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Pode demorar, mas um dia a dor passa.
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Eu estava no mesmo labirinto do meu sonho que eu tive quando eu resgatei as memória da Wendy, só que dessa vez estava tudo parado, as paredes e os teto não se moviam, a não ser eu, que andava para frente como se estivesse procurando alguma coisa e logo a frente eu vejo uma porta, tento abri-la, porém está trancada, escuto uma voz dizendo "Não"; "por favor", aquela voz ecoava e fazia parecer inúmeras vozes falando juntas.

Então escuto passos e uma respiração ofegante, como se alguém ou alguma coisa estivesse fugindo de algo, então bato na porta tentando chamar a atenção de quem está do outro lado, é quando percebo que as paredes ao meu redor começam a se deteriorar, como se já estivessem alí a centenas de anos, aí que então percebo que a respiração do outro lado havia se cessado, então decido olhar pela fechadura da porta.

Assim que olho a única coisa que eu enxergo é um escuro denso e profundo, nesse momento decido me afastar e percebo que as finas e pequenas frestas entre a porta e a batente estão claras, oque demonstra que a luz do outro quarto está acesa.

Então volto a escutar passos do outro lado da porta, antes pareciam estar se afastando, agora está se aproximando, confusa volto a olhar para a fechadura e vejo agora claramente uma sala completamente branca, das paredes ao chão, parece que se estendia da minha direita à minha esquerda, escuto um barulho atrás, quando me viro percebo que a parede se abriu, então ao atravessa-la a porta se fecha e percebo que estou em uma sala de uma casa bem simples, os móveis estão quebrados, as paredes estão sujas, e sobre o chão uma grossa camada de poeira.

Ao olhar para uma janela pode ver que era uma casa de campo, escuto um barulho muito alto de alguém correndo no andar de cima, subo as escadas lentamente, com o piso rangendo a cada passo que dou, de repente escuto uma porta batendo muito forte, parecia a porta dos fundos daquela casa velha, olho para a janela da escada e vejo a imagem de uma criatura totalmente contorcida que andava mancando, mas rápida como se fosse um vulto.

Neste momento minhas pernas ficam trêmulas e saio disparada para o segundo andar, ao chegar lá olho para os dois lados e são corredores com mais de 20 metros de distância cada, oque com certeza é maior que essa pequena casinha, neste momento consigo ouvir vozes que vem de trás de uma porta, apesar de sussurrar são muitas e fica difícil entender oque cada uma delas fala, caminho para lá lentamente, a cada passo elas ficam mais altas, mas assim que toco na maçaneta elas param completamente, um silêncio inquietante invade o corredor, lentamente retiro a minha mão da maçaneta, de repente a porta se abre rapidamente e bate na parede com um estalo, neste momento dou um pulo para trás grande o suficiente para que a porta não me acertasse, porém lento demais para que a pessoa atrás da porta avançasse em mim com rapidez, ela me segura com muita força, e com um impulso muito forte me empurra pela única janela do corredor, neste exato eu caio com muito impacto no chão, minha perna bate em uma pedra, sangrava muito e doía como se estivesse quebrada, gemendo de dor assustada percebo que a criatura que me empurrou pela janela já estava do lado de fora, pude ouvir os seus passos rápidos, muito rápidos, com muito esforço saio correndo , passo em frente a porta da velha casa, com a mão suja de terra e sangue me apoio em uma janela sem parar de correr.

Logo a frente encontro um caminho de terra, corro floresta a dentro tentando ficar mais distante da criatura, assim então vejo uma grande estrutura que parecia já condenada, mas pouco me importei, puxei a grande porta de correr de ferro enferrujado e entrei, logo em seguida a fechei atrás de mim, quando viro me deparo com um lugar totalmente destruído, grandes placas de metal jogadas pelo chão como se tivesse sido arrancadas da parede, eu começo a escutar o barulho de gostas de água pingando no fundo do local, começo a seguir o som para uma parte completamente escura da construção e vejo uma goteira, as gotas começaram a pingar mais rápido, em seguida apareceu outra goteira ao lado, praticamente um palmo de distância da outra, olho em volta e noto que muitas outras goteiras haviam se formado, quando olho mais atentamente a uma delas percebo que está se formando um perfil, olho em volta e todas as outras estão fazendo o mesmo, quando olho para trás novamente vejo que o perfil era o rosto dos anjos que matei, ouço eles chorando, soluçando.

Olho em volta e vejo rostos de todas as pessoas que eu matei e daqueles que arriscaram as suas vidas por mim, as lágrimas deles escorriam pelas sujas paredes que estavam começando a inundar o local, quando me dei conta a água já estava em meus joelhos, mesmo com a perna machucada corro de volta a mesma porta que eu vim, quando chego lá ela havia se tornado simplesmente uma parede, o choro fica mais alto e começo a procurar por uma saída, eu olho e o lugar está totalmente fechado, parecia que o teto e as paredes estavam se fechando ao meu redor, rapidamente a água imunda completamente o local eu estava nadando na superfície tentando pegar o resto do oxigênio que lá havia.

E mesmo com os meus ouvidos debaixo d'agua, os gritos de agonia e desespero não se calavam, pelo contrário estava cada vez mais rápido como se eles chorassem cada vez mais, e eu me encontro alí me afogando em meio as mortes que eu mesma causei.

O resto então é tomado pela água, os gritos e soluços gritando ao meu ouvido, a dor do esforço da minha perna quebrada para me manter fora da água.

Então raiva toma conta da minha cabeça, aperto os meus olhos tentando apagar tudo que está alí e a única coisa que eu consigo sentir é o ódio de não conseguir sair daquele lugar, de não conseguir me livrar do sentimento de angústia de ter tirado a vida de outro ser, de não conseguir respirar toda vez que pensava no rosto daquelas pessoas, então abro os meus olhos e eles estão negros, numa explosão de raiva, me aproximo de um dos rostos e começo a puxa-los com toda a minha força, até que eu consigo arranca-lo de lá fazendo um buraco na parede, com a pressão da água sou sugada para dentro desse buraco.

Abro os meus olhos e pulo da minha cama, estava em meu quarto trêmula e desamparada, vou até o banheiro molhar o meu rosto, parece que tive outro pesadelo, que bom já estava entrando em pânico, assim que olho para o espelho me deparo com a minha imagem totalmente encharcada e os meus olhos negros, então eu escuto um grito da minha mãe, quando eu desço as escadas vejo o cavaleiro prestes a mata-la, eu pego a minha espada obsidiana a transformo em uma adaga e o mato, pude ouvir passos dentro de casa, sabia que tinha mais deles.

Seguro a mão da minha mãe e saio correndo, ao atravessar a porta da sala, dou de cara com um lugar muito estranho, era escuro, mas não como se estivesse a noite, era um lugar que não havia luz, era pura trevas, mesmo assim continuo a correr escuridão a dentro, até que me encontro em um lugar sem saída, só havia uma porta, que ao tentar abrir revelou estar trancada.

A confusão era tanta que nem havia percebido o quanto a mão que eu segurava estava gelada, olhei para trás e vi o seu rosto, ensanguentado, frio, morto...

Eu a solto imediatamente e com as mãos no rosto eu sento no chão e sussurrando apenas pedindo que aquilo parasse, já não me restava mais forças, neste momento sinto ela se aproximar de mim, então ela sussurra algo que eu não consigo ouvir, depois ela pega e joga um manto sobre mim, mesmo de olhos fechados eu sabia que era o manto que eu havia sido encontrada, eu estico a minha mão, mas assim que a toco ela virá pó que eu sinto caindo entre os meus dedos, aí que escuto passos atrás da porta.

Chega, não importa oque esteja atrás daquela porta, o quão assustador seja, não fugirei mais, irei enfrentar.

Reúno todas as forças que ainda me restam, com o manto ainda sobre a minha cabeça eu chuto a porta e avanço no que estava do outro lado.

Foi tudo muito rápido, eu fecho os olhos e empurrei oque estava lá, no mesmo instante ouvi um estilhaço de vidro, então paro por um segundo.

Quando finalmente abro os olhos, percebo que estou parada em frente à janela da velha casa, assim que olho para baixo, num instante posso observar eu mesma caída, no outro me vejo correndo, mancando e sujando o vidro com a minha mão ensanguentada, dois segundos depois escuto passos desesperados pela escada e a minha própria respiração ofegante, num piscar de olhos me encontro em um lugar completamente branco, não era mais a casa antiga, era um corredor enorme com diversas portas do lado direito, escuto passos atrás de uma e olho pelo buraco da fechadura, então posso ver o outro lado, e vejo apenas o meu olho, como no início de tudo isso, puro e inocente.

Volto a ajeitar a minha postura e começo a andar sem me importar com o que tem na frente, sem carinho, sem amor, sem medo, apenas sabendo que o ciclo continua e quanto mais eu insisto em sair desse labirinto, mais os meus poderes ficam fortes e intensos, como os meus olhos.

Então eu acordo.

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Olá, gostaram desse paradoxo/capítulo? Caso vocês estejam com alguma dúvida é só perguntar, não esqueçam de dar um voto e um comentário, bjss... ❤

O Mundo Dos Mortais - Rainha Das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora