O Fruto Dourado

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Levantei a cabeça rapidamente e quase me choquei a Kelsey.

-Outro sonho? – perguntou

Concordei com a cabeça.

Olhei para Ren e Kishan, os dois estavam boquiabertos olhando para a minha mão esquerda.

-Onde você conseguiu isso? – Kelsey levou as mãos a boca.

-Eu peguei ela numa arvore.

-Foram os Kappa que fizeram isso? – Ren apontou para os cortes no meu corpo.

-Kappa? Não. Foram as agulhas que saiam das arvores.

-Acho melhor você tomar banho. – falou Kelsey

Olhei pela janela, já tinha anoitecido. Voltei a olhar Kishan, ele parecia magoado.

-Vamos. Consegue levantar? – Kelsey me ergueu do sofá com dificuldade – Eu te ajudo a se banhar.

-Eu estou bem, Kells. Sério.

Dei o fruto para Kishan e subi a escada cambaleando.

Liguei o chuveiro e a agua que saía pelo ralo era vermelha.

Vesti um short de lycra roxo e uma blusa verde, cortesia da Kelsey.

Saí do banheiro e vi Kishan batendo a cabeça na parede.

-O que houve? – eu fui até ele e o fiz parar.

-Você morreu... de novo. – ele se virou para mim.

-Anamika disse que é temporário. – eu abri um sorriso torto – Eu estou bem.

Ele alisou os meus cortes.

-Como foi o sonho dessa vez? – ele me perguntou.

Nos sentamos na cama e eu o contei o "sonho".

-Um túnel? – ele pareceu espantado.

-Sim. Passei por ele e entrei direto na sala de estatuas de macacos.

Descemos para a cozinha e Ren examinava o fruto. Kelsey conversava com alguém no telefone.

Fui até o fogão, enchi um prato de comida, digno de tigre e me sentei ao lado de Ren.

-Quer suco? – ele me perguntou sorridente.

-Quero. – respondi com a boca cheia de comida.

Um copo de suco de laranja se materializou ao lado do meu prato e eu arquejei assustada.

-O que foi isso? – perguntei engolindo a comida.

-Esse – ele ergueu a manga – é o fruto dourado.

-Ele produz alimentos. – continuou Kishan – Ele é um dos prêmios da Durga.

Kelsey voltou e se sentou ao lado de Kishan a minha frente.

-Nilima já está a caminho. – anunciou – Vai ser bom ter a família toda reunida.

-Conte-nos, Bay... – pediu Ren – como você conseguiu isso de volta?

Contei novamente a história para eles.

-Fascinante. – começou Kelsey – Eles te ajudaram.

-Eles quem? – perguntei tomando o resto do suco.

-Anamika e Phet – concluiu Ren.

-Phet? Não me lembro dele estar lá e porque ele me machucaria?

-A pergunta de verdade aqui é: Porque Anamika quis que você pegasse o fruto? – concluiu Ren.

-Será que eu morro se eu voltar a dormir?

Kelsey deu de ombros e eu me virei para Kishan.

-Gatinho, que tal nós quarto assistirmos um filme?

-Boa ideia. – animou-se Kelsey.

Fomos para a sala e colocamos "Frankenstein de Mary Shelley" e pedimos para o fruto dourado dois baldes enormes de pipoca.

No fim do filme, Ren levou Kelsey adormecida para o quarto e não voltou mais.

Kishan e eu fomos para o quarto, eu o abracei e comecei a chorar.

-Não quero mais que você fique assim.... Você está triste. – falei entre soluços e lágrimas.

-Ver você morta é uma tortura. – Kishan me apertou mais.

-Eu estou com medo de dormir.

-Eu também.

Eu me afastei dele e me deitei na cama.

-Eu fiquei fria? – perguntei

-Ficou. Seu rosto perdeu a cor. Parecia que você estava morta a dias pois seu corpo começou a ficar seco e fúnebre.

-Anamika disse "O tempo está acabando", será que se o tempo acabar eu morro de vez?

Kishan se aninhou ao meu lado e beijou meu pescoço.

-Eu não quero saber a resposta para essa pergunta.

Meu corpo estava esgotado, eu implorei mentalmente por uma noite de sono. Kishan ficou acariciando meus ombros e eu logo adormeci.

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O Final Feliz Prometido [2014]Onde histórias criam vida. Descubra agora