Capítulo 20: À Caça

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30 de março, 03h14

O grupo saiu da pousada Mirante Garcia ainda na madrugada. Matias fora buscá-los e partiram imediatamente para Ibicoara sob a forte chuva que se abatia sobre a Chapada. Trovões ecoavam no áudio e os raios fascinavam Rafael, que pela janela admirava os clarões no céu.

A ira dos Anjos, pensara. Quando pequeno, sua avó lhe dizia que as tempestades eram um sinal de quando os celestes estavam furiosos com a humanidade. Eles tem motivos.

Estavam todos tensos, em especial após a tarde do dia anterior. Aproveitaram a tarde para limpar a memória dos smartphones, passaram os arquivos de áudio e vídeo para o notebook de Igor, para que assim pudessem documentar todos os minutos da caça ao sequestrador. Passaram o restante do dia conversando a respeito, ouvindo as gravações e reunidos para estudar o caso. Decidiram que iriam Maicon, Lândyson e Rafael, pois, os três eram os mais racionais do grupo, aos demais caberia cuidar de Lara e analisar todas as informações contidas nos arquivos.

O trajeto demorou pouco mais de 3h. À medida com que se aproximavam do destino a chuva ganhava mais força. Matias reclamava da baixa visibilidade que associada à má qualidade da estrada tornaram a viagem mais longa e difícil.

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30 de março, 06h22

- Chegamos. - anuncia Matias.

O dia mal começara e o trio já se sentia exausto. Rafael se queixava da energia pesada que sentia naquela cidade. Algo estava para acontecer, ele sabia disso.

Ficaram no centro da cidade por algumas horas, conversando com alguns moradores, coletando informações sobre o tal Mauro. Um dos moradores, João, o havia visto no dia anterior numa lanchonete ali perto, o suspeito costumava ir nesse lugar todos os dias pela manhã.

- Devemos ir até essa lanchonete e ficamos vigiando para ver se ele aparece. - sugere Maicon.

- Não seria melhor que fôssemos para pousada? - questiona Lândyson.

- Creio que o melhor é irmos para essa lanchonete e ficarmos no carro esperando ele dar as caras. - decide Matias - Caso ele apareça o seguimos e certamente chegaremos as crianças.

- E se ele não aparecer?

A pergunta de Rafael provoca alguns segundos de silêncio. Matias pensa na hipótese mas afasta todas as possibilidades negativas. Eles pagariam o criminoso, não importava o que viesse a ocorrer.

- Sabemos a pousada em que ele está hospedado, caso ele não apareça vamos até ele.

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30 de março, 08h35

Haviam se passado mais de uma hora, ainda estavam em frente à lanchonete. Nenhum sinal do suspeito.

Haviam revisado os fatos várias vezes, analisaram possíveis semelhanças entre as crianças, mas nada de novo foi descoberto. Os assuntos acabaram, o silêncio se abateu sobre o grupo, deixando-os ainda mais tensos.

- Ai!

- Rafa? - indaga Lândyson - Você está bem?

A resposta demora a vir, Rafael estava abalado, sua voz estava grave, havia visto algo.

- Ele está aqui.

Mauro havia chegado. Usava uma camisa polo preta, calça jeans e óculos escuros. Não demorou muito ali, apenas pediu alguns salgados e refrigerante, pagou a conta e voltou para pousada.

O grupo o seguiu até a hospedagem onde ficaram a manhã e a tarde inteiras, vigiando. Passam-se horas a fio, estavam confinados dentro do carro, ainda chovia e Mauro sequer saíra na janela de seu quarto para olhar a rua.

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30 de Março, 18h02

- Já escureceu e ele ainda não saio. - observa Maicon - Não deveríamos entrar?

- E estragar o disfarce? - retruca o investigador - As crianças não estão na pousada, temos que esperar ele nos levar a elas.

- Galera, vejam!

Lândyson aponta para o homem de camisa polo escura que se dirigia a uma caminhonete estacionada em frente à pousada.

- Finalmente a lebre saiu da toca.- ironiza Matias que liga o carro. - Hora da caça!

Seguiram a caminhonete por uma hora e meia. A estrada era de chão batido, devido a forte chuva estava um lamaçal, a chuva dificultava a visibilidade. Estavam com o coração na mão.

Algum tempo depois Mauro chega a uma estrada deserta, estaciona, tira do porta malas do carro um menino. O rapaz parecia ter doze anos, era ruivo, estavam com as mãos e os pés amarrados, olhos vendados e um pano que lhe tapava a boca. O sequestrador o põe no ombro, o garoto não reage, estava sedado. Lândyson, que estava no banco do carona, fotografava tudo.

Uma vã preta se aproxima, abre a porta lateral e o garoto é entregue, lá um segundo homem também vestido de preto. O motorista desce do veículo e conversa com Mauro, enquanto isso Matias causa espanto nos meninos ao retirar uma pistola calibre 38 do porta luvas.

- O que você vai fazer? - questiona Lândyson.

- O que você acha?

O investigador engatilha a arma, desce do carro e dá a voz de prisão ao grupo. Um dos homens que estava na vã dispara contra o trio que se deita no chão do carro, o motorista retoma seu posto e sai em retirada do local sob os incessantes disparos efetuados por Matias. Sem perder tempo, Mauro retorna à caminhonete e inicia a sua fuga.

- Desgraçados! -  amaldiçoa Matias enquanto ligava o carro - Vocês não vão fugir.

- Você não está pensando em...

Antes que Rafael pudesse terminar a frase, o policial já havia pisado fundo no acelerador, estavam no encalço da caminhonete.⁠⁠

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