Capítulo XLV ( Parte1)

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*Sem revisão*

Nayara.

Eu recosto a cabeça contra a cabeceira acolchoada da cama e fecho os olhos. Um nó se forma na minha e sinto meus olhos arderem. Um silêncio pesado paira sobre nós. É como se as minhas palavras fizessem eco dentro do cômodo.

Um bebê. Meu subconsciente repete pela septuagésima vez. Eu ía ter um bebê. E por mais vezes que eu repetisse,esse fato, eu não conseguia assimilar a magnitude dessas pequenas palavras,que teve o poder de oscilar o meu mundo inteiro.

— Como...Como isso é possível? - murmura ele com a voz trêmula. Abro os olhos e viro minha cabeça em sua direção. Zaid me encara com o rosto pálido. Um pequeno sorriso surge em meu rosto.

— Bom,Zaid,uma mulher fica grávida quando ela faz sexo e...

— Eu não me refiro a isso,Nayara - ele me interrompe. — Mas você me disse que tomava anticoncepcional.

— Eu tomo...tomava - respiro fundo — Mas falhou. - minhas voz falha.

— Falhou? - murmura ele. Sua expressão é de completa confusão. Levanto os ombros.

— Quando fomos para o Brasil, eu acabei confundido  os fusos horários. Eu achei que estava protegida, mas eu não estava. - sussurro.

Olho para os dedos das minhas mãos. Uma parte de mim estava feliz com o fato de dentro de mim estar crescendo um filho de Zaid. Entretanto,uma outra parte,a maior delas,estava apavorada.
— Achismo nunca é a solução, Nayara - ele rosna. Seu tom de voz é um tanto rígido, o que faz minha cabeça latejar. Ergo o olhar para ele e estreito os olhos. O fato de Zaid não me chamar por,habibi,me deixa um tanto quanto magoada. Contudo, também mostra o quanto ele está zangado...zangado?

— Eu não fiz esse filho sozinha - digo e tento controlar a rudeza em minha voz.

— Claro que não - ele diz sarcástico.

— Então, não aja como se eu tivesse colocado  você em uma cilada. Eu precisei da sua participação para isso acontecer- digo. 

Sentindo meu estômago se revirar,levanto-me e me ponho de pé. Suspiro fundo e tento dar uma pouco de dignidade a minha aparência. Encaro Zaid do outro lado da cama,sua expressão é impassível. Ele aperta o telefone com tanta força que eu posso ver as pontas dos seus dedos brancos.

— Você está de quanto tempo? - ele pergunta de cabeça baixa. Fico desconcertada com a sua mudança de assunto. Passo a ponta da língua sobre meus lábios ressecados e inspiro.

— Aproximadamente seis semanas - digo num sussurro— Zaid...

— Eu não posso lidar com isso agora - murmura.

Ele joga o telefone sobre a cama e sai a passos largos do quarto,sem olhar nenhum momento para mim. Estremeço quando escuto a porta bater atrás de mim. Meus olhos lacrimejam e empurro o nó que se forma na minha garganta. Fico parada olhando o lugar onde Zaid estava até minutos atrás, contemplando o silêncio sufocante que ficou neste quarto.

Assim que eu sai da sala da doutora Elizabeth,meu mundo havia perdido um compasso. Eu suava frio e tremia da cabeça aos pés. Havia um pequeno borrão, crescendo dentro de mim. Acaricio minha barriga ainda plana.

Em meio as perguntas que surgiam em minha mente,uma rompeu a névoa dos meus pensamentos,e eu me pus a imaginar qual seria a reação de Zaid ao descobrir que seria pai. E em nenhum momento passou pela minha cabeça que ele me deixaria sozinha.

Atraída pelo SheikOnde histórias criam vida. Descubra agora