Capítulo XLV ( parte 3)

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* Sem revisão*

Abro os olhos lentamente e pisco algumas vezes na tentativa de clarear minha visão embaçada. Franzo a testa quando o mundo parece girar diante dos meus olhos. Fecho os olhos e suspiro profundamente e solto o ar devagar pelo nariz. Faço esse processo uma,duas vezes, mas nada parece preencher o vazio que se apossa de mim.

Há vozes por todos os lados,passos e telefones tocando a todo instante,todavia,tudo parece a quilômetros de distância. Abro os olhos e encaro o teto de mármore. Pequenos pontos pretos estão espalhados pelo teto,formando um desenho de redemoinho em alguns pontos.  Como nunca percebi isso antes? Pergunto-me entorpecida.

Onde estou?

Olho para todos os lados atordoada e com o coração martelando em meu peito,reconheço que estou deitada no sofá que está disposto no hall de entrada do meu prédio. Homens uniformizados estão espalhados por todos os lados,assim como alguns moradores do prédio. Eu queria mandar todos ficarem quietos,porém tudo o que sai da minha boca é um pequeno gemido.

— Você pode me ouvir? - Alguém grita ao meu lado. — Está sentindo alguma coisa?

— Querido,ela teve um desmaio e não ficou surda - Posso ouvir a voz da Júlia em algum lugar,mas ao mesmo tempo me parece tão distante.

— Eu só estou fazendo o meu trabalho - a outra voz se torna um pequeno zumbido em meus ouvidos.

— E seu trabalho é gritar com uma pessoa  desfalecida?

Distraída fecho os olhos e me concentro na dor que se forma dentro de mim e que ameaçava me sufocar. Uma dor que me dilacera por dentro, uma dor que vai além da dor física, era a dor do desespero. Meu peito se aperta e meus lábios tremem.

Oh não, por favor não. Repito esse mantra uma e outra vez na esperança de afugentar o medo que me consome.

— Nayara...amiga - sinto alguém pegar em minhas mãos — Você consegue ficar de pé? Pelo amor de Deus, o quê aconteceu? Eu ouvi um barulho e depois o seu grito.

Abro os olhos e encaro o rosto da Júlia que é uma confusão de incredulidade e pavor. Aperto sua mão e abro a boca,porém um soluço escapa dos meus lábios e uma lágrima grossa escorre pelo meu rosto.

Levo minha mão trêmula para o meu rosto e deixo a corrente de lágrimas descer livres pelo meu rosto.

— Aqui,senhorita, beba um pouco de água,isso vai fazê-la se sentir melhor - Alguém diz.

— Abra a boca - Júlia murmura — Ou vou enfiar essa garrafa a força pela sua garganta.

Então sorrio ao mesmo tempo que choro lágrimas de dor. Inclino-me para frente, enquanto ela me ajuda a beber um gole de água. O líquido gelado desse como um bálsamo em minha garganta ressecada.

Em meio as lágrimas vejo algumas pessoas me lançarem um olhar de pesar,e isso faz com que outro sentimento tome conta de mim. Irritação. Não me olhem assim...Ele está bem. Eu sei que está. Ele tem que estar. Meu inconsciente berra em pleno pulmões.

— O Zaid,Júlia... O Zaid...- minha voz falha.

— Não precisa dizer nada agora...Vem,vamos sair daqui. - ela sussurra.

Arrasto meu corpo para fora do sofá e me ponho de pé. Minhas pernas parecerem presas com chumbos, e por um instante meu mundo oscila diante dos meus olhos. Agarro os braços da Júlia e respiro fundo. Escuto a sirene do carro de bombeiros ao longe e um frio passa por todo meu corpo.

Atraída pelo SheikOnde histórias criam vida. Descubra agora