de tão interessante vocês tem a dizer.
- Então quer dizer que Carolina foi a primeira namorada do Dimitri na Academia? - ergui uma sobrancelha.
- Isso mesmo. - Carolina sorriu toda orgulhosa.
Adoraria enfiar um garfo nessa sua língua, sua cobra.
- Interessante. - Eu disse. - Um tanto discutível.
- Por quê discutível? - Carolina franziu o cenho.
- Você é assim também? - me direcionei a Carol. - Lenta e sem cérebro.
Carol deixou de lado o pedaço de pão preto que estava comendo e gargalhou.
- Não. - disse ela. - Pelo visto não somos tão gêmeas assim.
Carolina olhou indignada para sua irmã, mas se calou. Creio que já estava acostumada com os seus comentários.
- E você, Rose. - se pronunciou Caroline. - Faz quanto tempo que está com o Dimka?
- Um ano e meio.
Vi Carolina engolir a seco.
- Hm. Entendi.
Mas pelo visto ela não entendia nada. Voltou a tomar o seu chá com o olhar longe, pensativa.
Eu voltei para a sala, porém Dimitri não estava mais. Enquanto eu pensava em várias questões que talvez explicasse minha teoria, uma sombra se formou à minha frente. Era Carol.
- Hey. - Eu disse. - Quê? Não aguentou mais dividir a mesa com sua irmã?
- Já estou acostumada com ela. - Carol disse olhando para a cozinha.
- Por mais sem cérebro que seja ainda é sua irmã, não? Entendo.
- É. - ela respondeu. - Você está gostando de ficar por aqui, pelo visto? Sei que protege a Rainha. Então...
Meus sentidos ficaram aguçados ao ouvir uma pessoa que nem conheço tão bem assim falando sobre Lissa.
- Então, é. - sibilei. - Meio que estou de férias.
- E você não se preocupa em deixar ela sozinha?
Aonde ela está querendo chegar?
Eu sorri. Um sorriso debochado.
- Oh céus. Sozinha? Ela está cercada por dúzias e mais dúzias de pessoas tanto quanto de Guardiões.
Carol sorriu mostrando um brilho peculiar nos olhos.
- Nunca se sabe. - disse ela
tamborilando os seus dedos longínquos pelo jeans. - Quando algo vai acontecer.