22

166 14 3
                                    

Cristal

"Estou voltando pra casa. Desembarco em 4 horas."

Cada vez que leio essa mensagem fico mais preocupada, tentando adivinhar o motivo pelo qual Lili está voltando pra casa. Da última vez que nos falamos ela estava feliz, animada com seu novo namorado, e cheia de esperança com o futuro que estava construindo lá no Brasil.

Agora estou aqui, às 2 horas da manhã, no saguão do aeroporto, esperando o voo de Lili.

- Se você caminhar mais um pouco vai acabar abrindo um buraco no chão. - Lari comenta. - Senta aí e espera, o avião não vai chegar mais rápido porque você quer.

Olho nos olhos de Lari e me sento ao seu lado. Alex está cochilando no ombro de Lari já tem uns trinta minutos e Frank foi comprar café na lanchonete do aeroporto. Me perco em pensamentos enquanto Frank não volta, e paro pra pensar novamente na proposta que ele me fez. Seria maravilhoso passar um fim de semana com ele, mas, o medo me deixa receosa quanto a aceitar. Parece até brincadeira. Eu, Cristal Fox, com medo de um fim de semana sozinha com o namorado!

- No que você tanto pensa gatinha? - Frank sussurra em meu ouvido.

Dou um pequeno pulo pelo susto que ele me deu, estava tão absorta que nem o vi chegar. Apenas balanço a cabeça como resposta e a deito em seu ombro, Frank passa o braço por meus ombros e me aconchega mais a ele, me entregando um copo de café.

- Atenção, desembarque do voo 5657, Brasil- Califórnia no portão 3. - Anunciam nos alto-falantes e dou um pulo da cadeira, acordando Alex.

- É ela! É o voo dela, finalmente! - Digo para eles e caminhamos em direção ao portão 3.

Poucas pessoas desembarcaram no portão, Lili foi uma das ultimas. Assim que a vejo corro para abraçá-la.

- Sua maluca! Que saudade de você! – Dou-lhe um tapa leve no braço. – O que foi que aconteceu? - Pergunto ainda abraçada a ela.

- Eu também estava com saudade! E te conto tudo depois mana, agora eu só quero tomar um banho e dormir um pouco pra esquecer esse dia por pelo menos algumas horas. - Ela me olha com os olhos lacrimosos e abraço-a outra vez.

Nos soltamos do abraço e andamos lado a lado até onde Frank e as meninas estão, Lili abraça Alex e Lari e para na frente de Frank.

- Então você é o famoso Bonitão Lambrini?! - Ela o abraça. - É um prazer te conhecer moço!

- Bonitão Lambrini, hein?! - Ele me olha levantando as sobrancelhas e desvio o olhar envergonhada. - O prazer é meu, cunhada. Bem-vinda à Califórnia.

-------

- Vamos lá Lili, você já me enrolou ontem de madrugada e só te liberei porque você estava cansada. Mas agora você já está bem descansada e vai me contar tudo direitinho. - Disparo assim que entro em meu quarto e fecho a porta.

Estou a manhã inteira tentando arrancar algo de Lili, mas ela sempre foge do assunto. Aproveitei que Lari e Alex saíram com Mark e Juan pra poder conversar tranquilamente com minha irmã.

Lili bufa e se joga na cama derrotada.

- Eu vou ter que contar de qualquer forma mesmo. - Ela se senta e me dá espaço para sentar ao seu lado. Assim que o faço volta a falar. - Lembra que eu te contei que estava namorando? - Me olha e eu confirmo. – Então, a gente já estava junto há quase seis meses, só que de uns dois meses pra cá ele estava meio estranho, mais distante. Eu fui ficando desconfiada sabe? Até que semana passada eu resolvi que descobriria o que estava acontecendo. Então, na quarta-feira quando ele me disse que tinha uma reunião com um pessoal da filial de Minas Gerais, eu o segui. O carro dele parou em um prédio e uma mulher, muito linda por sinal, mas não vale um real, entrou no carro dele e eles foram em direção à um motel. – Lili começa a chorar e meu coração se aperta, a abraço deixando que chore o que precisa. – Dei um jeito de entrar lá e encontrar o quarto onde eles estavam. Eu o peguei com aquela piranha na cama Cris, ele estava me traindo. – Ela começa a soluçar. – Na quinta ele tentou falar comigo, pedir perdão e pedir para nós voltarmos, mas eu não aguentava mais nem olhar na cara de pau dele. Também não estava conseguindo passar por isso sozinha, eu queria só o colo da minha irmã. Tranquei a faculdade, vendi tudo que eu comprei lá e deixei a casa para o dono alugar novamente, pedi demissão do meu emprego e vim pra cá. Eu não volto pro Brasil tão cedo, não consigo.

O Idiota do Corredor (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora