Capítulo 14: Novas Descobertas

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29 de março, 08h22

[Rafael: Colocou o celular para gravar?]

[Lândyson: Coloquei. Alycia?]

[Alycia: Oi.]

[Lândyson: Não se esqueça do que ensaiamos.]

[Alycia: Vou tentar.]
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O grupo desce do carro e segue rumo a delegacia, ofegavam, a ansiedade os dominava. Alycia repetia para si, em sussurros, a pequena história que haviam ensaiado para  contar a polícia, ninguém queria levantar a ira daquele lunático.

- Bom dia. - cumprimenta Rafael ao entrar na sala.

- Dia... - repete o homem de voz barítona, Matias.

- O delegado não está? - indaga Lândyson - Temos novidades sobre o caso.

- Ele teve que dar uma saída, mas vocês podem falar comigo. A garota apareceu?

- Não, mas sabemos onde ela está. - afirmou Alycia para o espanto dos rapazes que reagem negativamente, não era esse o combinado.

- Ótimo. - diz o investigador - Isso facilita ainda mais as coisas. Contem-me tudo o que descobriram.

- Droga, você não deveria ter dito. - reclamou Lândyson.

- Como não? - questiona Matias - Se vocês realmente querem encontrá-la nenhum detalhe pode ser omitido. O que mais vocês estão escondendo?

A tensão domina o trio que se cala. Lândyson rompe o silêncio, tentava criar uma desculpa satisfatória mas lhe faltavam argumentos convincentes, gaguejava tentando organizar a defesa.

- Fomos contatados pelo sequestrador. - as palavras de Rafael pesam no ambiente e desperta no investigador o espanto. - Ele invadiu o nosso quarto na noite de ontem, pintou um pentagrama na parede e nos deixou um primeiro bilhete com uma série de símbolos.

- Bilhete? - o tom de voz do policial mudara, havia se tornado vago, como se as informações o tivessem afetado - Posso vê-lo?

- Eu o trouxe. - Lândyson trazia na voz a indignação, estava receoso com o rumo que a coisa tomaria daí pra frente - Não sabemos o que significa.

O homem pega o pedaço negro de papel e sussurra: Não pode ser. Estava incrédulo, sua fala saía com dificuldade, a informação o havia acertado como um soco.

- Como vocês sabem que se trata do sequestrador? - pondera - Isto é, caso ela tenha sido sequestrada de fato.

- O que o senhor está insinuando? - Alycia ri notoriamente chateada - Está dizendo que nós forjamos essa situação?

- Longe disso, eu quero apenas ter a certeza de que mais nenhum detalhe está sendo omitido por vocês. - explica - Afinal, vocês tem que concordar que não começamos bem a conversa.

- Sabemos que foi o sequestrador por uma série de fatores. - objetivou Rafael, estava farto do debate inútil que se estendia, Bia corria risco e era isso o que importava. - Ontem fizemos um passeio à Lapa Doce, um amigo nosso gravava o passeio, num desses vídeos, ele registrou o momento em que um homem de preto fotografa Bia e minha irmã horas antes dela desaparecer. Quando chegamos na pousada, nos deparamos com o nosso quarto revirado, fomos até a recepção buscar entender o que tinha acontecido e analisando as imagens do sistema de segurança vimos o invasor: o mesmo homem da gruta.

- Ele não arrombou o quarto, ele tinha a chave. - completou Lândyson - Daí o nosso receio.

- Vocês temem que ele possa agir novamente. - supõe Matias.

- Sim, mas não somente por isso. - continua Rafael para a incredulidade de seu amigo - Hoje mais cedo, estávamos reunidos discutindo tudo o que havia ocorrido, quando recebemos um envelope... ao abri-lo, encontramos mais um bilhete e um pen drive. No pen drive tinha uma pasta somente, e nela um vídeo no qual o sequestrador diz uma série de coisas sem nexo.

- Ótimo. - Matias estava entusiasmado, o mistério estava próximo a ser desvendado - Vocês trouxeram esse pen drive?

- Eu trouxe. - Alycia retira o pen drive da bolsa e o coloca sobre a mesa.

O grupo relata o conteúdo do vídeo: a roupa nada convencional utilizada pelo sequestrador, as instruções, a mensagem enigmática e, é claro, as crianças. Bia.

Matias pluga o pen drive na entrada USB da CPU, inicia o vídeo. Todos se mantiveram em silêncio enquanto o áudio do vídeo se propagava pelo ambiente. Matias assistia àquelas imagens atento, exceto, no trecho em que as crianças aparecem, quando levou a mão à boca para conter um grito.

- Você está bem? - pergunta Alycia ao homem que agora chorava.

O grupo nota que ele tocava a tela como se buscando alcançar a bela menina de cabelos loiros e expressivos olhos azuis ao lado de Bia, ao ser questionado por Rafael a respeito de quem se tratava ele anuncia em meio ao pranto:

- Minha filha.

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