Eleonor se sentia muito fraca, mas Mariana decidiu fingir compaixão para que Álvaro começasse a confiar nela. Logo cedo bateu na porta do quarto do casal.
- Bom dia priminha! - Cumprimentou falsamente, com sorriso no rosto.
- Bom dia Mariana. Aconteceu algo? - Perguntou Eleonor, estranhando a presença de Mariana em seu quarto.
- Vim para ajudá-la a ficar bem. - Disse abrindo a porta - Pode entrar Acácia.
Eleonor ficou surpresa ao ver o excesso de liberdade da prima de seu marido. Não era acostumada a receber empregados ou qualquer outra pessoa em seu quarto.- Acácia pode deixar aí na mesa - Ordenou Mariana.
Acácia tinha consigo uma bandeja farta, que Mariana pessoalmente fez questão de escolher cada alimento colocado.- Pode sair. - Ordeno Mariana a serviçal, que saiu em seguida.
- Prima venha comigo - Disse Mariana auxiliando Eleonor a levantar-se da cama e a levando até a pequena mesa no quarto. Assim que Eleonor sentou, Mariana a fez comer mesmo a contragosto. Depois penteou a prima com delicadeza.
Álvaro entrou no quarto para ver se a esposa estava melhor e quando viu Mariana penteando Eleonor, ficou surpreso.- Mariana! O que faz aqui no quarto? - Perguntou contrariado.
- Vim fazer Eleonor comer e já aproveitei para penteá-la, espero que não se zangue primo. - Disse olhando diretamente para Eleonor que sorriu.
- Não sei Mariana, minha esposa não está acostumada a ter pessoas de fora dentro de seus aposentos.
- Primo creio que Eleonor não está desconfortável com minha presença, a trato como uma irmã que nunca tive, quero garantir que ela se alimente, para que o bebê nasça bem e com saúde. - Mariana dizia mexendo nos cabelos de Eleonor que olhava para baixo.
- Eleonor minha querida, quer ficar sozinha? - Perguntou Álvaro se ajoelhando de frente a ela que o encarou.
- Estou bem, fico feliz de Mariana se preocupar comigo - Falou educadamente.
- Primo, não se preocupe. Eleonor está sendo bem cuidada. Sinto-me feliz em poder ajudar. Álvaro estava cada vez mais preocupado com a audácia de Mariana, mas estava de mãos atadas.
- Eleonor, pelas minhas contas, seus pais chegarão amanhã, precisamos começar a pensar no baile. Faltam cinco dias e todos os convidados foram avisados. - Disse Álvaro.
Mariana ouvia tudo com a raiva atravessada na garganta, sua vontade era abrir o jogo e dizer logo a Eleonor que seu casamento foi feito através de vingança, elaborado por ela e Álvaro, mas segurou a raiva e sorriu.- Teremos um baile? Podíamos fazer um baile de máscaras, o que acha Eleonor? - Perguntou Mariana.
- Acho uma ótima ideia. - Eleonor respondeu sorrindo satisfeita.
Por mais que Álvaro tenha gostado da ideia já tinha enviado os convites.- Não sei não, já enviamos os convites e não avisamos que seria baile de máscaras.
- Posso resolver isso, diga-me quantos convidados serão e eu viajo para a capital e compro máscaras e distribuiremos aos convidados na entrada. - Disse Mariana.
- Se você se disponibiliza prima, faço questão de pagar por isso. Poderá viajar pela manhã. Serão vinte convidados vindos da capital e mais uns vinte das redondezas, mas poderá comprar cinquenta máscaras, antes sobrar que faltar. Vamos ao escritório e te dou a lista completa de convidados e poderá ver a quantidade de homens e mulheres - concluiu Álvaro.
Eles saíram deixando Eleonor sozinha no quarto. Ela correu até a porta e passou a chave para ter mais privacidade, quando Mariana invadiu seu quarto mais cedo ela estava escrevendo em seu diário e teve que escondê-lo debaixo do travesseiro às pressas. Foi até a cama e pegou o diário, então sentou-se à mesa e continuou escrevendo.
"Algo na prima de Álvaro, provoca-me arrepios. Não sei porque, mas não confio nela. Seus olhos refletem uma escuridão, uma frieza que seus lábios ao sorrirem tentam dissipar sem êxito. Percebi que Álvaro sente-se desconfortável com a presença dela. Não a olha nos olhos e sempre faz questão de manter-me longe dela.
Eu a observo quando está próxima dele, muitas vezes fica olhando furtivamente para ele, que desvencilha o olhar. Sinto que ela o deseja, será que estou ficando louca? Será que eram amantes, mesmo sendo primos e tão próximos? Não estranharia que alguém se apaixonasse por meu marido, ele é bonito, inteligente e tem se mostrado tão doce comigo, mas sua prima deveria respeitar agora que estamos casados.
Tenho vontade de falar sobre isso com meu marido, mas tenho medo de parecer louca.
Mesmo não tendo certeza, vou ficar de olho nela."Enquanto Eleonor estava no quarto com seu diário, Mariana e Álvaro conversavam no escritório.
- Mariana escute bem, não quero que entre no quarto de minha esposa, entendeu bem? - Álvaro dizia com raiva pegando nos braços de Mariana que sorria ironicamente.
- Do que tem medo priminho? - Ela falava sorrindo, olhando em seus olhos.
- Não brinca comigo Mariana, estou lhe avisando.- Me solte! - Disse desvencilhando-se das mãos de Álvaro.
- Eu sei bem do que é capaz Mariana e não deixarei que faça nada contra meu filho! - Álvaro esbravejou batendo na mesa. Mariana então se aproximou devagar enquanto Álvaro sentava na cadeira. Ela curvou-se em sua direção e ficando a centímetros de distância dele continuou falando baixinho.
- Você realmente acha que me engana Álvaro? Quando essa criança nascer, eu vou me livrar dessa sonsa. Você querendo ou não e se tentar me deter eu mato seu filho também.
- Você enlouqueceu mesmo Mariana. Se tocar no meu filho, eu mesmo te mato e nunca ninguém ficará sabendo. - Retrucou.
- Eu se fosse você, não teria tanta certeza disso, priminho. Ao contrário de você, não tenho nada a perder.
- Você está louca. Tome essa lista, a conversa termina aqui. - Disse Álvaro jogando a lista na mesa e saindo do escritório. Mariana respirava fundo, tentando pensar em algo que pudesse usar a seu favor. Roía as unhas de ódio e ansiedade enquanto andava de um lado para o outro. "Ele não vai me descartar, a não vai mesmo." - Dizia a si mesma. Álvaro subiu para ver Eleonor e quando tocou na maçaneta da porta e girou, percebeu que estava trancada. Eleonor correu para abrir e olhou para o marido envergonhada.
- Desculpe, só queria um pouco de privacidade para trocar-me.
- De agora em diante, faça isso sempre. Não gosto da proximidade de minha prima com você. Ela é viúva e seu comportamento não tem sido dos melhores. - Concluiu Álvaro.
- Sim senhor -Concordou Eleonor sem dizer ao marido o que pensava sobre sua prima. Ele seaproximou e a abraçou, fazendo com que ela se sentisse protegida e amada.e.co�2�:���

VOCÊ ESTÁ LENDO
O Diário de Eleonor
SpiritualEleonor é filha única de um casal da alta sociedade de São Paulo e casa-se com Alvaro, um homem que guarda vários segredos sobre sua vida, inclusive um caso tórrido com sua prima Mariana. Este casamento os levarão ao extremo. Eleonor no pior momento...