Capítulo XI

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Assim que Eleonor sentiu-se melhor, Álvaro a acompanhou até seu quarto.
Sua mãe Helena fez questão de explicar aos convidados da festa um a um a ausência da filha, dizendo que sua gravidez estava adiantada e por isso, sentira-se mal.
A festa percorreu mesmo sem Eleonor que após adormecer, Álvaro a deixou sozinha, retornando para juntos de seus convidados.
Mariana vendo que todos estavam envolvidos na festa, subiu pé a pé pelas escadas, rumo ao quarto de Eleonor. Assim que abriu a porta, verificou, que não estava sendo seguida e entrou fechando a porta atrás de si. Viu o copo com água, deixado para Eleonor ao lado de sua cama.
Mariana então pegou o frasco marrom dentro do corpete e pingou algumas gotas dentro da água.
Seu semblante era de pura felicidade, estava empolgada em acabar com a vida da infeliz que lhe havia roubado o amor de seu primo. Que pertencia a ele durante tantos anos. O líquido teria efeito mortal, se não fosse para a mãe e filho, pelo menos para o filho.
Mariana sabia que se Eleonor perdesse a criança, seu primo não teria tantos cuidados com Eleonor. E ninguém desconfiaria dela, até porque, ela estava fingindo bem ao se envolver com Leonardo. O remédio demoraria cerca de vinte e quatro horas para agir como deveria. Eleonor sentiria fortes cólicas e começaria a sangrar. Pareceria um aborto natural.

Dois dias antes

Mariana chegou a viela próxima de onde cresceu e bateu em uma casa muito simples, porém cheia de plantas.
Uma senhora de setenta e nove anos, foi caminhando até o portão, com certa dificuldade. Em sua perna esquerda podia se ver grandes feridas provocadas por problemas circulatórios.
Assim que ela viu Mariana sorriu contente. Abriu o portão e a abraçou de maneira saudosa e carinhosa.
- Filha. Quanto tempo! - Seus olhos estavam molhados por uma saudade enorme.
- Oi vovó. Como a senhora está? - Mariana perguntou sendo recíproca no abraço fraterno.
- Estou bem filha. Mas vamos, entre. - Convidou a avó, fazendo sinal para que Mariana entrasse, enquanto ela fechava o portão.
Assim que Leodete e Mariana entraram na cozinha da casa. Sentaram-se para colocar a conversa em dia.
- Você está tão bonita! - Leodete dizia animada, reparando na neta.
- Obrigada vovó. Estou me cuidando. Não é fácil viu, mas estou conseguindo. - Dizia toda cheia de si, passando as mãos pelos longos cabelos. - Vovó preciso de uma remedinho daqueles especiais. Aqueles que a senhora costuma fazer de ervas do quintal. - Pediu Mariana, sorrateiramente.
- E que tipo de remedinho você precisa filha? - Questionou Leodete.
- Tenho uma amiga que deu um passo em falso e acabou engravidando. A família dela é tradicional demais. E ela está desesperada vovó. Preciso ajudá-la. - Mariana falava de modo sentimental, convencendo a avó que dizia a verdade e que só estaria ajudando uma amiga a se livrar de um problema.
- Vou lhe servir um pedaço de bolo de fuga e um café fresquinho e enquanto você lancha eu preparo o remédio, para que leve a sua amiga. - Respondeu a avó toda feliz em ser útil a neta.
Preparou um café fresco, no fogão a lenha, e serviu-lhe juntamente com um pedaço de bolo feito no dia.
Mariana comia sentindo saudades da época que só precisava se preocupar em brincar no quintal da avó e não precisava se preocupar com as usurpadoras que apareciam em seu caminho. Querendo arrancar-lhe seus pretendentes.
Dona Leodete terminou de preparar o remédio, colocou em um pequeno frasco e alertou a neta. - Mariana, não poderá colocar mais que cinco gotas, ou corremos o risco de perder a mãe e o bebê ao mesmo tempo.
Mariana sorriu internamente. Tudo que ela queria, era acabar de vez com Eleonor e aquele criança infeliz que teimava em vir ao mundo. Mas se dependesse dela o inferno receberia duas almas, logo.
Ela agradeceu a avó, prometendo lhe visitar mais vezes, deu-lhe algum dinheiro para se cuidar melhor e saiu.

De volta.

Mariana saiu do quarto de Eleonor, desceu as escadas com todo cuidado e foi até o banheiro próximo ao salão que acontecia a festa.
Leonardo a procurava discretamente e a viu sair do banheiro. Abriu um largo sorriso e aproximou-se dela.
- Estava procurando-lhe.
- Desculpe-me querido, estava retocando a maquiagem. O que eu perdi? - Perguntou disfarçando.
- Nada, mas queria que pudéssemos dançar um pouco. O que acha? - Perguntou Leonardo levando a mão de Mariana a boca, para beijar-lhe.
- Seria uma honra acompanhá-lo senhor. - Mariana sorriu fingindo muito bem e fazendo se pretendente acreditar que ela aceitava de bom grado a corte que a fazia.
Leonardo estava cada dia mais apaixonado por Mariana. Ele estava fascinado por esta mulher misteriosa e inteligente, que sabia exatamente o que dizer e como se comportar. Seria uma ótima esposa a um advogado e fazendeiro como ele.
Em seu bolso ele guardava o anel de brilhantes que comprara para pedir a mão dela,l. Só aguardava o melhor momento. Sabia que por Mariana ser viúva, não precisava demorar na corte a ela. Poderia se declarar e pedir-lhe a mão o quanto antes. E era o que pretendia.
Ambos dançaram sendo notados por todos que os olhavam comentando como faziam um casal bonito.
Assim que a valsa terminou, Leonardo beijou a mão de Mariana e a depositou entrelaçado a seu braço, fazendo-na acompanhá-lo até o escritório de seu amigo Álvaro, onde o mesmo os aguardavam sabendo dos planos de Leonardo e fazendo gosto.
Assim que adentraram o escritório, Leonardo ajoelhou-se de frente a prima de Álvaro e mostrou-lhe a jóia, pedindo que ela o aceitasse como noivo, tendo como testemunha Leonardo, que sorriu satisfeito.
Mariana sentindo o sangue ferver dentro de si, não pode fazer outra coisa a não ser aceitar sorrindo e fingindo satisfação e paixão, não podia deixar que seu primo desconfiasse dela, ao ver Eleonor passar mal.
- Leonardo, que felicidade! Nunca imaginei que poderia amar alguém novamente, muito menos casar-me com alguém tão distinto quanto o senhor. Ainda mais sendo eu uma viúva. - Dizia Mariana fingindo emoção e convencendo até o próprio primo que sentiu-se aliviado.
- Parabéns meu amigo. É para fazer minha prima feliz hein! - Disse Álvaro satisfeito ao amigo que o abraçou carinhosamente e muito feliz.
- Eu prometo que a farei feliz, meu amigo.
- Prima, que vocês sejam tão felizes como eu e Eleonor somos. - Concluiu Álvaro, abraçando a prima.
- É tudo que mais quero primo. Que todos nós sejamos felizes. Chegou a hora de cortarmos vínculos do passado e olharnos para frente. - Respondeu fazendo Álvaro entender que ela falava do relacionamento extinto deles.
Álvaro sorriu contente e todos os três brindaram a felicidade dos noivos.


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