CINZAS DA PAIXÃO (POSTADA NOVAMENTE)

DOIS LADOS*

POEBE

A vida não estava fácil para ninguém, muito menos pra mim, eu já tive que passar por tantos empregos que fica difícil até mesmo acreditar que eu só tinha vinte e quatro anos. Vivo por minha conta, desde quando tinha doze anos, fugi de casa nesse tempo e nunca mais voltei, foi duro ver minha mãe morrer nas mãos do meu padrasto e depois que isso aconteceu, eu tive que me salvar, era tudo que a vida tinha deixado para mim. Lutar era a solução diante de meus olhos, onde de apenas uma pobre criança, eu tive que me tornar adulta cedo.

-Poppy, Acorda! Vamos garota, não vai passar o dia todo na cama, você não trabalha mais? -Era nessas horas que eu me arrependia de não morar sozinha. Acordar tão cedo não era o melhor método parta me ter de bom humor.

-Acordou? -Levantei o corpo aos prantos tentando não gritar.

-Já idiota. -Jogo um dos travesseiros, que por costume desvia sem problemas como sempre.

-Chego de viagem e é assim que sou recebida pela colega de apartamento? Típico de você. -Jenny é minha única amiga, diferente de mim tem uma família que faria tudo por ela. Nos conhecemos em um de meus variados empregos e desde então dividíamos um apartamento. Jenny estuda em uma ótima universidade é uma das poucas pessoas que eu posso chamar de família tendo em vista que apenas minha mãe teve esse peso sobre mim.

-Eu já sabia da sua volta hoje. -Falo com um sorriso preguiçoso.

-Me conta vai, como foi seu final de semana com o médico gato? Não consegui nem dormir direito durante a viagem só pensando.

-Você acabou de chegar de viagem e essa é a única coisa que você deseja saber?

-Não a única, a que mais quero muito saber como foi, vai me diz, ele parece ser um cara legal. - Eric era um cara legal, estávamos saído a quase um mês, ele era inteligente, rico, porém nada disso havia me chamado atenção. Ele era muito mais do que um rico homem poderoso, eu podia sorrir de suas piadas e me sentir segura em seus braços. Eric era um dos poucos homens que conhece que parecia realmente gostar de mim, não com segundas intenções, apenas com as melhores e isso foi tudo que precisei.

-Jantamos em um restaurante lindo, aliás... Peguei um dos seus vestidos. Ele me ensinou a usar talheres acredita? Foi engraçado, porém bastante gentil de sua parte e eu amei. Ele é diferente.

-Mentira? Ele é tão fofo. -Ela fala fazendo bico e se espalhando por minha cama nitidamente feliz por mim.

-Eu disse que não sabia pra quer serviam tantos talheres e ele não se importou, me pediu que eu me sentisse a vontade, e foi o que fiz tendo toda sua compreensão ao meu redor. Bom, resumindo, foi maravilhoso. -Essa era uma das primeiras vezes que realmente gostava de alguém. Já estive em outros relacionamentos que não duraram muito, homens acham que tem direito sobre seu corpo e mente, porém comigo, nunca foi assim, foi duro ver o sofrimento de minha mãe nas mãos do meu padrasto, eu não passaria pelo mesmo jamais.

-Fico feliz por você, sério. Merece tudo isso e muito mais querida. Aliás, você não vai trabalhar hoje?

-Fui demitida, um dos homens queria mais do que café, como eu não fui gentil com o cliente, rua pra mim! Sabe que não aceito ser desrespeitada.

-É isso aí garota! Fico feliz por ter se defendido, porém triste pela perda do emprego. -Ela segura minha mão em um aperto confiante. Era tudo que eu precisava sua força junto a mim.

-Obrigada querida. Mas não se preocupe, sabe que logo, logo arrumo outro.

-E você acha que eu não sei? É uma mulher incrível demais para ficar parada aqui. Só posso te desejar mais uma vez boa sorte.

-Obrigada, é tudo que irei precisar. -Não havia muito que reclamar apenas agradecer pelas oportunidades que a vida havia me dado depois de tudo. Era hora de levantar e começar mais uma vez.

JAYDEN

Mesmo tentando, eu não conseguia ser mais o mesmo. Como podia ser feliz, sabendo que minha namorada de infância e a mulher que seria minha esposa estava morta? Era muito mais que apenas um castigo, seria a corrente presa a mim, para o resto de meus dias.
Minha alma havia ido junto com a sua, não pude vê-la se enterrar nem dar meu último adeus. Eu jamais iria me esquecer de quando tudo acabou...

-Já chega! -Saio dos meus pensamentos, quando vejo Emily levantar e jogar seu guardanapo na mesa. Seu rosto parecia enfurecido e devagar eu começava a entender o por que.

-Emily... -Levanto ficando a sua frente, mais não sei o que dizer, já que mais uma vez, a culpa é minha.

-Não, não precisa explicar nada Jayden, eu tentei sabe? Eu juro que tentei, mais chega, eu simplesmente desisto. Nem parece que estou aqui com você, tudo que eu falo você finge escutar, porém sei muito bem que não está nem aí. Eu realmente espero que você seja feliz. -Ela pega a bolsa e sai por entre as mesas, todos os olhos estão em mim agora, eu não passo de um verdadeiro Idiota, estragando mais uma vez o que no fundo tentei fingir ser um novo começo.

* * * * *

-Está tudo bem com você? -Levanto os olhos e observo quando meu pai entra no escritório de nossa casa. Eu estava até então em completo silêncio.

-Não consegui pai, de novo. -Ele já sabe do que estou falando. Há cinco anos não toco em nenhuma mulher, eu simplesmente era impedido por alguma razão que não me deixava continuar.

-Sinto muito filho, talvez você precise retornar ao psicólogo, sei que você não gosta que eu diga mas Cassandra também é culpada por isso, sei que deve ser triste perder um filho, porém eu não quero que você morra junto meu filho, aquela mulher faz pressão psicológica com você. Diana não vai voltar e você não pode se culpar, por algo que não foi sua culpa. Foi uma fatalidade, não podemos prever coisas assim. -Seu sussurro de indignação só me faz lembrar mais uma vez o quanto entender minha vida parece tão difícil. Ele jamais entenderia.

-Por favor, não seja o Senhor Henrique Russel, seja apenas meu pai, pode ser? Agora se vai me dizer a mesma coisa, pode sair e me deixar sozinho, eu prefiro.

-Um dia você verá que eu sempre estive certo. Eusó quero seu bem filho, toda sua família só quer o Jayden antigo de volta. Masse é isso que você quer, eu sempre vou respeitar, não hesite em me procurar seprecisar de seu pai, eu sempre estarei aqui. -Dito isso, ele sai do escritóriome deixando só. Preso em meu martírio pessoal, o martírio de minha vida. Vou pagar por isso, o resto dela.