O Final Feliz Prometido [2014]

O Apoio da Família

Joguei aos chaves na mesa de centro e andei até a cozinha.

-Como Brendon está?

-Está melhor. – respondi.

-Você, por favor, pode dizer algo a ele? – ela colocou a travessa de bolo de carne sob o fogão e se virou para mim.

Seus olhos estavam inchados e seu cabelo arrumado num coque no topo da cabeça. O avental que ela usava era florido e seu vestido verde liso chegava até o tornozelo.

-Dizer o que?

-Que... – ela voltou a chorar e eu revirei os olhos.

-Tudo bem. Já entendi. Ele não está com raiva de você e eu contei que você tentou salva-lo.

Ela ergueu a cabeça e secou as lágrimas.

-Ele se lembra?

-Não muito. – eu me levantei e fui me servir da comida.

-Algum problema eu ir lá agora?

-Agora? Mas já são 9 p.m. – eu observei

-Quero pedir perdão. Ele é um filho maravilhoso. Independentemente de ser gay ou não.

-Minha nossa! – eu exclamei sentando-me na cadeira do balcão.

-O que foi?

-Você parece outra pessoa longe do meu pai.

-Por falar nisso, amanhã vou dar entrada no divórcio.

-Isso é sério?

-Você tinha razão. Eu não o amo, nunca amei. Só sentia a necessidade de ficar com ele.

-Eu nunca disse isso.

-Você não teve essa intenção, mas só foi preciso disso para que eu abrisse os olhos.

-Que bom que eu ajudei. As chaves estão na mesa de centro.

Mamãe tirou o avental e me abraçou, entretanto eu não a retribui. Quando ela saiu eu avisei a Dallon que ela estava a caminho.

Terminei de comer e subi os degraus para meu quarto. Me arrumei para dormir e esperei Kishan me ligar. 11 p.m. perfeitamente.

-Boa noite, Blaik Parl.

-Boa noite, gatinho.

-Tenho boas notícias. – ele fez uma pausa.

-Continue, não te interrompi.

-Entrei no site da Universidade de Artes de Nevada e adivinha?

-Não creio.

-Sim, já agendei sua entrevista para a vaga no curso de cinema. – ele terminou de falar e senti o coração dar um pulo.

-Kishan, eu poderia ter agendado.

-Eu quis te fazer uma surpresa.

-Parabéns, conseguiu.

-Que bom – ele riu

-O problema é que a mensalidade dessa faculdade é uma fortuna e não venha querendo bancar tudo.

-Tudo bem, nós damos um jeito nisso.

-E você? Já decidiu que curso vai fazer?

-Eu gosto de astronomia, mas o campus da universidade fica do outro lado do estado. Então estou pensando ainda.

-Não, Kishan. Não faça isso.

-O que estou fazendo?

-Escolhendo entre a faculdade e eu.

-Não tem escolha alguma. Você é absoluta. Só tenho que adaptar minha vida a você.

-Não tem que adaptar nada. – alterei a voz, estava irritada. – Você vai para a universidade.

Ele riu.

-Aposto que você está vermelha.

-Estou. Você escutou o que eu disse? – eu apertava o celular que parecia que ia explodir na minha mão.

-Escutei – ele suspirou – mas se eu entrar para a faculdade vamos ficar separados por... – ele parou para fazer as contas.

-7 anos – eu respondi poupando o trabalho dele.

-7 anos? – ele repetiu incrédulo – Impossível. Vou estudar artes também.

Eu ri.

-Kishan, - eu comecei – tem feriados, férias e uma coisa fascinante camada webcam.

-Mas eu vou querer sentir seu cheiro, vou querer toca-la... Não. – ele suspirou diversas vezes enquanto eu ria de seu desespero – está decidido. Vou estudar artes.

Eu bufei.

-Você não entende nada de artes. Fica com as estrelas.

-Espera um pouco – ouvi ele se mexer e sua voz ficou abafada – Ren, se a Kells fosse estudar longe o que você faria?

-Kishan! – gritei.

-Qual a distância? – perguntou Ren

-Um estado. Mas isso faz diferença?

-Na verdade, não. Eu iria atrás dela. Como já fiz. – Ren terminou.

-Ouviu? – Kishan voltou a falar comigo – Eu vou com você.

-Não. Você esqueceu de... – comecei

-Bailey, não tente discutir com ele – começou Ren – Para começo de conversa, nós somos ricos, ele não precisa de um diploma. Ele só quer ficar perto de você.

Eu bufei novamente.

-Estou vendo que eu não vou ter chance.

-Acredite. Eles dois conseguem ser bem persuasivos – gritou Kelsey a distância.

Eu ri e bocejei.

-E agora? – começo Kishan – ainda quer discutir isso?

-Tirou do autofalante?

-Sim, estou voltando para o meu quarto.

-Não dá para discutir com você sobre isso. Você tem apoio demais. Só queria que você estudasse algo que gostasse.

-Eu gosto de você. Tem como estudar você?

Eu ri.

-Boa noite, Blaik Parl.

-Boa noite, gatinho.