Capítulo 35: "Eles correm perigo!"

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Lândyson analisava minuciosamente os dados das crianças desaparecidas quando seu celular vibrou. Assustou-se. Após organizar os documentos na pasta pegou o smartphone e deparou-se com um SMS enviado por Matias, dizendo:

"DESCOBRIMOS O NOME DO GRUPO, SE CHAMA ISDRA. DESCUBRA TUDO O QUE PUDER. ESTAMOS INDO ATÉ RAFA E WESLEY. ELES CORREM PERIGO!"

Seu corpo tremeu como se um terremoto chacoalhace a cama, um calafrio lhe percorreu o corpo, a saliva faltou-lhe para molhar as palavras. Deixou a pasta de lado, pegou o notebook e digitou em um site de busca o nome da organização criminosa: Isdra.

Abriu vários dos endereços eletrônicos sugeridos pelo site de busca. A maioria deles se tratavam de blogs amadores tomados, em sua maioria, por teorias da conspiração. Um dos blogs referia-se ao grupo como uma organização secreta que estaria diretamente ligada à práticas satanistas e ao ocultismo, o que confirmava as suspeitas do grupo. O blog ia além, citava nomes de figuras de relevância mundial - todos homens -, apontando-os como membros da seita. Além disso, o texto dava detalhes a respeito dos objetivos e da possível origem do grupo religioso/criminoso.

O rapaz leu avidamente o registro. A cada nova linha o seu coração acelerava  tamanha a sua ansiedade, suava frio como se uma febre houvesse caído sobre ele, ofegava. Após finalizar leitura compartilhou com seus amigos:

- Isdra! - exclamou - Matias descobriu o nome do grupo, Isdra.

- Então vamos pesquisar tudo o qu... - tentou falar Alycia, mas Lândyson a interrompe.

- Já fiz isso. - disse o rapaz - Ao que parece eles são seguidores de um grupo que surgiu na época do surto de peste negra na Europa.

Segundo o autor do post, a origem da Isdra era algo incerto já que o grupo sempre se preocupara em manter-se secreto. Sabia-se apenas que, o surgimento do grupo se deu logo após ao ápice de um movimento de muita popularidade na época: o movimento"Flagelante". Os integrantes desse movimento, denominados "flagelados", acreditavam que através do ato da flagelação conseguiriam o perdão para os seus pecados, atingindo assim a perfeição, de maneira a serem aceitos no reino dos céus. Baseados na ideia de que o sofrimento serviria como uma forma de redenção, um grupo de pessoas, vendo que os "flagelados" não estavam conseguindo aplacar a "ira divina", passaram a culpar os grupos sociais marginalizados da Baixa Idade Média por terem trazido a doença à Europa. Alguns registros da época acusavam os judeus, os leprosos e os estrangeiros de terem disseminado os horrores causados pela peste negra. Vários judeus, estrangeiros e leprosos foram queimados em rituais de sacrifício vãos visto que as mortes não cessaram.

Influenciados por esses ideais, médicos da época encarregados de tratar dos contaminados, entenderam que o deus para o qual a população orava não se preocupava com o bem estar de seus devotos e passaram a adorar à entidades satânicas. O autor não explicara como o grupo de médicos agia e nem o motivo que os motivava, porém, aparentou em seu texto ter a certeza de que seguidores do grupo seriam os responsáveis por uma série de sequestros e mortes pelo mundo.

- Então estamos lidando com um grupo de fanáticos religiosos que creem que o fim está próximo e que sacrifícios irão parar o apocalipse. - observou Alycia - Como eu imaginava.

Os jovens estavam em uma dualidade de sentimentos, viam-se entre o êxtase e o medo. Sentiam êxtase por finalmente saberem com o que estavam lidando e medo por ser ainda pior do que haviam imaginado. Mas apenas um pensamento lhes dominava:

- Temos que avisar aos outros! - afirmou Igor.

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