Estranho

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Larguei da escola ás 1:30 PM, como sempre. Dirigi sozinha até em casa enquanto observava as flores dos vizinhos.

Ao chegar em casa, larguei a bolsa no sofá e ouvi meu irmão mais velho arquejar.

-Desculpa, Brendon. – Sussurrei enquanto ele levantava

-Tudo bem. – disse jogando a bolsa de volta para mim. – melhor não fazer bagunça na casa. Mamãe está uma fera hoje.

Fui para meu quarto e fechei a porta ao entrar e tirei o tênis e afoguei na cama. Menos um dia nessa minha existência medíocre. Peguei o telefone no bolso da bolsa e coloquei o fone no ouvido enquanto lia um livro.

Não notei que já tinha anoitecido, apenas quando a minha mãe apareceu no meu quarto resmungando algo sobre depressão e adolescentes rebeldes. Ela cutucou minha perna e apontou para baixo e fez o número três com as mãos. Está na hora de jantar, presumi.

A mesa redonda estava meus pais, meu irmão e eu. O silêncio durou pouco.

-Como foi a escola hoje? – perguntou meu pai comendo uma coxa de frango grande com as mãos.

-Normal. Aulas entediantes, alunos chatos e vontade de suicídio constante – respondi examinando a comida sem tocar nela.

- Bay! – Brendon chutou minha perna.

A veia do pescoço do meu pai começou a latejar, mas mamãe o conteve.

- Calma, Boyd. Ela é só uma adolescente. É só uma fase. – minha mãe me fulminava com o olhar.

-Sim, papai. É só uma fase. Ano que vem acaba. – sibilou Brendon.

No fim da refeição, eu mal toquei na comida, mas ninguém ligava. A não ser Brendon que me encarava. Mamãe estava quase se levantando da mesa quando Brendon tocou sua mão enquanto limpava a garganta.

-Eu tenho algo para contar a vocês. – disse sorrindo.

Aposto que eles pensavam em ser "Entrei para uma faculdade", "Arrumei um emprego digno e vou largar a minha banda"," parei de fumar" ou até mesmo "vou me mudar". Mas eu sabia o que era. Rapidamente me ajeitei na cadeira, afastei o prato e apertei a mão de Brendon.

-Eu estou namorando.

Mamãe visivelmente abaixou as expectativas.

-Que ótimo filho. Quem é ela? Quando vamos conhece-la? – animou-se papai.

- Na verdade, vocês já conhecem.

-E quem é?

-Pai, mãe – começou ele e senti sua mão tremer – é o Dallon.

Papai bufou. Mamãe se levantou abruptamente e começou a tirar a mesa depressa. Como se não tivesse acontecendo nada. Papai estalou o pescoço e bateu o pesado punho na mesa.

- FILHO MEU NÃO É VIADO. –gritou ele.

Mamãe chorou baixinho enquanto lavava os pratos. Apertei mais a mão de Brendon que além de tremer muito também suava demasiadamente.

- Papai. Os dois se amam. – falei tentando acalma-lo mas isso obviamente o deixava mais furioso.

-Homem não ama outro homem, Bailey. Vá para o seu quarto. Eu vou conversar com Brendon.

Brendon e eu gememos juntos ao entender simultaneamente que tipo de conversa era.

-Pai, não. – Brendon chorava – amor não é uma escolha.

O Final Feliz Prometido [2014]Onde histórias criam vida. Descubra agora