Capítulo 16: A Pasta

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29 de Março, 08h51

[Pronto, está gravando.]

A voz de Maicon demonstrava tensão, havia receio em seu modo de falar, insegurança. Ouve-se o som de um objeto sendo jogado sobre a mesa: a pasta.

- Bom, foi essa a pasta que Matias nos entregou. - anuncia Rafael - Só tem umas coisas confusas.

- Tipo o quê? - questiona Lândyson.

- Fichas de desaparecimento de seis crianças inclusive a da Sofia, a filha do Matias, os cartões negros com os símbolos como o que recebemos, fotos e informações sobre os casos. - durante a fala de Rafael, Lândyson começa a folhear os documentos - Bom, eu não entendi praticamente nada, não sei ler essas coisas.

- Muito menos eu. - concorda Lândyson - Temos que esperar o Matias entrar em contato.

- Ele falou quando faria isso? - indaga Maicon.

- Disse que breve. - responde Rafael - Mas a questão é: devemos confiar nele?

- Ele se abriu conosco, expôs o caso da filha, nos deu essas informações... Acho que devemos dar um voto de confiança a ele. - sugere Lândyson - Aliás, que outra opção nos resta?

O silêncio dos outros dois que estavam presentes no quarto deixa evidente o receio, porém, o argumento do amigo havia sido bastante convincente. Não havia opção.

- Agora temos que estudar os outros casos e descobrir qual o critério de escolha desse homem. - sugere Lândyson - Todo criminoso que comete crimes em série possui um padrão de vítima, só temos que analisar os documentos e descobrir qual.

- E montarmos uma emboscada. - intui Rafael.

- Exatamente, sabendo como ele age é mais fácil o encontrar e pará-lo. - Lândyson retira o celular do bolso - O Matias está ligando.

- Põe no viva voz. - pede Rafael.

Assim é feito.

- Lândyson, correto? - pergunta o homem do outro da linha - Aqui quem fala é o Matias.

- Oi cara, e ai alguma novidade? - Lândyson buscava manter seu tom sereno, toda cautela é necessária. Os demais se mantêm calados, atentos à conversa.

- Sim, algumas. - responde o policial - Poderíamos nos encontrar às 13h? Temos muito o que conversar, e assim eu poderia estar explicando todo o conteúdo da pasta com mais calma.

O silêncio toma conta do ambiente por alguns segundos, o único som é o de breves sussurros. Depois de um "Oi, me ouviu?", vindo do outro lado da linha, a resposta vem por meio de Rafael:

- Claro.

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