Capítulo XXXVII ( parte 1)

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* Sem revisão*

Nayara.

Abro os olhos lentamente e pisco fortemente na tentativa de espantar o sono. Observo o ambiente mergulhado na escuridão e por instante fico desorientada sem saber onde estou. Sinto um calor quase sufocante e tento me mexer,mas braços fortes me prendem firmemente.

Zaid...Estou com Zaid! Meu subconsciente me alerta. Olho para a janela aberta e me dou conta que já anoiteceu. Volto minha atenção para o corpo que está colado ao meu e um suspiro de contentamento escapa dos meus lábios. Zaid dorme profundamente. Estamos virados um para o outro. Seu rosto está perto o suficiente ao ponto de eu sentir sua respiração quente,bater em meu rosto. Nossas pernas estão entrelaçadas e sua mão está na minha cintura.

Uma fresta de luz,atravessa a janela e ilumina suas feições. Estico o braço e passo por seu cabelo. Fico por um instante admirando-o em seu sono. A sensação de me sentir amada,faz com quê todo o meu corpo estremeça. Era estranho saber que a razão do meu coração partido,estava agora deitado ao meu lado e que ele me amava.

Meus olhos se abrem e um sorriso surge em meu rosto. Passo a língua sobre os meus lábios e solto um suspiro profundo. Tento me afastar com cuidado,para não acordá-lo. Seguro sua mão e a tiro de cima de mim. Ele resmunga algo de difícil compreensão e me aperta ainda mais de encontro ao seu corpo.

Reviro os olhos e mais um vez tento afastar seu corpo pesado de cima de mim. Por mais agradável que seja ter o corpo de Zaid junto ao meu,eu preciso de ar fresco com urgência. Finalmente consigo me afastar. Sento-me na cama e estico o meu corpo. Bocejo e olho para trás. Zaid ainda dorme pacificamente.

Levanto-me da cama e saio do quarto. Obrigo os meus olhos a se acostumarem com a claridade do corredor. À medida que vou descendo as escadas,um arrepio gelado se instala no meu estômago.

"... Não basta nos envergonhar terminando com um contrato de anos,Nayara, você ainda tinha que se portar como uma qualquer?"

As palavras ditas por meu pai me atingem como socos. Aperto a minha mandíbula com força para conter a minha vontade de gritar. O olhar de desprezo que meu pai me lançava, seu tom de voz de desdém, sua cólera,tudo vem a minha mente e sinto como se algo dentro de mim tivesse sendo apertado.

Quando termino de descer as escadas,caminho até a janela da sala. Apoio minha testa no vidro frio e encaro as luzes cintilantes da cidade. Ao ver meu pai me encarando ao pé da escada,meus pés simplesmente grudaram no chão e todo o ar deixou os meus pulmões.

Ao ver seu semblante de choque se transformar em desprezo,fez com que meu sangue congelasse em minhas veias. Eu queria gritar para o meu pai que eu não era uma qualquer. Eu queria dizer como as coisas entre mim e Zaid aconteceram,eu queria explicar,eu queria falar,mas ao ver a expressão de mágoa e desdém no rosto do meu pai,as palavras simplesmente ficaram presas em minha garganta.

Ver meu pai e Zaid brigando,foi como assistir um filme em câmera lenta, de tão surreal que aquela cena representava para mim. Os dois sempre se trataram respeitosamente,e de repente os dois estavam discutindo,por minha causa. Isso fez com que o gostinho amargo da culpa subisse pela minha boca.

O sabor amargo ainda estava em minha boca,todavia as palavras doces de Zaid dirigidas a mim,fazia com quê o gosto se tornasse mais brando. Respiro fundo e me afasto da janela. Faço um coque no meu cabelo e vou até o sofá, onde está a minha bolsa.

Sento-me no chão e reviro minha bolsa atrás do meu celular. Assim que o acho,ligo para a Júlia.

- Sua mãe me ligou mais cedo atrás de você e a voz dela estava um tanto apreensiva. Qual foi o problema dessa vez? - Júlia diz assim que atende.

Atraída pelo SheikOnde histórias criam vida. Descubra agora