Capítulo XIV

321 41 5
                                    


Eleonor sentia-se melhor a noite, desceu as escadas. Na casa o silêncio era absoluto. Ela andou pelo corredor sorrateiramente, abriu a porta do quarto que Alvaro dormia, na intenção de apenas observá-lo, mas ficou pálida ao dar de cara com Mariana deitada envolta nos braços de Alvaro.

Seu coração acelerou tanto, que pensou que fosse morrer, faltava-lhe o ar. Desceu as escadas, se amparando no corrimão. Foi até a cozinha e tomou um copo de água, para recuperar-se. Quando foi voltar para o quarto, sentiu uma vontade súbita de tocar sua música predileta, Minute Waltz de Chopin, no piano branco que ficava no centro da sala. 

Começou a tocar. Fechou os olhos sentindo a música tomar conta de sua alma, cada nota que tocava, eram como afagos em seu corpo que acompanhava o som involuntariamente.

Alguns minutos depois, enquanto ainda tocava, sentiu alguém a tocar o ombro e assustada parou de tocar e se virou, num único impulso.

- Alvaro!

- Faz tempo que não a ouvia tocar. E se bem me lembro, só tocava quando estava muito triste. - Constatou Alvaro, olhando diretamente em seus olhos.

Eleonor baixou o rosto, desviando seus olhos e tentou respirar fundo. levantou-se sem responder nada e subiu as escadas, indo para seu quarto e deixando seu marido sozinho. Ela tentava não discutir mais,  do que iria adiantar jogar na cara dele o caso que estava tendo com a prima? O que adiantaria dizer que isso a magoava tanto que sentia seu peito despedaçar. Bebeu toda a água do copo, sem fazer ideia de que fazendo isso, ficaria ainda pior do que estava e foi dormir.


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


O dia amanheceu chuvoso, Todos já tinham se levantado, Diná como sempre, subiu com a bandeja do café para o quarto de Eleonor. Entrou no quarto, abriu as cortinas e tentou acordar a patroa. Colocou a mão em Eleonor que queimava em febre e delirava, dizendo coisas sem sentido. 

Diná desceu as escadas apressadamente e adentrou o escritório de Alvaro desesperada.

- Senhor! - Gritou esbaforida.

- O que foi? Entra desse jeito e nem bate na porta - Alvaro chamou-lhe atenção. - Fala logo!

- A senhora Eleonor está muito mal, o senhor precisa ir vê-la.

Alvaro sentiu um aperto no peito, e subiu correndo para o quarto da esposa, ordenando que Diná mandasse chamar o médico.

Ele abriu a porta e se aproximou da cama, vendo sua esposa delirar. Pegou as mãos de Eleonor e beijou carinhosamente, colocou a mão na testa e constatou que Eleonor ardia em febre.  Alvaro tentava acordá-la mas, não tendo sucesso, desesperou-se. Passava as mãos por sua cabeça, enquanto chorava como criança. Mariana ouvindo o choro se aproximou.

- Meu Deus! O que está acontecendo aqui? Ela morreu? - Perguntou querendo disfarçar a satisfação que sentia internamente.

- Não. Ela está delirando. Esse médico não chega -  dizia a Mariana sem a encarar. - Peça que Acácia traga panos molhados.

O Diário de EleonorOnde histórias criam vida. Descubra agora