Capítulo 6: O Poço do Diabo (Parte 2)

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Rafael Oliveira, 29 de março de 2016.

[Lândyson: Rafa, eu preciso que você nos diga exatamente o que aconteceu ontem.]

[Rafael: Tá, mas eu não sei se me lembro de tudo.]

[Wesley: Espera! Ouvi baterem na porta.]

[Maicon: Vou ver o que é.]

--

[Maicon: Tudo tranquilo, era só o serviço de quarto.]

[Lândyson: Ok. Rafa é com você.]

***

- É lindo - sussurrei ao me deparar com aquela paisagem digna de cartão postal.

- Vamos nadar? - sugeriu Lândyson que já estava pronto para entrar na água.

O som da queda d'água extremamente convidativo, unido ao cenário em volta e a cor escura das águas tornava impossível estar ali sem nadar.

Logo, eu e Maicon estávamos no topo de uma pedra, numa das paredes laterais do poço.

- No três? - desafiei.

- No três. - respondeu Maicon.

Um. Dois. Três.

- Madeira!

Saltamos em direção ao poço, tudo que havia era a brisa, a sensação de liberdade, o frio na barriga que sucede o salto. A água era gelada, um alívio após enfrentarmos a caminhada no torturante sol da chapada.

- É muito fundo! - observou Maicon.

- Quero ficar em baixo da queda d'água, topa?

- Depois, agora vou fazer a tirolesa.

Maicon se afastou rumo à margem e eu fui em direção à cachoeira. Chegando à queda d'água me escondi numa pequena gruta procurando uma pedra na qual pudesse me apoiar e subir. Achei.

Toquei-a, me preparei para jogar a força nos braços a fim de obter impulso para a subida, respirei, me preparei. Foi aí que tudo ocorreu.

A dor de cabeça que sentira no dia anterior havia voltado dessa vez em maior intensidade.

Tirei a mão da pedra na qual segurava no ímpeto de levá-la à cabeça, um erro. Em seguida eu estava lutando para não afundar. A dor aumentou, tentei pedir ajuda, mas o som da queda d'água abafava os meus gritos. A dor era cruel, parecia comprimir o meu cérebro. Afundei, levei a mão à cabeça, me debatia, o ar me faltava aos pulmões.

Começaram as visões.

Uma menina de branco - a qual eu não conseguia ver o rosto -, saltitava pelas ruas do que parecia ser uma vila. As construções eram ruínas do que outrora pareciam ser casas de pedra, a lua cheia brilhava avermelhada dando a cena uma coloração de dar calafrios.

Preciso nadar.

A dor não cessava, o ar me faltava, aos poucos a consciência ia me abandonando. Socorro!

As imagens continuavam. A menina ainda saltitava, mas, agora estava cantarolando uma melodia a qual estava familiarizado: Sweet Dreams, Marilyn Manson. De repente ela parou, começou a virar o rosto na minha direção, mas a medida com ia se virando as imagens tornavam-se cada vez mais turvas, até tudo ser escuridão.

--

Quando recobrei a consciência, vi Iago, o guia, ajoelhado ao meu lado. Lara chorava abraçada a Alycia enquanto todos os que estavam na trilha haviam se reunido para observar o que certamente julgavam ser a tentativa vã de salvar a minha vida.

- Você está louco? - Igor e seu modo gentil de demonstrar o quão ficou feliz em me ver vivo.

- Da próxima vez vê se tenta ser mais paciente. - gritou Maicon.

Minha mente ainda dava voltas quando Lândyson se sentou ao meu lado, me cobriu com uma toalha e me perguntou:

- O que houve?

- Senti uma dor de cabeça muito forte, fui perdendo a consciência aos poucos mas... - não tive coragem de terminar a frase. Ele não acreditaria.

- Mas...?

- Eu tive uma visão enquanto me afogava.

- Deve ter sido uma alucinação, já ouvi casos de pessoas que vêem coisas estranhas nesses momentos de quase morte. - explicou - Não vamos nos preocupar com isso, foi uma alucinação somente. Você está bem, é o que importa.

- É, deve ter sido. - repeti.

Mas eu não estava convencido disso.

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O que será que está havendo com o Rafael, galera? O que serão essas visões que ele está tendo?

No próximo capítulo a aventura continua com coisas ainda mais estranhas por vir. Aguardem!

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