Capítulo 2: Visões

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Rafael Oliveira, 29 de março de 2016.

[Rafael: Tá gravando?]

[Alycia: Está.]

[Rafael: Que barulho foi esse?]

[Lândyson: Nada, foi só o vento que bateu a janela. Começa logo. Rápido, não podemos perder tempo.]

***

Lembro-me do frio. Uma forte chuva lavava as ruas do Morro do Chapéu e devido a isso tive que esperar no carro. O terminal rodoviário não era um abrigo recomendável, pois, se tratava de um mero guichê onde se podia comprar a passagem e algumas coisas, como doces, água e outras besteiras.

Conferi o relógio, marcava meia noite e alguns minutos. Olhei para a pista e não havia nenhum sinal do ônibus. A noite estava estranha. O som da chuva açoitando o carro me dava calafrios.

Estava ali a mais de duas horas, o sono começava a me dominar. Liguei o som do carro, tinha que me manter acordado. Pulei algumas músicas até chegar em "Sweet Dreams" do Marilyn Manson.

- Já chegaram? - havia me esquecido que Lara, a minha irmã caçula, estava dormindo no banco de trás.

- Ainda não. - respondi enquanto diminuía o volume do som.

- Vai demorar para chegarem? Estou com fome. - queixou- se enquanto amarrava o cabelo cacheado.

- Creio que já estejam chegando. - supus.

Mais trinta minutos se passaram. Lara adormecera mais uma vez no banco de trás, a chuva teimava em cair. Fechei os olhos e mergulhei num breve cochilo esperando recuperar as energias, afinal, a viagem de Salvador ao Morro do Chapéu havia sido cansativa.

Cochilei pelo que julgo terem sido meros três minutos quando me acometeu a estranha sensação de estar sendo observado. Me ajeitei no banco, conferi se Lara estava bem, dormia como um anjo. Relaxei. Por alguns segundos ao menos.

Uma forte dor de cabeça me fez levar as mãos aos olhos. Imagens confusas passaram a tomar a minha consciência: uma criança - um menino de no máximo cinco anos -, estava numa floresta observando a lua cheia, ao seu lado estava uma figura trajada com uma capa preta. Ambos de costas. A pessoa de preto estendeu a mão para o menino que a segurou. A figura misteriosa o olhou por cima do ombro e uma forma grotesca do que parecia um de bico prateado semelhante ao de uma garça reluziu sob a luz do luar. A dor diminuiu, ao recobrar a consciência notei algo parado a alguns metros do carro.

A minha visão turva devido a dor de cabeça e o breu da noite dificultaram a identificação do que estava diante de mim. Forcei a vista, limpei o vidro e me aproximei na esperança de ter uma visão mais clara. Consegui identificar uma pessoa vestida com o que parecia ser um sobretudo preto, um capuz lhe ocutava o rosto. Desci do carro, algo estava errado e queria saber o que era.

Ai veio a surpresa: não havia ninguém.

Teria sido uma alucinação?

Vasculhei ao meu redor, mas nada havia. A sensação estranha ainda me torturava. O único som era o da chuva, a iluminação ficava por conta do guichê batizado de terminal rodoviário e pelo fraco farol do carro. Voltei para o automóvel ainda dominado pela sensação de que algo de estranho estava acontecendo.

- Você está bem? - Lara estava ao meu lado, seu olhar preocupado denunciava o seu medo.

- Achei que havia visto algo, não foi nada demais. - respondi.

- Mais uma daquelas visões suas? - questionou ela referindo-se às manifestações do meu dom mediúnico (falo sobre isso em outro momento).

- Não, foi bobagem.

Ao longe uma luz se revelou no meio na escuridão e o som do que parecia ser um ônibus reverberou no tortuoso silêncio que nos rodeava.

- Chegaram. - anunciou Lara.

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E então galera, as coisas estão ficando estranhas ou será que é coisa da cabeça do Rafa?

No próximo capítulo, conheceremos mais a fundo os outros personagens e nossos heróis finalmente chegam à Chapada Diamantina. Animados?

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