Capítulo 38: "Somar as datas."

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Filhos da puta!, amaldiçoou Rafael.

- Se você está achando que vai se safar - ladrou Wesley -, está muitíssimo enganado. Mais cedo ou mais tarde descobrirão esse esquema grotesco e...

- Cala a boca! - urrou o Sr. Moreira, engatilhando a arma em seguida. - Vocês são espertos, não achamos que chagariam tão longe. Realmente nos surpreendeu o desempenho de vocês, pena que não conseguirão o êxito pleno.

- Não cante vitória antes do tempo - repreendeu Rafael, ódio e indignação a cintilarem em seus olhos negros.

O Sr. Matias sorriu com desdém. Preparou-se para atirar, mas, algo roubou a sua atenção: batidas na porta. Aproveitando-se deste segundo de desatenção do homem, Rafael investiu contra ele, segurando o braço com o qual ele segurava a arma. Antes que o homem pudesse reagir, sacou a pistola da cintura e pôs contra o seu queixo.

- Solte a arma - ordenou.

O homem o obedeceu, rosnando como um cão raivoso, deixando claro o ódio crescente em seu âmago. Wesley pegou a glock: esquecida sobre o tapete da sala, a apontou para o peito do agora refém. No sofá, Lúcia ainda chorava. Seria de dar dó, se ela não fosse cúmplice - mesmo que por omissão -, no sequestro do filho.

De repente, um disparo fez-se audível na habitação isolada. A porta se abriu com um forte estalo e alguém adentrou o recinto às preças.

- Rafa? Wesley?

Escutar as vozes de Maicon e Matias fez com que a aflição se desanuviasse um pouco. A vantagem agora estava ao lado deles.

- Vocês estão bem? - quis saber Maicon.

- Na medida do possível - respondeu Wesley.

Matias observou o cômodo atento aos detalhes, seus olhos encontraram o bilhete, que jazia sobre o sofá. O policial o pegou, o ergueu até onde a visão do homem imobilizado por Rafael pudesse alcançá-lo. E disse:

- O que são esses códigos?

- Símbolos - respondeu de modo irônico.

Rafael o golpeou com um soco na barriga e ele caiu sobre os joelhos diante do agressor.

- Não tente bancar o engraçadinho - repreendeu Rafael. - O que significam?

- Descubram...

- São signos!

Viraram-se para encarar Lúcia, a mulher falava em meio aos soluços:

- Cada criança desaparecida é de um signo do zodíaco, tudo isso faz parte do ritual ao qual serão submetidos...

- Cala a boca! - bradou o Sr. Moreira.

- Como assim?

- Baphomé - explicou ela. - Vão oferecê-los a ele, na data maldita.

- Data maldita?

- O dia em que a Missa Negra deve ser realizada.

- Sua imbecil! Seremos mortos.

- Lúcia - Matias se aproximou da mulher -, você saberia nos dizer quando ocorrerá a Missa Negra?

- Eu não sei - ela rendeu-se ao pranto novamente. - Tudo o que sei é que há algo sobre: somar datas... Eu... Eu não sei ao certo.

- Somar as datas? - repetiu Maicon.

- Acho que compreendi - disse Rafael. - Temos que sair daqui, estou certo que nosso anfitrião chamou reforços.

No chão, o Sr. Matias sorriu maliciosamente.

- Vocês não sabem de nada, não imaginam o que está por vir.

- Vamos sair daqui.

Wesley, Maicon e Matias começaram a deixar o cômodo, Rafael permaneceu encarando o delator.

- O que foi bonitinho? Está com medo de continuar? Acho bom que esteja.

Ele não respondeu, não podia demonstrar seu receio. Precisava ser forte. Por Lara. Mas, não podia deixar aquele homem desprezível sair impune, não permitiria que ele ameaçasse novamente a sua busca. Limitou-se a dizer:

- Medo? De vocês? Vocês é quem devem ter medo, não sabem com quem estão lidando.

Dito isso, ele ergueu a arma, apontou-a para o pé do homem, preparou-se para disparar. Mudou de ideia. Escolheu um outro alvo e puxou o gatilho. O homem urrou ao ser atingido, o disparo havia despedaço os seus testículos.

Lúcia, permaneceu sentada quando Rafael deixou a casa. Fez questão de observar o marido definhar até a morte, olhou-o com um ar frio e desaprovador, lamentou apenas pela perda do seu tapete persa. Havia sido um presente da sua mãe.

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