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Continue meu filho rebelde,
Haverá paz quando tudo estiver terminado,
Coloque a sua cabeça cansada para descansar,
Não chore mais.
Tradução de Carry on
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Onde estou? Será que estou morta? Foram as perguntas que eu fiz a mim mesma quando acordei nesse lugar, minhas memorias eram fracas e vagas, mas logo me lembrei de tudo, do pânico, do terror, do sangue.

Perguntei a um carcereiro onde estava e a sua resposta foi tão seca quanto o seu tom:

—Na masmorra, agora ponha-se em seu lugar até que o rei possa juga-la.

Aonde estou não me parece uma masmorra, as paredes são brancas iguais aos pisos, uma cama com lençóis brancos e um colchão mofado, uma pia imunda e uma privada igual, tudo branco, a luz aqui dentro é extremamente forte, tem também uma janela, mas ela é fechada por tijolos brancos.

Eu sinto a dor de uma pancada, eu olho e o meu braço estava roxo, eu começo a chorar, não só pela dor física, mas também pelos meus pais, eles estavam mortos, provavelmente os meus irmãos também e é tudo culpa minha, não pude protege-los, eu que trouxe aqueles guardas até lá, eles poderiam estar vivos, mas eu os condenei.

Eu não conseguia parar de chorar e não havia ninguém para me reconfortar, sentia saudades de todos, vivos e mortos, preciso do abraço de mãe da Aurora, as gracinhas da Lara e do Larry, do olhar de amizade da Amara, da sabedoria da Wendy, das calmas palavras do Trevor e acima de tudo, dos beijos do Nathaniel.

Não aguentava mais a solidão, a tristeza, a dor, queria que tudo parasse, que o sofrimento passasse, mas era impossível, nada acontecia, eu estava muito abalada, queria que esse fosse só mais um pesadelo.

—Um só!— pude ouvir alguém dizer.

A minha sombra tentava se esconder da luz desesperada, ficava repetindo:

—Um só!

Teve uma hora que ela parou em minha frente e disse:

—Oque você quer é vingança? Eu posso te ajudar, você só precisa aceitar.

Eu fecho os olhos esperando algo acontecer.

—Só precisa dizer uma única palavra.— ela diz— só três letras.

Eu levanto a cabeça, abro os meus olhos totalmente negros e digo:

—Sim!

Ela encosta em mim e desaparece, eu perco totalmente o controle, "não tente resistir" pude ouvir a minha sombra dizer dentro da minha cabeça.

Eu... Ela... Nós nos levantamos e ficamos diante a porta, eu estico a mão, uma forte luz negra surge e acerta a porta com força a levando para o chão.

Eu mato o carcereiro e pego a minha bolsa que estava intacta, pendurada em uma cadeira.

Não demorou para aparecer guardas todos com lanças, espadas, bestas... Não importava a arma, todos acabaram mortos jogados em poças de sangue, por um minuto pensei se eles tivessem família, mas a minha sombra afastou esse pensamento, de fato ela me controlava, não podia assumir o comando do meu próprio corpo, isso me assustava um pouco.

Fomos andando por aquele castelo, matando qualquer um que se colocasse em nosso caminho, quando chegamos a sala do trono pude ver a Lúcia sentada em um dos tronos de frente a um cálice e um jarro, ela usava um vestido azul claro e uma tiara bem enfeitada, ao me ver ela se pôs em pé e deu ordens para uns guardas, que logo foram mortos por mim.

—Pelo visto... Você é forte!— ela disse com a voz um pouco trêmula, ela fez um rosto de assustada.

—Está com medo Lúcia?— eu digo, a minha voz saiu como se fosse duas, oque de fato era assustador, uma voz rouca e a outra normal— porque não chama mais alguns para mim brincar?— tenho de admitir que gosto da expressão de medo da princesa ao me olhar.

Ela pega a espada de um cavaleiro morto no chão, com dificuldade ela aponta para mim e diz:

—É melhor... Se afastar, não vai querer sentir a minha fúria.

Eu solto uma gargalhada e com um salto duplo acabo aparecendo em sua frente, eu faço uma ataque e por pouco ela se defende, pude perceber que a sua espada era muito pesada para ela, tanto que ela mal conseguia manusear direito, oque me dava uma vantagem.

Mais dois ataques e ela deixou a espada cair, eu rindo digo:

—Você é fraca demais, e então? Desiste?

Ela pega o jarro e joga todo o conteúdo em meu rosto, eu sinto queimar, e então ela lança uma grande magia branca sobre mim, eu me defendo lançando magia negra sobre ela, não surge efeito algum sobre nenhuma das duas.

Eu vou me aproximando dela, não importava quanta magia ela lançasse em mim, nada estava acontecendo, no início, depois de um tempo pude perceber que aquela magia de alguma maneira estava expulsando a minha sombra.

Mas antes que a minha sombra pudesse ser expulsa por completo, nos conseguimos pegar a Lúcia pela gola do vestido e a lançar contra a parede, eu volto a me aproximar dela, pego ela pelo pescoço e começo a sufoca-la.

—Sua... Maldita...— ela diz fracamente.

Nesse momento retomo o controle do meu corpo, eu ainda a segurava pelo pescoço, mesmo sem a minha sombra, eu queria mata-la, eu queria ver a luz deixar os seus olhos, estava pondo para fora toda a tristeza que havia se transformado em ódio.

—Você matou os meus pais, eles eram inocentes, a única maldita aqui é você.— eu digo apertando mais o seu pescoço.

Ela estava quase sem ar quando com um grande estrondo as portas do salão se abrem, quando eu olho eu vejo o Trevor, a Wendy e no meio dos dois o rei Henry.

—Lúcia!— ele grita.

Eu dou um salto e fico mais ou menos a um metro do rei, eu jogo a Lúcia a seus pés que começa a tossir tentando recuperar o ar perdido.

—Como podem dizer que ela é inocente?— pude ouvir o rei dizer.

Os meus amigos mão responderam estavam ainda impressionados com tudo, o rei por fim diz:

—Mandarei você de volta para onde veio, demônio desgraçada!

A coroa do rei emite uma forte luz, o chão se abre em meus pés, pude me ver cair, o Trevor e a Wendy tentam me segurar, mas são puxados juntos, não havia onde apoiar os pés, se olhasse para cima viria o castelo e o rei olhando, depois escureceu, vi estrelas e logo após sinto os meus pés na grama molhada e olho para um céu nublado, com um vento que revelava que logo viria uma tempestade e a única coisa que eu pude ouvir foi gritos de dor e agonia, não demorou para que eu percebesse que não estava mais no mundo místico.


O Mundo Dos Mortais - Rainha Das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora