Capítulo V

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O dia amanheceu com um sol escaldante. Mariana vestiu-se descendo com suas botas de montaria. Acácia colocava a mesa do café, quando a viu abaixou a cabeça.

- Serviçal onde estão seus senhores? - Perguntou arrogante sem encarar Acácia.

- Ainda não desceram senhora - Respondeu timidamente, saindo em seguida.
Mariana sentou-se para tomar café e foi surpreendida por Álvaro que juntou-se a ela na mesa sem a presença de Eleonor.

- Bom dia primo! - Cumprimentou sorrindo.

- Bom dia. - Respondeu secamente.

- Eleonor não se juntará a nós para o café? - Questionou curiosa.

- Minha esposa não está se sentindo muito bem, amanheceu vomitando muito, coisas de gravidez. - Explicou.

- Realmente uma pena. Quando iremos cavalgar?

- Assim que terminarmos o café. - Falou. Ambos permaneceram à mesa, saboreando o café sem trocarem mais nenhuma palavra.
Assim que terminaram o café, foram até o estábulo, onde Rene já tinha selado dois dos cavalos prediletos de Álvaro. Rene auxiliou Mariana a subir no cavalo e logo depois ela e Álvaro seguiram cavalgando.

Os campos estavam muito verdes, com vastas plantações. Seguiram enquanto Álvaro explicava tudo que havia feito desde que se tornou proprietário da fazenda.
Mariana o ouvia atentamente, mesmo quando ela era a dona, nunca se importou com o que plantavam ou não, para ela a fazenda servia somente de refúgio para seus encontros com o primo.

Depois de horas cavalgando, eles pararam no rio que banhava o lado leste da fazenda. O lugar estava exatamente como se lembrava, a árvore centenária que ficava as margens e que serviu de sombra para seus pique-niques apaixonados. Ela olhava tudo com certo saudosismo.

- O que acha de um banho? Daqueles que costumávamos tomar. - Disse sorrindo.
- Creio que não seja boa ideia Mariana. Eleonor não está bem e preciso ficar por perto. -Respondeu calmamente.

- Álvaro acha realmente que sou idiota? Você está esquivando-se de mim? Acha que permitirei que me ignore? - Seus olhos brilhavam de ódio, sua voz ficava mais alta.
Álvaro percebeu que estava agindo de maneira errada, a pior coisa seria alimentar o ódio de Mariana, então desceu do cavalo e estendeu a mão para que ela descesse.

- Quando você decidiu matar seu marido, por acaso me ouviu? Pedi tantas vezes que o matasse de uma vez só e ao invés disso, você decidiu matá-lo aos poucos me privando de possuí-la mais vezes. Então agora não me recrimine, não julgue minhas atitudes - Ele falava segurando com força seu queixo, deixando transparecer a raiva que tanto guardava dentro de si.

Mariana observava Álvaro falando de seus ressentimentos e isso a deixou contente, isso provava a ela que ele ainda a amava. Poderia sim, estar empolgado com a ideia de ser pai, mas o amor que sentia era nítido e isso bastou para que ela sorrisse.

- Álvaro me beije - pediu enquanto ele ainda segurava seu queixo e olhava em seus olhos. Ele não pensou duas vezes e a tomou em seus braços de um jeito mais violento, como de costume entre eles. O desejo pelo corpo da prima, fez com que Álvaro se esquecesse de todo o resto, ele só queria suprir suas vontades, que queimavam sua alma em busca da intensidade que só Mariana proporcionava.
Eles se deitaram na grama e consumaram seus desejos ardentes.
Algum tempo depois, Mariana se aconchegou no peito de Álvaro o acariciando com as mãos.
- Já decidiu como se livrará de Eleonor? - Perguntou sorrateiramente.

- Farei o mesmo que você fez, mas antes preciso aguardar que ela tenha meu filho, preciso de um herdeiro. – Essa resposta fez Mariana sorrir de satisfação.

- Não o deixarei sozinho, permanecerei do seu lado até que consigamos concluir o plano.

- Acha mesmo que isso seja uma boa ideia? Imagine só se alguém desconfiar de algo. - Explicou tentando persuadi-la.

- De jeito nenhum, não vou perder isso. Planejamos tudo, não seria justo deixar de acompanhar a melhor parte. - Álvaro entendeu que não conseguiria se livrar de Mariana, mas teria que ficar de olho em todos os passos dela.

- Precisamos voltar, está quase na hora do almoço. - Disse levantando-se e a auxiliando a levantar e subir no cavalo.
Seguiram cavalgando até a casa grande.
Assim que entraram o médico estava na sala da casa despedindo-se de Eleonor que estava pálida.

- Doutor? - Perguntou surpreso.

- Senhor Álvaro. - Respondeu o médico apertando a mão de dele.

- O que houve?

- Sua senhora passou mal e Acácia foi ao meu consultório. - Explicou o médico.

- Eleonor desculpe, resolvi mostrar toda a fazenda para Mariana e demorei demais. - Desculpou-se Álvaro abraçando a esposa.

- Não se preocupe senhor, sua esposa já está melhor, enjoos são normais durante a gravidez. Principalmente enjoos matinais, mas mesmo assim precisa força-la a comer algo.

- Fique tranquilo doutor, farei com que ela se alimente bem. - Respondeu Álvaro preocupado.

Mariana olhou para ele que tentou disfarçar, desvencilhando o olhar, para que Eleonor não visse e desconfiasse de algo entre eles.

- Estou à disposição se acaso precisarem de algo. - Disse o médico se despedindo.

Eleonor encostou a cabeça no ombro do marido que a olhou com ternura, fazendo com que Mariana o fuzilasse com os olhos. Ele não deu importância e resolveu acompanhar sua esposa até o quarto. Subiram as escadas vagarosamente, enquanto Mariana observava o casal, com ódio. Assim que chegaram ao quarto, Álvaro ajudou a esposa a se deitar na cama.

- Está sentindo-se melhor meu amor? - Perguntou a esposa.

- Bem melhor com meu marido aqui perto de mim. - Respondeu de forma carinhosa. - Ele então sentou-se ao seu lado e pegou sua mão.

- Cuidarei de você e de nosso filho, fique tranquila - Disse na intenção de acalmá-la.

- Tenho plena certeza disso querido e agradeço imensamente, por cuidar de nós com tanto carinho - Respondeu enquanto ele se deitava ao lado dela na cama.
Ele então a colocou em seu peito e começou a acariciar seus cabelos soltos e assim ela adormeceu e ele foi para o escritório fumar charuto e pensar, mas ao entrar em seu escritório viu que Mariana o aguardava sentado em sua poltrona confortável.
Ele só queria paz, mas com Mariana por perto é o que menos teria.

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