Mary

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- Eu vi como a Kelsey reagiu a morte do Ren, - começou Kishan – Vi que ela o amava e o amaria para sempre. Eu só estava atrapalhando o caminho deles.

Eu o observava atentamente, ele não demonstrava nenhum arrependimento.

-Quando Phet disse que Durga precisava de um tigre, Ren disse que não iria, não ligava se Durga precisava ou não dele. Ele queria a Kells, ele precisava dela. Eu não queria ficar no passado. Não queria ser um maldito tigre, queria uma família. Ter minha própria história e não só ser o tigre da Durga. Eu dei um tigre a ela, um tigre qualquer. Ela ficou furiosa. Disse que queria a mim. Kelsey e Ren apenas nos observava. Não reagiram quando ela disse que teria que ser eu o seu tigre. Phet acalmou Anamika e os dois assentiram com a minha proposta.

-Eles aceitaram assim? Numa boa?

-Não. Logico que não. Me ameaçaram. Disseram que eu enganei o destino e o preço será pago. Que meu destino é ser o tigre de Durga. Quando voltamos, estava tudo muito estranho para mim.

-Por que você abriu mão da Kelsey? – perguntei.

-Porque eu estava me enganando achando que ela me amava. Ela pode ter me amado mas não como ama Ren. A ligação dela com Ren era notável, só eu que não queria ver. Quando deixei ela ir, senti um vazio, como se nunca mais fosse ser feliz. Cheguei até a me arrepender de ter voltado com eles, mas Nilima me apresentou a faculdade, foi então que decidi fazer algo na vida ao invés de ficar pensando no passado. O que está feito, está feito. Coloquei na cabeça que eu traço meu caminho, eu tomo minhas decisões, mas também arco com as consequências. Me perdoa por não contar toda a verdade a você.

Ele estendeu a mão e esperou minha reação.

Eu absorvi tudo. Ele deixou tudo para trás, não sinto nenhum sinal de arrependimento nele. Eu estendi a mão e ele me puxou para um abraço.

-Você acha que faço parte do seu destino? – perguntei aninhada em seu peito forte.

-Claro. Quero que você esteja sempre nele.

-Mas, e se Phet tiver razão? – levantei a cabeça para comtemplar seus olhos – E se o preço a ser pago tiver haver comigo?

Senti seu corpo enrijecer.

-Eu não deixarei nada acontecer com você. – ele me apertou e beijou minha testa.

Comi a pipoca enquanto assistíamos o filme e acabei dormindo em seu colo.

Acordei num quarto escuro, os lençóis da cama eram de seda. Passei a mão ao meu redor e percebi que estava sozinha. Liguei o abajur e fui ao banheiro que por coincidência (ou não) era também o banheiro de Kishan, abri a porta do quarto dele e o vi, estava sem camisa coberto por um edredom felpudo negro.

-Você está vestido? – sussurrei sabendo que ele me ouviria

-Estou. – respondeu sem se mexer.

Deitei ao seu lado e o abracei.

-O que aconteceu com "eu quero ir devagar"? – perguntou se virando para mim.

Não respondi e então ele me envolveu no edredom que me lembrava seu pelo de tigre e até tinha seu cheiro. Eu odiava edredons, mas era impossível odiar aquele.

No café da manhã do dia seguinte, Kishan serviu várias panquecas para nós, ele estava sorridente e cantante, deu bom dia até para um passarinho que voou pela janela.

-Qual é o motivo de tanta felicidade? – me perguntou Ren sentando ao meu lado.

Eu dei de ombros.

O Final Feliz Prometido [2014]Onde histórias criam vida. Descubra agora